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2017 foi o ano mais mortal para ambientalistas no mundo

Ao todo, 207 ativistas foram assassinados no ano passado; Brasil lidera lista de países mais perigosos

 (Felix Renaud/Thinkstock)

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Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 26 de julho de 2018 às 15h12.

Última atualização em 26 de julho de 2018 às 15h39.

São Paulo - Historicamente, ambientalistas são alvo de ataques por suas ações em defesa da natureza, dos direitos dos povos tradicionais e por denunciarem injustiças no campo. Mas a violência está escalando: globalmente, pelo menos 207 ativistas foram mortos por defender suas terras, florestas e rios em 2017, o ano mais mortal para ambientalistas.

Em relação a 2016, quando 200 ativistas foram mortos, sete a mais foram assassinados no ano passado. Os números são do novo relatório da ONG Global Witness, divulgado nesta semana.

Segundo a Global Witness, o assassinato é apenas o exemplo mais notório de uma série de táticas usadas para silenciar os defensores da terra e do meio ambiente, incluindo ameaças de morte, prisões, agressões sexuais e ataques judiciais, não raro respaldados pelo poder público.

Eles incluem o assassinato de Hernán Bedoya na Colômbia, baleado 14 vezes por um grupo paramilitar por protestar contra plantações de óleo de palma e de banana em terras roubadas de sua comunidade e o massacre pelo exército nas Filipinas de oito aldeões que se opuseram a uma plantação de café em suas terras.

Menos indígenas foram mortos em 2017 (25% do total, ante 40% em 2016). No entanto, considerando que os grupos indígenas representam apenas 5% da população mundial, eles continuam muito representativos entre os defensores mortos.

E não são apenas assassinatos que preocupam, destaca o relatório: em um dos ataques mais brutais, ocorrido no Brasil, indígenas Gamela foram agredidos com facões e rifles por fazendeiros no Maranhão, confronto que deixou 22 deles gravemente feridos, alguns com as mãos decepadas. No México, 13 dos 15 defensores mortos no ano passado eram indígenas.

Países mais mortíferos

Seis em cada dez assassinatos registrados em 2017 ocorreram na América Latina. O Brasil foi mais uma vez o país mais mortal em termos absolutos, com 57 assassinatos.

O México e o Peru viram um salto nos assassinatos, de três para 15 e de dois para oito, respectivamente. A Nicarágua foi o pior país em termos per capita, com 4 assassinatos.

A maior parte das vítimas protestava contra atividades ligadas a empreendimentos do agronegócio, mineração e exploração madeireira.

Defender os parques nacionais e enfrentar caçadores ilegais também está mais perigoso do que nunca, particularmente na África, onde um recorde de 23 pessoas foram assassinadas por se posicionarem contra o comércio ilegal de animais selvagens — quase todas guardas florestais.

A Global Witness associou 53 dos assassinatos do ano passado a forças de segurança governamentais, e 90 a atores não estatais, como gangues criminosas.

A entidade destaca, ainda, que para cada assassinato documentado, há outros que não podem ser verificados ou não são declarados. Muitos ativistas assassinados vivem em aldeias remotas, dentro das florestas tropicais ou de montanhas.

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Outro lado
Em nota enviada à imprensa, a Secretaria Especial de Comunicação Social do governo brasileiro rechaçou as alegações do relatório da Global Witness, dizendo que o documento "apresenta dados equivocados,
inflados, frágeis e metodologia duvidosa". 

Segundo a Secretaria, algumas mortes atribuídas por investigação policial ao tráfico de drogas, por exemplo, foram transformadas em resultado de conflito agrário.

Além disso, a nota ressalta que o "agronegócio é responsável por grande parte da geração de emprego e renda no país. Eventuais crimes são localizados e não se pode generalizar acusações a todos agricultores brasileiros, sem fundamento". 

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