Home office: regime híbrido e 100% remoto são os favoritos dos brasileiros (martin-dm/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 31 de outubro de 2023 às 06h05.
As companhias têm exigido cada vez mais o retorno ao trabalho presencial, mas encontram uma forte barreira: seus funcionários. Uma fatia de 43% dos trabalhadores remotos optaria por procurar outro emprego caso o home office chegasse a um fim em seu atual ambiente de trabalho. A conclusão é de uma pesquisa encomendada pelo Grupo QuintoAndar, que detém a plataforma de moradia QuintoAndar e o portal de classificados Imovelweb.
Um dos pontos que pode influenciar no desejo pelo home office é o tempo gasto entre ir e vir do trabalho. Entre as capitais brasileiras, o tempo médio de deslocamento dos trabalhadores é de 42 minutos. O recorde é de São Paulo, com 51 minutos. E na capital paulista, o desejo de permanecer em home office sobe junto com o tempo de deslocamento: 50% dos entrevistados de São Paulo procurariam outro emprego para permanecer no regime remoto.
O foco principal do estudo é mapear a relação entre casa e trabalho e o quanto ela ainda impacta a demanda por imóveis. “Na capital paulista, por exemplo, a proximidade da residência ao local de trabalho, ao transporte público e o trajeto entre a residência e o trabalho ser rápido/sem trânsito foram fatores mais citados por aqueles que disseram que o trabalho impactou na escolha do local no qual vivem atualmente”, afirmou Thiago Reis, gerente de dados do Grupo QuintoAndar.
Os dados levantados apontam dois caminhos: o brasileiro ainda deseja morar próximo ao emprego, mas também valoriza um espaço para trabalhar de home office dentro de casa.
Morar em um local silencioso para trabalhar remotamente é considerado o fator mais importante na hora de escolher um imóvel para morar, apontado por 70% dos entrevistados. E em segundo lugar, eles valorizam uma moradia espaçosa, com separação entre vida pessoal e trabalho e também um espaço exclusivo onde trabalhar de casa, como um escritório dedicado (69%).
Logo após as alternativas para o home office, entram as demandas do presencial: residir perto do local de trabalho é algo importante para 66% dos entrevistados, e 67% deles deseja morar próximo ao transporte público para ter mais facilidade ao se deslocar para o trabalho.
Além disso, a localização do emprego influenciou a escolha do lugar em que moram hoje para 33% dos entrevistados – e quase um quarto deles planeja uma mudança para se aproximar do emprego.
“O trabalho é um importante fator no momento de escolher a sua residência. 36% dos entrevistados afirmam que podem se mudar no próximo ano por conta do trabalho”, disse Reis.
A pesquisa foi feita pela Offerwise com 1.914 pessoas com 18 anos ou mais, de todas as classes sociais, nas 27 capitais do Brasil, via questionário online. Entre os entrevistados, 60% trabalham pelo menos um dia fora do escritório. 37% deles têm um formato híbrido de trabalho e 23% estão em regime totalmente remoto.
Existe uma diferença etária entre os brasileiros que tentariam mudar de emprego com o fim do home office. Segundo o levantamento, o desejo de deixar o trabalho presencial é maior entre pessoas com idade entre 35 e 44 anos, na qual metade dos entrevistados afirma que deixaria o trabalho caso fosse obrigado a ir presencialmente todos os dias. Entre aqueles com idade entre 18 e 24 anos, o percentual é de 39%.
“Indivíduos mais velhos muitas vezes têm responsabilidades familiares e compromissos que tornam o trabalho remoto mais atraente, além de possuírem maior experiência no mercado. Por outro lado, os mais jovens podem estar mais dispostos a experimentar o ambiente presencial, uma vez que estão em uma fase da vida com menos responsabilidades familiares e em busca dos primeiros passos profissionais”, defendeu Reis.
Vale destacar, no entanto, que essa porcentagem cai para 41% na faixa entre 44 e 55 anos, e recua ainda mais, para 37%, no caso de quem tem mais de 55 anos.
A pesquisa mostrou que 54% dos brasileiros preferem trabalhar de casa integral ou parcialmente – 27% tem preferência pelo trabalho híbrido e outros 27% pelo emprego 100% remoto. Já o trabalho presencial é o preferido de 46% dos entrevistados.
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