Vista aérea de São Paulo: setor imobiliário quer desconto maior na reforma tributária (Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 18h51.
Última atualização em 22 de agosto de 2024 às 18h53.
A reforma tributária tem tirado o sono dos principais atores do mercado imobiliário, que querem um desconto maior no imposto para evitar o aumento no preço final dos imóveis – tese que é negada pelo Ministério da Fazenda.
“Estamos brigando pelo que é justo. Se não, quem perde, é o consumidor. É ele quem vai levar mais tempo para comprar o imóvel”, afirmou Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). A declaração foi dada no Abecip Summit, realizado em São Paulo, nesta quinta-feira, 22.
A proposta inicial do governo foi para que o setor de compra de imóveis e serviços de construção tivesse uma redução de 20% na alíquota de referência da reforma. Após reivindicação, o governo aumentou o desconto para 40%. Entidades e empresas do setor, no entanto, estimam que a redução ideal para o setor seria de 60%
“Estamos estudando isso há cinco anos e temos discussões muito técnicas com o governo a respeito desse número. Não queremos ter vantagem na reforma tributária. Só não queremos aumentar o preço dos imóveis por causa dela”, disse França.
A tributação deve subir mais para imóveis mais caros. Nos cálculos do grupo, os imóveis de até R$ 240 mil, que têm carga de 6%, passarão a ter de 7%. Para os que custam até R$ 500 mil, a taxa sobe de 8% para 10%. Acima de R$ 1 milhão, o total de imposto sobre o imóvel passa de 8% para 12%. Os estudos foram conduzidos por um grupo de entidades que incluem Secovi-SP, CBIC, CBCSI, Aelo, Abrainc, Fiabci-Brasil, SindusCon-SP.
O setor estima que o aumento da carga tributária pode aumentar os custos das obras e, consequentemente, os preços dos imóveis e até gerar efeitos inflacionários. A proposta de 40% foi aprovada na Câmara no início de julho e o texto agora tramita no Senado.
Em julho, o Ministério da Fazenda afirmou, em nota enviada ao Globo, que não são verídicas as análises de que a reforma vai aumentar os custos do mercado imobiliário. “Ao contrário dessas notícias falsas, a Reforma Tributária será positiva para o setor imobiliário brasileiro e não haverá nenhum aumento relevante de custos em comparação à tributação atual”.
A Fazenda diz que vendas eventuais de imóveis por pessoas físicas não serão tributadas, como já acontece hoje. Já para as vendas de imóveis novos por empresas (incorporações), a Fazenda diz que o imposto incidirá apenas sobre a diferença entre o custo de venda e o valor do terreno (no caso de aquisição de vários imóveis para construção do prédio, será deduzido todo o valor dos imóveis adquiridos para fazer a incorporação); haverá um redutor social de R$ 100 mil sobre o valor tributado; a alíquota do imposto incidente sobre esse valor reduzido será reduzida em 40%, o que corresponde a cerca de 15,9%; e que o valor do imposto calculado sobre a base reduzida será deduzido o montante de todo o imposto pago na aquisição de material de construção e serviços pela incorporadora, ao contrário do que ocorre hoje em que o imposto pago nos materiais de construção e serviços não é recuperado.
“Com esse novo modelo de tributação, sem considerar os ganhos de eficiência que resultam da Reforma Tributária, o custo de um imóvel popular novo (valor de R$ 200 mil) deverá cair cerca de 3,5% e o custo de um imóvel de alto padrão novo (valor de R$ 2 milhões) deverá subir cerca de 3,5%. Mas a Reforma Tributária deverá aumentar muito a eficiência do setor de construção e incorporação, pois ao permitir a recuperação de créditos sobre os insumos vai permitir a adoção de métodos construtivos muito mais eficientes. Com esse ganho de produtividade, é quase certo que o preço mesmo dos imóveis novos de alto padrão seja reduzido em relação à situação atual. Ou seja, o novo modelo beneficia sobretudo os imóveis populares, mas será positivo também para os imóveis de alto padrão”, afirma a Fazenda.
“Ao contrário das notícias inverídicas que estão circulando, a Reforma Tributária será positiva para o setor imobiliário brasileiro e será justa, pois tributará menos os imóveis populares que os imóveis de alto padrão”, acrescenta o texto.
*Com Agência OGlobo