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CONSTRUTORAS: empresas aguardam retomada no crédito para impulsionar setor / / (Germano Luders/Exame)
Repórter de Mercado Imobiliário
Publicado em 9 de abril de 2025 às 11h49.
Última atualização em 9 de abril de 2025 às 14h23.
O governo anunciou na semana passada a ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) com a criação de uma nova faixa de renda para famílias com renda de até R$ 12 mil por mês e imóveis de R$ 500 mil.
Analistas do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) consideram que está é uma notícia positiva para as incorporadoras de baixa renda sob cobertura do banco. Isso vale, sobretudo, para aquelas que já possuem operações no nicho da classe de média renda, como Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3).
Hoje, os compradores de imóveis nessa faixa de renda são elegíveis para as condições de financiamento no SBPE com taxa média 12,7% ao ano. Caso essa taxa passe para 10,5% ao ano pelo programa graças à nova faixa, isso significa que as novas condições de financiamento devem aumentar o poder de compra das famílias em 21%. Antes, a maior faixa do programa era a 3, que atende famílias com rendimentos que variam de R$ 4.700,01 até R$ 8 mil.
A análise do BTG Pactual também chama a atenção para o Fundo Social, a fonte adicional de recursos para a criação da nova faixa. Ele deve receber grandes fluxos de royalties de petróleo do pré-sal nos próximos anos, de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões por ano entre 2025 e 2026. Por essa razão, a equipe do banco considera que a faixa 4 deve ser sustentável.
Outra novidade aguardada é um provável aumento na elegibilidade de renda para os compradores das demais faixas.
A novidade é positiva para todas as construtoras de imóveis de baixa renda cobertas pelo BTG Pactual. Em menor grau, será positiva também para algumas empresas de médio e alto padrão que operam no nicho de média renda, como Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3).
"Em nossa cobertura, Cury e Direcional devem ser os principais beneficiários, pois têm a maior exposição a essas faixas de renda, com uma faixa de 20% a 30% de suas operações no nicho de média renda do SBPE, que pode ser substituído pela nova faixa", afirmam os analistas do banco em relatório.
Já a MRV (MRVE3) tem uma exposição menor à faixa 4, enquanto a Plano&Plano (PLPL3) e a Tenda (TEND3) estão mais focadas nas duas primeiras faixas, mas também devem se beneficiar.
Em entrevista à EXAME na véspera do anúncio da nova faixa do Minha Casa, Minha Vida, o vice-presidente Comercial e de Marketing da MRV classificou a provável mudança como um "divisor de águas".
“Há uma parcela significativa da população que não se encaixava nas faixas que existiam até então, que ainda enfrentava dificuldades para financiar um imóvel. Com o anúncio, poderemos atender um público que hoje acaba ficando refém de taxas de juro muito altas no financiamento tradicional”, disse.
Ely conta que, na MRV, 13% do estoque se enquadraria a essa nova faixa, o que permitirá um aumento na velocidade das vendas da empresa.