Tokenização de imóveis: a ideia é transformar o ativo real, em um digital (Construtora Sudoeste/Divulgação/Divulgação)
Karla Mamona
Publicado em 25 de agosto de 2022 às 09h03.
Última atualização em 26 de agosto de 2022 às 09h45.
Investir em imóveis é uma das formais mais conhecidas pelos brasileiros, seja por meio da compra e venda direta de imóvel, pela rentabilidade do aluguel ou por meio dos fundos imobiliários. Recentemente, surgiu uma nova maneira de investir no mercado imobiliário, por meio da tokenização. A ideia é transformar o ativo real, em um digital.
De olho neste mercado, a construtora Sudoeste, empresa especializada em empreendimentos de alto padrão em Minas Gerais, lançou neste mês, empreendimento 100% tokenizado. É o primeiro desse tipo no país. O empreendimento utiliza como base a plataforma blockchain, banco de dados mundial que permite o compartilhamento de informações sobre ativos de forma transparente e segura. Ele está localizado no Vale do Sereno, em Nova Lima/MG (cidade que é extensão da Zona Centro-Sul de Belo Horizonte), e projeto lançará 148 unidades tokenizadas e tem Valor Geral de Vendas de 100 milhões de reais.
Em entrevista à EXAME Invest, Danilo Dias, diretor-executivo da Construtora Sudoeste, explicou que o primeiro passo do processo de transformar o ativo real em digital é por meio do registro de incorporação. O primeiro registro é realizado no cartório e em seguida no blochain. Com este registro no blochain, é criado um histórico no meio digital.
“Nas vendas, no contrato de promessa e venda de cada unidade, sendo ela uma unidade inteira ou fracionada, pegamos aquele contrato e também geramos um registro no blockchain. Isso traz mais segurança. Criamos uma carteira digital na plataforma ethereum e o valor do imóvel é convertido na criptomoeda”, acrescenta Dias. Os apartamentos vendidos são de um ou dois dormitórios. E é possível comprar de maneira fracionada, ou seja, divido em dez frações igualitárias de 10%, neste caso, o valor mínimo de investimento é de 55 mil reais. Cada unidade pode ser adquirida em 10 frações igualitárias de 10%, sendo possível comprar mais de uma fração do negócio. Na prática, a unidade poderá ter até 10 proprietários.
Uma das vantagens da tokenização de imóveis é a quebra da barreira da limitação geográfica. Dias afirma que compradores, de qualquer lugar do mundo, conseguirão comprar e vender o seu imóvel de forma 100% virtual, de maneira rápida e segura. “Esses fatores vão contribuir com a liquidez de imóveis no país ao romper as barreiras burocráticas que inibem o crescimento do setor.”
Dias explica que o empreendimento lançado tem um perfil de um imóvel para quem quer investir, seja por meio da locação ou pela venda direta do imóvel. Somado a isso, a tokenização acaba sendo um atrativo a mais. Uma possibilidade da tokenização é vender de maneira fracionada. “Se o investidor está precisando de dinheiro, ele pode vender, por exemplo, a metade do valor e receber a metade da locação.”
Outra vantagem é a migração da certificação do documento dos imóveis para o ambiente digital, o que pode reduzir, por exemplo, o tempo e custo necessário para os trâmites relativos aos cartórios. O executivo destaca que existe uma movimentação dos cartórios para passar aceitar o uso blockain no registro de imóveis. “Existe uma movimentação dos cartórios neste sentido. Eles não querem perder receita. Se eles não correrem atrás, vai sugir cartório paralelo no blockchain.”
Além da mudança no segmento dos cartórios, a tokenização dos imóveis deve mudar tambem o papel dos corretores de imóveis. “O token negociado no meio digital evita o custo de intermediação convencional, como dos corretores de imóveis. Existirá um corretor igual o corretor no mercado financeiro no blockchain. Aquele ativo será negociado no mercado financeiro, e a intermediação de custo menor do que no mercado imobiliário.”