Economia

Lançamentos de imóveis no Rio crescem na contramão do país

Enquanto as construtoras do país estão se concentrando nas vendas, os lançamentos no Rio ainda tem mostrado bastante fôlego

Operário trabalhando em uma construção no centro do Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

Operário trabalhando em uma construção no centro do Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2014 às 16h27.

Rio de Janeiro - As construtoras e incorporadoras do país estão colocando o pé no freio nos lançamentos para se concentrarem em vendas de estoques, mas o Rio de Janeiro, umas das principais praças imobiliárias do país, o mercado ainda tem mostrado fôlego.

Os lançamentos de novos imóveis na capital fluminense subiram 15 por cento de janeiro a maio deste ano ante o mesmo período de 2013, com as construtoras e incorporadoras se voltando para as zonas oeste, norte e centro da cidade, segundo dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ).

Enquanto isso, os novos empreendimentos na cidade de São Paulo, caíram 14 por cento, segundo o sindicato paulista da habitação.

"De janeiro a maio, os lançamentos (residenciais) tiveram crescimento de 14 por cento no Rio de Janeiro.

Em junho, vai ser igual ou menor do que no ano passado", afirmou o presidente da Ademi, João Paulo Rio Tinto de Matos.

A melhora na segurança e obras de infraestrutura e de mobilidade urbana visando especialmente as Olímpiadas de 2016, além de projetos de óleo e gás que atraem mais moradores para a cidade, são fatores que têm contribuído para os novos lançamentos no Rio, cujo preço do metro quadrado tem avançado menos.

Enquanto a oferta de terrenos na zona sul da cidade mingua, a zona oeste, que se estende dos bairros Barra da Tijuca ao Recreio dos Bandeirantes, é a área com mais espaços disponíveis e onde estão localizados grandes condomínios residenciais e bairros planejados.

Tanto é que os lançamentos de imóveis residenciais na região cresceram 72 por cento nos cinco primeiros meses do ano, segundo a Ademi.

"A zona oeste é onde está a disponibilidade de terrenos. Conforme a cidade vai expandindo, a tendência é que esta área venha sendo ocupada", disse à Reuters Luiz Carlos Siciliano, diretor executivo da Gafisa para o Rio de Janeiro.

Em agosto, a companhia deve lançar na região um empreendimento no bairro de Jacarepaguá.

Já a zona norte, que durante muitos anos ficou sem lançamentos, voltou a atrair a atenção das empresas com a chegada das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas e o aumento da segurança na região.

"Existe um movimento de revitalização da zona norte, com lançamentos acontecendo com bastante sucesso e bastante velocidade de vendas", disse o diretor de incorporação da Dominus Engenharia, Marcelo Oliveira.

"Há um aquecimento de demanda por unidades residenciais. Muitas regiões da zona norte têm carência de lançamentos", acrecentou.

A prefeitura carioca também tenta revitalizar a zona portuária, na região central da cidade, em um projeto chamado Porto Maravilha, ainda concentrado em empreendimentos comerciais, enquanto os imóveis residenciais na área não deslancham.

"Se analisarmos a região do Porto (...) a gente acredita bastante no residencial, mas talvez o momento dos empreendimentos residenciais venha um pouco após o início das atividades dos comerciais", disse o diretor da Tishman Speyer no Brasil, Daniel Cherman.

Por enquanto as companhias ainda avaliam a construção de residências na região portuária.

"Estamos examinando um terreno na região do Gasômetro para uso misto (corporativo e residencial)", disse o vice-presidente da RJZ Cyrela, unidade da Cyrela Brazil Realty, Rogério Zylbersztajn.

Ele se refereiu à área da União comprada pela prefeitura e que está sendo vendida para construtoras para se transformar em um novo bairro no porto.

Preços Desaceleram, Mas  Não Por Muito Tempo

A expansão dos lançamentos em novas regiões do Rio de Janeiro ocorre ao mesmo tempo em que o preço do metro quadrado na cidade, o mais caro do Brasil, cresce em um ritmo menor.

O preço médio do metro quadrado, que chegou a subir 3,44 por cento em novembro de 2011 na comparação mensal, subiu apenas 0,37 por cento em junho ante maio, na menor variação mensal desde março de 2008.

A desaceleração na capital fluminense também é percebida na variação acumulada em 12 meses, já que em junho foi registrado o menor aumento nesta comparação desde o início da série histórica --uma alta de 12,5 por cento--, segundo o índice FipeZap Ampliado, que faz o levantamento de preços de imóveis novos e usados em 16 cidades brasileiras.

"A desaceleração acontece em grande parte devido ao esfriamento natural da economia e o crescimento da inflação... Também não temos investidores de curto e médio prazo agindo no mercado imobiliário, com intuito de fazer especulação", disse o coordenador do Índice FipeZap, Eduardo Zylberstajn.

Segundo ele, parte da desaceleração pode ser atribuída à Copa, que afetou a comercialização no primeiro semestre, mas com o fim do evento, os preços devem voltar a se animar nos próximos meses.

Apesar da expansão mais lenta nos preços, o Rio de Janeiro segue tendo o metro quadrado mais caro do Brasil, de 10.648 reais em junho, ante 9.285 um ano antes, segundo o índice FipeZap.

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