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O que é o direito de laje e como ele opera em áreas urbanas?

Instrumento permite registro separado de moradias sobrepostas e facilita acesso à moradia em regiões adensadas; veja o que estabelece a lei

O modelo representa um passo importante para formalizar a moradia popular e adaptar a legislação à morfologia das cidades brasileiras (BSIP/UIG/Getty Images)

O modelo representa um passo importante para formalizar a moradia popular e adaptar a legislação à morfologia das cidades brasileiras (BSIP/UIG/Getty Images)

Publicado em 11 de abril de 2025 às 15h58.

Em muitos bairros das grandes cidades brasileiras, uma mesma construção abriga mais de uma família, cada qual com sua casa empilhada sobre a outra, como um prédio improvisado sem elevador. Esse cenário, comum nas periferias urbanas, ganhou respaldo legal com o direito de laje, figura jurídica criada para regularizar esse tipo de ocupação.

Instituído pela Lei nº 13.465/2017, o direito de laje permite que diferentes unidades habitacionais sobre o mesmo lote tenham registros separados no cartório. A medida visa oferecer segurança jurídica e facilitar o acesso à moradia para famílias que vivem em imóveis sobrepostos, especialmente em áreas de urbanização informal.

Como funciona o direito de laje

O instituto permite a criação de unidades autônomas construídas em cima (ou, em alguns casos, abaixo) de outra construção existente. Cada unidade passa a ter sua própria matrícula no Cartório de Registro de Imóveis, podendo ser vendida, herdada ou financiada de forma independente.

Para isso, é necessário que a construção esteja de acordo com normas municipais e que não haja áreas comuns entre as unidades, como ocorre nos condomínios convencionais. Isso diferencia o direito de laje da copropriedade, pois garante a titularidade plena sobre a unidade construída na laje.

Impacto nas cidades

A principal função do direito de laje é a regularização fundiária de áreas onde o parcelamento do solo não permite a individualização tradicional dos lotes. Ele responde à realidade de ocupações densas e informais, onde famílias constroem moradias sobre outras para aproveitar o espaço disponível.

O modelo contribui para o aproveitamento do espaço urbano já ocupado, reduzindo a pressão por expansão em áreas ambientais ou distantes dos centros urbanos. Também amplia a inclusão de imóveis informais no mercado legal, abrindo caminho para financiamentos e melhorias estruturais.

Requisitos para a legalização

Para que o direito de laje seja efetivado, é preciso apresentar projeto aprovado pela prefeitura, respeitar as normas de uso e ocupação do solo, e providenciar o registro no cartório. Esse processo envolve a averbação da nova construção e a emissão de matrícula própria para a unidade.

O titular da unidade superior, por sua vez, passa a responder por suas obrigações fiscais e urbanísticas de forma autônoma, sem depender do dono da construção original.

Desafios e limites

Apesar de ser um avanço, o direito de laje enfrenta desafios técnicos e burocráticos. Nem todos os municípios têm regulamentações claras sobre o tema, o que dificulta sua aplicação prática. Além disso, há resistência por parte de cartórios e gestores públicos em aceitar registros dessa natureza sem exigências adicionais.

Ainda assim, o modelo representa um passo importante para formalizar a moradia popular e adaptar a legislação à morfologia das cidades brasileiras, onde a verticalização informal é uma realidade consolidada.

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