Peregrinos se reúnem no Monte Arafat para participar de um dos rituais do Hajj (Mohammed al-Shaikh/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2014 às 17h01.
Monte Arafat - Quase dois milhões de fiéis se reuniram nesta sexta-feira para um dia de orações no monte Arafat, ponto alto do Hajj, a peregrinação a Meca.
"Eu me sinto como um recém-nascido, livre de todo pecado", explica o nigeriano Taofik Odunewu.
O peregrino, cujo país está de luto por uma onda de violência atribuída ao grupo jihadista Boko Haram, afirma "rezar pela prosperidade" e pela Nigéria.
Ao amanhecer, os peregrinos iniciaram a caminhada para o monte Arafat, também chamado de "Jebal al-Rahma" (Monte da Misericórdia), símbolo da espera do Julgamento Final.
"Aqui estou, oh Deus", repetiam os peregrinos, que caminhavam lentamente a partir do vale de Mina, a uma distância de seis quilômetros e cenário do início da peregrinação na quinta-feira.
Alguns se deslocavam com maletas e objetos pessoais, os mais velhos de cadeira de roda, antes de passar o dia na cidade em barracas da cor branca.
As autoridades sauditas, que mobilizaram 85.000 agentes de segurança, afirmaram que a peregrinação, um dos cinco pilares do islã que todo muçulmano deve cumprir uma vez na vida caso tenha recursos, acontece sem incidentes, apesar da presença de 1,3 milhão de peregrinos do exterior.
Alguns fiéis se apressaram para tentar chegar ao tipo do Jebal al-Rahma, um pequeno monte pedregoso de apenas 60 metros de altura que domina a planície de Arafat.
Alguns peregrinos rezavam e chorava, enquanto outros, sentados, recitavam versículos do Alcorão.
"Alguns fiéis acreditam ter a obrigação de subir o monte, apesar de não ser necessário. Mas tudo corre bem", afirmou o soldado Ali al-Shemmari.
As autoridades organizavam o fluxo de peregrinos.
"Passem por ali. Não pare, bloqueia o tráfego", repetiam policiais em alto-falantes.
De acordo com o canal de televisão estatal, as autoridades rejeitaram a entrada de 253.000 peregrinos que desejavam viajar a Meca sem permissão para o Hajj.
A peregrinação, que acaba na próxima semana, está cercada por medidas de segurança rígidas para proteger os participantes de dois vírus mortais, o Ebola e o coronavírus MERS, que matou mais de 300 pessoas na Arábia Saudita.
Este ano também acontece em um momento de tensão no Oriente Médio, com o conflito contra os jihadistas do grupo extremista Estado Islâmico.
Ao meio dia, os peregrinos participaram em uma oração coletiva na mesquita Namera, construída no local onde, segundo a tradição, Maomé pronunciou seu último sermão, há mais de 14 séculos.
Ao entardecer, os peregrinos devem seguir até o vale de Mouzdalifa, a alguns quilômetros de distância, para passar a noite.
No local eles devem recolher pedras para o ritual de apedrejamento de Satã no vale de Mina, no sábado, no primeiro dia do Aid, a festa do sacrifício.
Durante a tradicional oração da festividade, o grande mufti da Arábia Saudita, xeque Abdel Aziz Al Sheikh, pediu aos dirigentes muçulmanos que "golpeiem com mão de ferro" os jihadistas do Estado Islâmico (EI), mesmo se citar o grupo explicitamente.
"Sua religião está ameaçada, sua segurança está ameaças", declarou o grande mufti ao falar aos fieis que participaram nesta terça-feira na tradicional oração do Hajj no monte monte Arafat, perto de Meca.
"É preciso golpear com mão de ferro todos os inimigos do Islã, que praticam estupros, derramam sangue e saqueiam", acrescentou dirigindo-se aos dirigentes do mundo muçulmano.
"Esses crimes atrozes são terrorismo", denunciou o grande mufti em um alusão aos jihadistas do Estado Islâmico.
"O pior é que cometem essas injustiças em nome da Jihad e do Islã", disse ainda.
"Não têm nada a ver com a Jihad e o Islã. São tiranos".
Ele denunciou ainda um desvio de ideologia.