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FGTS e Minha Casa, Minha Vida: análise aponta viabilidade de financiamento do programa no curto e médio prazo, apesar dos saques recentes (Leandro Fonseca/Exame)
Editora do EXAME IN
Publicado em 17 de março de 2025 às 12h13.
Nos últimos dias, cresceram as preocupações sobre a sustentabilidade do uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o financiamento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
O temor foi impulsionado pela decisão recente do governo de liberar R$ 12 bilhões em saques do FGTS na modalidade Saque-Aniversário.
Apesar disso, um relatório do BTG Pactual sugere que, ao menos no curto e médio prazo, o fundo continuará sendo uma fonte viável de financiamento para o programa.
De acordo com a análise do banco a liberação desses R$ 12 bilhões equivale a apenas 1,7% do total de ativos do FGTS e 6,7% de sua posição de caixa. "Em termos de liquidez de financiamento, esperamos impacto zero no orçamento do MCMV", afirmam os analistas.
No entanto, o documento alerta para o risco de que o governo continue utilizando o FGTS como ferramenta para estimular a economia, o que poderia comprometer a capacidade de financiamento do programa habitacional no longo prazo. "Embora seja difícil prever, ainda vemos o governo comprometido com o programa", ressalta a análise.
Mesmo considerando os saques recentes, as projeções do BTG indicam que o FGTS ainda tem condições de manter o financiamento do MCMV nos moldes atuais por pelo menos mais sete anos. "Quando incluímos os R$ 12 bilhões adicionais de saques, nossas previsões para o FGTS e o orçamento do MCMV mal se alteram", explica o relatório.
O fundo tem se beneficiado de um cenário de juros elevados, uma vez que sua reserva de caixa é aplicada em títulos do governo, que rendem mais quando a taxa Selic está alta.
Apesar desse horizonte relativamente confortável, o estudo aponta que a tendência é de uma redução gradual no tamanho real do programa ao longo dos anos, já que o FGTS precisará equilibrar suas contas e evitar um crescimento insustentável das despesas com habitação popular. "O verdadeiro tamanho do MCMV deve encolher gradualmente devido à inflação nos próximos anos", afirma o documento.
Apesar disso, as construtoras voltadas ao segmento de baixa renda seguem em um bom momento, aponta o BTG. Empresas como Cury e Tenda continuam com perspectivas positivas, pois combinam crescimento sólido, ampliação da rentabilidade e valuation atrativo. "Mantemos nossa visão positiva sobre as construtoras de baixa renda, pois o orçamento ainda sugere forte crescimento", pontua o relatório.