Mercado imobiliário

Fintech oferece crédito imobiliário com juros de 7% a jovens e informais

Creditú, em parceria com a gestora RBR, tem R$ 30 milhões para financiar até 90% do valor de imóveis em até 30 anos

David Muñoz, CEO da Creditú: objetivo é atender público que não consegue obter crédito nos grandes bancos (Creditu/Divulgação)

David Muñoz, CEO da Creditú: objetivo é atender público que não consegue obter crédito nos grandes bancos (Creditu/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 24 de maio de 2022 às 09h00.

Última atualização em 24 de maio de 2022 às 12h48.

A Creditú, fintech com operações no Chile, Peru e México, se uniu `à gestora RBR e à securitizadora OPEA para oferecer R$ 30 milhões em crédito imobiliário indexado ao IPCA com taxas de juros a partir de 7% ao ano. A linha de crédito irá financiar até 90% do valor do imóvel, em até 30 anos.

A linha é voltada a profissionais autônomos, informais e jovens, bem como empreendimentos de baixo e médio padrão, com valor médio de R$ 350 mil, conta David Muñoz, CEO da Creditú. "Esse público costuma não ser atendido pelos bancos. Queremos ampliar o acesso ao financiamento de imóveis".

O crédito já está sendo oferecido pelo site da fintech e também será comercializado por meio de parceiros comerciais, como construtoras. O foco inicial será oferecer crédito imobiliário em São Paulo, mas já estão sendo mapeadas 100 cidades no país nas quais o financiamento também pode ser oferecido.

É a primeira fintech a oferecer o financiamento imobiliário tradicional no país. Atualmente o crédito para imóveis está concentrado nos grandes bancos, especialmente na Caixa, que tem mais de 70% do mercado.

Estrutura financeira

A operação se tornou possível porque a Creditú e seus parceiros montaram uma estrutura financeira para financiá-la. A fintech emitiu CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários) lastreados em financiamentos imobiliários. A RBR, através de seus fundos de crédito, aportou o capital para a aquisição dos CRIs originados e geridos pela Creditú.

Foi para tornar os CRIs atrativos para investidores institucionais e, consequentemente, viabilizar a operação, que a fintech optou por financiamentos indexados ao IPCA. Linha de crédito relativamente nova no país, nela a parcela mensal tende a sofrer mais oscilações do que na linha de crédito tradicional, indexada à Taxa Referencial (TR).

Mas, segundo Muñoz, essa pode ser a única alternativa que esse público tem de sair do aluguel. "Contratos de aluguéis também são corrigidos pela inflação".

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A parceria vem em um momento desafiador para o mercado residencial no país, em um cenário com inflação e juros mais altos, além de baixo crescimento da economia. Mas, segundo Muñoz, é nesse cenário que a fintech pode auxiliar potenciais parceiros a aumentar suas vendas.

Segundo Muñoz, a inadimplência da carteira da fintech está alinhada aos atrasos registrados em carteiras de grandes bancos. "O porcentual de crédito inadimplente em nossa carteira nos outros países nos quais atuamos varia de 1,8% a 3% do total. O Brasil deve seguir esses números". Para aprimorar seu sistema de análise de crédito, a fintech usa a tecnologia de machine learning.

Trajetória

Fundada em 2017, a Creditú é uma fintech regulamentada como administradora de empréstimos hipotecários no Chile. Até o momento, concedeu e administrou mais de 3 mil empréstimos, de mais de US$ 450 milhões, nos três países em que atua.

A RBR é uma gestora global de recursos focada no mercado imobiliário, com mais de 7 anos no mercado e aproximadamente R$ 6,5 bilhões sob gestão. Fundada pelos sócios Ricardo Almendra e Guilherme Bueno, possui mais de 200 mil cotistas.

A Opea já realizou a estruturação e emissão de mais de R$ 50 bilhões em operações de securitização e tem hoje sob gestão mais de R$ 36 bilhões em CRI e CRA de sua emissão.

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