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O que são imóveis sub judice e quais os riscos ao adquiri-los

Termo jurídico indica que a propriedade está envolvida em disputas judiciais que podem comprometer sua posse e valor de mercado

Antes de fechar qualquer negócio, especialistas recomendam a obtenção de certidões negativas, tanto do vendedor quanto do imóvel (DenisLarkin/Thinkstock)

Antes de fechar qualquer negócio, especialistas recomendam a obtenção de certidões negativas, tanto do vendedor quanto do imóvel (DenisLarkin/Thinkstock)

Publicado em 8 de abril de 2025 às 14h30.

No Brasil, é comum encontrar boas oportunidades no mercado imobiliário que escondem armadilhas jurídicas. Um dos casos mais delicados é o dos chamados imóveis sub judice, expressão em latim que significa "sob julgamento". Trata-se de propriedades que estão vinculadas a processos judiciais em andamento, o que pode afetar diretamente a segurança da compra e a posse do bem.

Ainda que estejam disponíveis para negociação, esses imóveis carregam incertezas quanto à sua titularidade ou restrições de uso, por estarem no centro de disputas que vão desde conflitos familiares por herança até dívidas do atual proprietário. Na prática, isso significa que quem compra um imóvel nessa situação pode perder o bem caso a Justiça decida em favor de uma das partes litigantes.

A aquisição sem a devida análise jurídica prévia pode resultar em prejuízos financeiros, dificuldades para regularização e até responsabilização por débitos deixados pelo antigo dono. Mesmo imóveis com aparência de regularidade podem estar bloqueados ou com registro impedido por decisões judiciais ainda não consolidadas.

O que significa sub judice no contexto imobiliário

Um imóvel é classificado como sub judice quando está envolvido em algum tipo de ação judicial que compromete sua plena disponibilidade. Isso inclui disputas por propriedade, ações de inventário, partilhas mal resolvidas ou mesmo processos de execução fiscal.

Nesses casos, o bem pode ter um gravame, termo jurídico que indica uma restrição legal ao direito de venda ou uso. Dependendo da fase do processo, mesmo um contrato aparentemente válido pode ser anulado por decisão judicial posterior.

Além disso, o comprador pode enfrentar dificuldades para transferir o imóvel no cartório, já que o oficial registrador pode negar a lavratura da escritura ao identificar pendências judiciais na matrícula.

Os principais riscos da compra

Um dos maiores perigos de adquirir imóveis sub judice é a chamada perda da propriedade. Mesmo após a assinatura do contrato, se a Justiça determinar que o vendedor não era o legítimo proprietário, o bem pode ser revertido.

Outro ponto crítico são as obrigações propter rem, aquelas vinculadas ao bem, como débitos de IPTU ou taxas de condomínio. O novo dono pode ser responsabilizado, mesmo que os valores se refiram a períodos anteriores à compra.

Há também o risco de a transação ser anulada em razão de fraude à execução. Isso ocorre quando o vendedor tenta se desfazer do imóvel para evitar o pagamento de dívidas já cobradas judicialmente. Neste caso, a Justiça pode considerar a venda inválida.

Como reduzir os riscos

Antes de fechar qualquer negócio, especialistas recomendam a obtenção de certidões negativas, tanto do vendedor quanto do imóvel. Entre elas, estão as certidões da Justiça Estadual, Federal e Trabalhista, além da verificação de protestos e ações em nome do atual proprietário.

Consultar a matrícula atualizada no cartório de registro de imóveis é outro passo essencial, pois nela constam anotações de eventuais penhoras, hipotecas ou ações judiciais que possam afetar a negociação.

Imóveis em leilão judicial também devem ser analisados com cautela. Embora possam oferecer preços atraentes, podem exigir desocupações forçadas ou ainda estar sujeitos a recursos legais de herdeiros ou credores.

Vale a pena comprar um imóvel sub judice?

A resposta depende do perfil do comprador e da profundidade da análise jurídica. Investidores experientes podem encontrar boas oportunidades, desde que contem com assessoria especializada para mitigar os riscos.

Já o comprador comum, interessado em moradia própria, deve ser mais cauteloso. A instabilidade jurídica e os custos com possíveis litígios tornam essa uma aposta arriscada.

No mercado imobiliário, o barato pode sair caro. E quando o imóvel está sub judice, o risco jurídico pode superar qualquer vantagem no preço.

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