Economia

Mercado imobiliário vive "tempestade perfeita"

A deterioração de indicadores macroeconômicos e de crédito são alguns dos fatores citados pela agência de classificação de riscos Fitch


	Imóveis em queda: a deterioração de indicadores macroeconômicos e de crédito são alguns dos fatores citados pela agência de classificação de riscos Fitch
 (Andrzej Wójcicki/Thinkstock)

Imóveis em queda: a deterioração de indicadores macroeconômicos e de crédito são alguns dos fatores citados pela agência de classificação de riscos Fitch (Andrzej Wójcicki/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 10h56.

São Paulo - As incorporadoras brasileiras enfrentam um cenário de "tempestade perfeita", diante da deterioração de indicadores macroeconômicos e de crédito, afirmou a agência de classificação de riscos Fitch.

Entre os fatores negativos, a entidade citou aumento nas taxas de desemprego e de juros, enfraquecimento do índice de confiança do consumidor, restrições das linhas de financiamento para compradores de imóveis e maiores retiradas dos depósitos de poupança.

"Diante deste cenário, uma robusta liquidez é importante para contrabalancear a volatilidade do fluxo de caixa operacional", disse a agência, em relatório sobre o setor no primeiro semestre.

A liquidez varia bastante no setor, de acordo com a Fitch, e as companhias com fortes reservas de caixa estão mais bem posicionadas para enfrentar restrições de crédito e queda de vendas.

No total das 11 companhias acompanhadas pela entidade, a dívida líquida se reduziu para R$ 13,9 bilhões ao final de junho de 2015, de R$ 15 bilhões em dezembro de 2014.

Em 30 de junho de 2015, o caixa e as aplicações financeiras cobriam em 1,1 vez os R$ 5,7 bilhões de dívida corporativa a vencer até o final de 2016.

Das 11 companhias com rating público da Fitch, quatro reportaram fluxo de caixa das operações positivo no primeiro semestre de 2015: Cyrela, MRV, Rodobens Negócios Imobiliários e Rossi.

A agência de classificação de risco também prevê que os distratos de imóveis permaneçam elevados no segundo semestre de 2015, pressionados pelo grande volume de entregas de projetos, em meio a condições macroeconômicas mais desafiadoras.

Ao todo, os cancelamentos de vendas nas 11 companhias acompanhadas pela entidade somaram R$ 3,6 bilhões ou 40,5% das unidades vendidas no primeiro semestre do ano.

A relação entre distratos e vendas brutas é pior que os resultados registrados em igual período do ano passado, quando o indicador estava em 29,3%.

A agência ressaltou, em relatório publicado sobre o setor, que o estoque de unidades concluídas continua crescendo, enquanto a capacidade das companhias para revender as unidades distratadas reduz, postergando a geração de caixa.

Em média, 18% do Valor Geral de Vendas (VGV) das unidades em estoque ao final de junho de 2015 consistiam de unidades concluídas e o estoque total representava cerca de 23 meses de vendas.

A média da velocidade de vendas caiu para 9% por trimestre no primeiro semestre de 2015, frente a 11% por trimestre em 2014, informou a Fitch.

Diante das dificuldades na demanda, as companhias também buscaram ajustar a oferta e continuaram a reduzir o VGV de lançamentos, que foi de R$ 4,3 bilhões no primeiro semestre de 2015, frente a R$ 15 bilhões no ano cheio de 2014.

O volume de entregas também é um fator que apoia o nível de distratos. De acordo com a Fitch, cerca de R$ 11,3 bilhões em VGV foram entregues nos primeiros seis meses de 2015, enquanto R$ 13,6 bilhões estão programados para o segundo semestre do ano. Para 2016, a projeção é de R$ 24,4 bilhões.

A Fitch acompanha 11 empresas do setor de incorporação imobiliária. Dentre aquelas com perspectiva estável em seus ratings estão Tenda, Cyrela, Gafisa, Moura Dubeux, MRV e Rodobens Negócios Imobiliários.

Já Brookfield Incorporações, João Fortes, Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário e Rossi Residencial têm avaliações com perspectiva negativa. A Viver, com rating CC(bra), aparece sem perspectiva. 

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