Aquisição de imóveis: apetite pode ficar mais forte com queda da taxa básica de juros (Shutterstock/Shutterstock)
Repórter de Invest
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 14h49.
A intenção de compra de imóveis caiu ao menor patamar desde a pandemia de Covid-19, segundo o FipeZAP. A pesquisa Raio X FipeZAP do quarto trimestre de 2023 mostrou que a proporção de compradores potenciais caiu de 41% para 38% – menor patamar desde o primeiro trimestre de 2020.
Para Lucas Gerez, economista do DataZAP, a mudança tem parte da origem na variação da taxa básica de juros, a Selic, utilizada como base para o financiamento imobiliário. A Selic vinha de uma trajetória de queda desde 2017, que se aprofundou na pandemia e levou os juros à mínima histórica de 2% ao ano.
O movimento não foi simultâneo, mas é possível dizer que a queda alimentou a intenção de compra de imóveis. Por outro lado, a alta da taxa a partir de 2021 fez o movimento contrário: desincentivou as aquisições. A Selic subiu em disparada e alcançou o patamar dos dois dígitos ainda no início de 2022.
“O aumento no custo do financiamento imobiliário explica uma parte da história, a taxa Selic acima de dois dígitos entre 2022 e 2023 dificultou a aquisição do imóvel de interesse para uma parte da população”, informou, em nota, o economista.
Para 2024, o cenário pode mudar mais uma vez à medida que a taxa consolida a tendência de queda. Os cortes na Selic começaram em setembro do ano passado, e a taxa hoje é de 11,25% ao ano.
“A partir do segundo semestre de 2024, espera-se que os impactos da redução das taxas de juros sejam mais intensamente sentidos no mercado imobiliário, o que provavelmente estimulará a aquisição de imóveis para investimento”, completou Gerez.
Entre aqueles que compram imóveis, se manteve uma tendência observada ao longo de todo 2023: um interesse maior pelo imóvel para moradia. No quarto trimestre de 2021, os objetivos entre os compradores estiveram quase parelhos. Desde então, a busca por moradia se intensificou, enquanto a de investimentos declinou.
“Este movimento pode ser atribuído, em parte, ao desestímulo causado pelas altas taxas de juros, bem como ao aumento na aquisição de imóveis do tipo econômico, impulsionado pelos programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida. Isso tem contribuído para um aumento na proporção de pessoas adquirindo imóveis para moradia”, avaliou o economista do DataZAP. Gerez reforça que ainda é cedo para apontar um novo ponto de equilíbrio entre os que compram para morar e para investir.
O Raio X FipeZAP é um questionário aplicado a usuários ativos dos portais ZAP e Viva Real que abrangem todas as regiões do País – sem recorte regional. Os respondentes são pessoas que compraram imóvel nos últimos 12 meses (“compradores”); que pretendem comprar um imóvel nos próximos 3 meses (“compradores potenciais”); ou usuários que são proprietários de imóveis adquiridos há mais de 12 meses (“proprietários”).
A edição do quarto trimestre contou com 1.219 respondentes. A maior parcela (69%) declarou renda domiciliar igual ou inferior a R$ 10 mil. A idade média do respondente da pesquisa é de 49 anos, e 53% dos respondentes são homens.
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