Yan Acioli: personal stylist vai entrar no mundo da corretagem de alto padrão (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 29 de agosto de 2024 às 09h00.
Última atualização em 30 de agosto de 2024 às 13h13.
Sabrina Sato, Juliana Paes e Claudia Leitte são algumas das celebridades que o personal stylist Yan Acioli vestiu ao longo de seus 20 anos de carreira no mundo da moda. Agora, Acioli se prepara para trazer sua marca pessoal para uma nova frente de negócios no luxo: o mercado imobiliário de alto padrão.
O desejo surgiu na pandemia, quando o stylist decidiu comprar uma casa em busca de mais espaço e qualidade de vida. A experiência decepcionou, e trouxe a vontade de fazer diferente. “Muitas vezes me deparei com gente que não ouvia o que estávamos pedindo; as experiências que eu tive foram muito triviais. Como corretor, quero trazer o glamour, o místico”, conta à EXAME em entrevista exclusiva.
O glamour, segundo Acioli, passa pela valorização do próprio corretor como uma celebridade. A inspiração vem de realities como o americano “Selling Sunset”, que mostra o dia a dia de corretores de elite competindo para satisfazer os pedidos de seus clientes. “O glamour é colocar as pessoas que fazem a ponte como estrelas. E, assim, permitir a realização de sonhos.”
O plano não é fazer uma transição de carreira completa, mas acomodar as duas funções – moda e imóveis – dentro da rotina. “Não vou abandonar a moda, vou tentar fazer tudo”, diz. Acioli pretende aproveitar a folga de agenda que a dinâmica pós-pandemia implementou na rotina de seus clientes como stylist. Isso porque algumas ações publicitárias, que antes tomavam locações de várias horas, hoje são resolvidas rapidamente pelo celular.
A carreira em contato com celebridades também pesa a favor quando o assunto é respeitar a vontade do cliente. O stylist defende que as estrelas costumam ter mais gostos e vontades do que clientes convencionais, e que pretende aproveitar sua experiência entre os artistas para entregar o nível de personalização que esse público requisita.
Sem abrir números, o empresário conta que a expectativa é tornar o negócio de corretagem responsável por, pelo menos, metade de seu faturamento. Ele pretende usar sua rede de relações para se tornar, além do personal stylist, também o corretor das estrelas. “Não tenho nada contra esse título, mas é um desafio”, brinca Acioli. “Conto com a credibilidade de saberem quem eu sou e como trabalho.”
Quando começou a flertar com esse mercado, Acioli tinha a ambição de criar uma imobiliária de luxo do zero. Fez um curso de corretagem de imóveis, mas, na sequência, esbarrou em um desafio grande: a captação de propriedades para construir um portfólio. Foi aí que entrou a parceria com a proptech Pilar, plataforma boutique voltada para o mercado de alto padrão.
O foco da Pilar é construir uma rede que dê protagonismo ao corretor de imóveis, oferecendo serviços de marketing, infraestrutura tecnológica, assessoria jurídica e comercial. O principal, no entanto, é a rede: a Pilar atua como uma espécie de comunidade onde bons imóveis estão acessíveis via parcerias.
Funciona assim: os mais de 510 corretores associados interagem e podem compartilhar os imóveis que estão nos seus portfólios. A porcentagem de quanto fica para cada um varia dependendo da negociação. O incentivo para compartilhar a cartela de propriedades, por sua vez, vem da remuneração, que é mais atrativa que o resto do mercado. A Pilar cobra de 10% a 15% de comissão dos associados, contra uma taxa de 60% a 70% praticada no mercado.
O mantra da empresa é romper com a estrutura de canibalização que impera no setor e, assim, valorizar a corretagem. “O corretor não costuma ser um profissional bem quisto. E quando alguém super bem estabelecido como o Yan toma uma decisão consciente de vir pro mundo da corretagem, mostra que não é bem assim”, defende Felipe Abramovay, CEO da Pilar.
A plataforma atua especialmente nas Zonas Oeste e Sul de São Paulo (SP), e já transaciona mais de 30% das vendas de alto luxo nos bairros de Higienópolis, Jardins e Itaim Bibi. Em 2023, a startup fechou com um VGV (Valor Geral de Vendas) de R$ 1,2 bilhão – montante mais de três vezes superior aos R$ 250 milhões registrados em 2022. Para este ano, a Pilar espera um VGV entre R$ 3 e R$ 4 bilhões.