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O que são imóveis em áreas de risco geológico e como funciona sua regularização?

Imóveis localizados em áreas de risco geológico exigem atenção especial para garantir a segurança dos moradores e regularização conforme a legislação vigente. Entenda os passos para identificar e regularizar esses imóveis.

Barra do Sahy (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Barra do Sahy (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Publicado em 16 de abril de 2025 às 18h05.

No Brasil, muitas cidades enfrentam o problema de imóveis localizados em áreas de risco geológico, que são regiões suscetíveis a deslizamentos, enchentes, alagamentos ou outros fenômenos naturais perigosos.

A presença de tais imóveis gera preocupações não apenas para os moradores, mas também para as autoridades públicas, que devem garantir a segurança e, muitas vezes, promover a regularização desses espaços.

Em um cenário de urbanização crescente e mudanças climáticas, a identificação e a atuação sobre essas áreas são essenciais para a redução de riscos à vida e ao patrimônio. Neste contexto, entender o que são essas áreas de risco e como regularizar um imóvel nessas condições é fundamental para garantir a segurança e a legalidade da ocupação.

O que é considerado um imóvel em área de risco?

Um imóvel em área de risco geológico é aquele localizado em regiões que estão expostas a fenômenos naturais que podem ameaçar a segurança e a integridade da construção e de seus ocupantes.

Essas áreas estão sujeitas a deslizamentos de terra, alagamentos, inundações, erosão ou até mesmo a movimentação de rochas, todos originados de características geológicas e climáticas da região. As principais  características de um imóvel nestes locais são:

Terrenos instáveis e inclinados

Imóveis construídos em encostas ou morros, com grandes declives, estão mais sujeitos a deslizamentos de terra, especialmente em períodos de chuvas fortes. A inclinação do solo acima de 30 graus, por exemplo, é um fator de risco significativo.

Sistemas de drenagem inadequados

Em áreas onde o solo tem baixa capacidade de drenagem ou onde há um sistema de drenagem deficiente, as habitações podem estar sujeitas a alagamentos e inundações, aumentando o risco para os moradores e para a infraestrutura da construção.

Proximidade de corpos d'água

Áreas próximas a rios, córregos ou lagos podem ser vulneráveis a alagamentos, especialmente em épocas de chuvas intensas, se não houver um planejamento adequado de infraestrutura e proteção contra enchentes.

Solo mal consolidado ou erosivo

A presença de solo argiloso ou arenoso, especialmente em áreas próximas a rios ou em terrenos que já sofreram algum tipo de erosão, pode representar um risco maior de deslizamento ou de movimentação de solo.

Área com histórico de desastres naturais

Se a região já foi palco de deslizamentos de terra, desabamentos ou inundações no passado, ela é considerada uma área de risco geológico. A repetição desses fenômenos ao longo do tempo aumenta a probabilidade de eventos futuros.

Ocupação irregular e desordenada

Imóveis construídos sem o devido planejamento urbano e sem a análise geotécnica adequada, muitas vezes em áreas não autorizadas ou em áreas de preservação ambiental, podem ser classificados como imóveis em áreas de risco geológico. Isso ocorre especialmente em áreas onde a urbanização rápida e não regulamentada agrava os riscos naturais.

Exemplos de áreas de risco:

  • Encostas e morros: Muitas favelas e assentamentos urbanos informais no Brasil, especialmente em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, estão situados em morros e áreas íngremes, onde o risco de deslizamento de terra é alto durante as chuvas.

  • Margens de rios e córregos: Em cidades ribeirinhas, a proximidade com o leito de rios pode gerar risco de alagamento e inundação, especialmente em áreas com drenagem inadequada.

  • Áreas de erosão: Terrenos com histórico de erosão ou movimentação do solo, como áreas desmatadas ou mal conservadas, também são consideradas de risco.

Como identificar um imóvel em área de risco?

A identificação de um bem nestas áreas pode ser feita por meio de mapas de risco disponibilizados pelas prefeituras ou pela Defesa Civil, que monitoram áreas vulneráveis.

Além disso, análises técnicas, como relatórios de geólogos e engenheiros civis, podem ser solicitadas para avaliar a segurança do terreno e o risco de desastres naturais.

Como é feito o cálculo de risco geológico?

O cálculo, por sua vez, envolve uma análise detalhada de diversos fatores ambientais, geológicos e climáticos. Sendo eles:

  1. Levantamento geotécnico e análise do solo;

  2. Estudo de histórico de desastres naturais;

  3. Uso de tecnologias de sensoriamento remoto (imagens de satélite e drones);

  4. Análise das condições hidrológicas e climáticas da região;

  5. Estudo da declividade do terreno;

  6. Avaliação do uso e ocupação do solo;

  7. Cálculo de um índice de risco geológico, combinando probabilidade e impacto;

  8. Avaliação da vulnerabilidade da área.

Esses processos ajudam a determinar a gravidade do risco geológico de uma área e a desenvolver estratégias de prevenção e mitigação para proteger a população.

O que fazer para regularizar um imóvel nestas áreas?

A regularização é um processo complexo que envolve diversas etapas, desde a análise do risco até a implementação de medidas técnicas e legais.

A principal preocupação ao regularizar um imóvel em uma área de risco geológico é garantir a segurança dos moradores e minimizar os impactos de eventos naturais, como deslizamentos de terra, inundações e alagamentos.

Aqui estão as principais etapas e ações necessárias para regularizar um imóvel nessas condições:

1. Identificação do Risco Geológico

Antes de qualquer medida, é essencial realizar uma avaliação detalhada do risco geológico da área. Essa análise deve ser feita por especialistas como geólogos e engenheiros civis, que vão verificar o grau de instabilidade do terreno e os tipos de riscos existentes (deslizamentos, alagamentos, erosão, etc.).

A Defesa Civil ou outros órgãos competentes também podem ajudar a identificar a área de risco e emitir relatórios técnicos.

2. Obtenção de Laudo Técnico

A elaboração de um laudo técnico é um passo crucial para comprovar o risco geológico do imóvel. Ele servirá como base para qualquer ação corretiva ou de regularização.

3. Projeção de Medidas de Mitigação

Caso o imóvel seja localizado em uma área de risco, é necessário adotar medidas de mitigação para reduzir o impacto de desastres naturais. Essas medidas podem incluir:

  • Construção de muros de contenção: Em áreas com risco de deslizamentos de terra, a construção de muros de contenção pode ser necessária para estabilizar o solo e evitar deslizamentos;

  • Melhoria do sistema de drenagem: Instalar sistemas de drenagem eficientes pode ajudar a evitar alagamentos e controlar a água das chuvas, prevenindo que ela se acumule no terreno;

  • Reforço da estrutura do imóvel: Em alguns casos, pode ser necessário reforçar a estrutura do imóvel, como a fundação, para garantir sua segurança durante eventos climáticos adversos.

4. Busca por Regularização Fundiária

Se o imóvel foi construído de forma irregular, em uma área não autorizada ou em um terreno considerado de risco, é importante procurar o processo de regularização fundiária junto à prefeitura local.

Para isso, é necessário verificar a possibilidade de regularizar o imóvel por meio de processos legais, como o Reconhecimento de Interesse Social (RIS), que permite regularizar imóveis em áreas de risco, desde que sejam adotadas medidas de segurança.

5. Autorização e Alvarás

Se as medidas de mitigação forem implementadas corretamente e a área for considerada segura, é possível solicitar à prefeitura a emissão de um alvará de regularização. Esse documento atesta que o imóvel está em conformidade com as exigências legais e está seguro para a ocupação.

Para imóveis em áreas de risco, pode ser necessário seguir normas e regulamentos específicos, além de obter a aprovação de órgãos de fiscalização, como a Defesa Civil.

6. Ações de Realocação

Em alguns casos, a realocação de moradores pode ser a única solução viável, principalmente em áreas com risco alto e iminente.

Quando as condições geológicas do terreno não permitem a adoção de medidas de mitigação suficientes, as autoridades locais podem oferecer alternativas para realocar os moradores para áreas mais seguras.

Em muitos casos, a municipalidade ou outros órgãos públicos podem fornecer assistência financeira e apoio logístico para a realocação.

7. Monitoramento Contínuo

Uma vez regularizado e as medidas de mitigação implementadas, é fundamental monitorar continuamente a área.

Acompanhar as condições climáticas, a estabilidade do solo e a eficácia dos sistemas de drenagem é essencial para evitar futuros problemas.

Muitas cidades têm programas de monitoramento com a ajuda da Defesa Civil, que podem alertar sobre riscos de desastres naturais.

8. Documentação e Atualização do Cadastro

Após a regularização, é importante atualizar o cadastro do imóvel na prefeitura e outros órgãos públicos, incluindo as modificações feitas e as melhorias implementadas.

Esse processo garante que o imóvel esteja legalmente em conformidade e evita problemas futuros relacionados à documentação e fiscalização.

Por que você deve saber disso?

Regularizar um imóvel em área de risco geológico não é apenas uma questão de cumprir a legislação, mas também de garantir a segurança dos moradores e a preservação do patrimônio.

O processo exige um planejamento cuidadoso e o cumprimento de requisitos técnicos e legais, mas é essencial para garantir a segurança dos moradores e a legalidade do imóvel.

Com a ajuda de profissionais especializados e a atuação dos órgãos públicos, é possível adotar medidas que minimizem os riscos e permitam a convivência segura nessas áreas.

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