Foto de homem subnutrido na Síria: os medicamentos também são escassos em Madaya (Syrian Observatory For Human Rights)
Da Redação
Publicado em 8 de janeiro de 2016 às 08h06.
Devido à grave crise de recursos na cidade de Madaya, na Síria, que está cercada por tropas do governo de Bashar al Assad, há moradores que estão comendo folhas de árvores, denunciou nesta quinta-feira à Agência Efe o ativista sírio Nasir Ibrahim, que está no município.
Em conversa pela internet, Ibrahim afirmou que os mais afortunados compram arroz com dinheiro enviado por familiares que vivem no exterior em postos de controle governamentais nos arredores de Madaya. A cidade, próxima da fronteira com o Líbano, está sitiada desde julho.
Segundo o ativista, o quilo do arroz pode custar US$ 200 nesses postos, e o leite em pó é outro bem "de luxo" pelo qual é preciso pagar US$ 400.
Dentro da cidade, os civis suportam o melhor que podem as baixas temperaturas de inverno, pois falta combustível para calefação, e os moradores tentam se aquecer queimando as madeiras que encontram.
Por sorte, "há água porque a cidade está coberta de neve", disse o ativista. Segundo ele, remédios também são escassos em Madaya, onde só há um hospital de campanha "com muito poucos instrumentos e recursos".
Ibrahim acrescentou que 39 pessoas morreram na cidade desde o início do cerco, sendo "20 de fome e as outras tentando fugir dela".
O governo sírio aprovou hoje a entrada de ajuda humanitária da ONU a Madaya, onde há 42 mil pessoas que correm o risco de morrer de fome, de acordo com a organização.
Por sua vez, a ONG Médicos Sem Fronteiras denunciou em comunicado que desde a última distribuição de comida, em 18 de outubro, o cerco se intensificou em Madaya. Segundo a entidade, 23 pessoas morreram de fome, seis delas bebês de menos de um ano.
Outra ONG, a Save the Children, também se uniu hoje aos apelos de ajuda para Madaya e advertiu que "mais menores morrerão nos próximos dias e semanas a menos que seja distribuída imediatamente na cidade assistência vital como remédios, combustíveis e comida".
Em comunicado, o grupo disse que 31 pessoas morreram nessa cidade por desnutrição em dezembro, de acordo com informações de voluntários.
Texto atualizado às 9h06.