Papa Francisco: bispado de Rancagua afirmou que os antecedentes (Tony Gentile/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de maio de 2018 às 10h03.
Última atualização em 23 de maio de 2018 às 10h09.
O bispado da cidade chilena de Rancagua anunciou nesta terça-feira (22) a suspensão de 14 sacerdotes envolvidos em um escândalo provocado por condutas sexuais impróprias, após serem denunciados por uma paroquiana.
"Foram restringidos de seu ministério sacerdotal 14 sacerdotes (...) Estes incorreram em ações que podem constituir crimes tanto no âmbito civil, como no canônico", indicou um comunicado do bispado de Rancagua, no centro do Chile.
Esses religiosos teriam formado um grupo que chamavam "a família", no qual teriam incorrido em condutas sexuais inapropriadas além de possíveis abusos de jovens e menores de idade, segundo denunciou Elisa Fernández, uma fiel que revelou esses atos em uma reportagem divulgada na semana passada pelo canal 13.
As revelações de Fernández foram confirmadas ao canal 13 por um padre, que denunciou a formação de uma "confraria", há dez anos, que realizava atos sexuais "sem fazer distinção entre maiores e menores de idade".
"Tinham muitos contatos com menores de idade" na "relação com as paróquias", declarou o padre, que pediu para não ser identificado.
As denúncias são "inaceitáveis e repudiáveis", e esperamos "responder adequadamente", declarou monsenhor Fernando Ramos, secretário-geral da Conferência Episcopal do Chile.
Estes fatos "são da máxima gravidade, especialmente diante do voto de confiança que existe na relação de um fiel com seu padre ou seu bispo", disse Cecilia Pérez, porta-voz do governo chileno.
O bispado de Rancagua explicou que embora não contem "com antecedentes de que as ações dos sacerdotes suspensos sejam constitutivas de crimes do ponto de vista jurídico", confirmou que foi apresentada uma denúncia ante a Procuradoria da região para que seja realizada uma investigação.
"No aspecto canônico, já foram enviados à Santa Sé todos os antecedentes dos quais dispomos", acrescentou a nota.
O bispo de Rancagua, Alejandro Goic, admitiu ter recebido estas denúncias anteriormente, e pediu desculpas por não agir com "a agilidade adequada".
O bispado de Rancagua lamentou os feitos denunciados e pediu à comunidade que forneça informações sobre este novo escândalo que envolve a Igreja chilena, já afetada por denúncias de encobrimentos por abusos sexuais que levaram 34 bispos chilenos a apresentar sua renúncia ante o papa Francisco no Vaticano na semana passada.
"Não vamos recuperar a confiança de um dia para o outro", afirmou Santiago Silva, presidente da Conferência Episcopal do Chile, em entrevista coletiva nesta terça em Santiago.
A Santa Sé abriu uma profunda investigação após as denúncias contra o bispo Juan Barros, que é acusado de encobrir o influente sacerdote Fernando Karadima, banido pelo resto da vida depois de ser condenado em 2011 por abuso sexual de menores nos anos 1980 e 1990.
Desde 2000, 80 padres foram denunciados no Chile por abusos sexuais.