Mansão de R$ 220 milhões no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, é vendida (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 24 de julho de 2024 às 18h17.
Última atualização em 24 de julho de 2024 às 19h23.
“O Leblon está voltando a ser o Leblon”: assim Isaac Elehep, presidente da construtora Mozak, define o cenário que permitiu o fechamento do maior negócio da empresa em seus 30 anos de história. A construtora focada na zona sul do Rio de Janeiro assinou há dez dias a compra da mansão mais cara do Brasil, um imóvel icônico de 2,5 mil metros quadrados que ocupa um terreno do tamanho de uma quadra: 11 mil m². A localização é uma das mais desejadas e exclusivas do país: o Jardim Pernambuco, fatia do Leblon que funciona quase como um condomínio fechado, cercado por guaritas de segurança e mata nativa.
O negócio, adiantado com exclusividade à EXAME, não teve o valor divulgado, mas até poucas semanas atrás a mansão era anunciada com preço de R$ 220 milhões – a casa mais cara à venda no país. Os planos da Mozak incluem fatiar o gigantesco terreno em lotes; no mínimo dez e no máximo 12. O valor geral de vendas (VGV) do projeto deve alcançar, sozinho, até R$ 500 milhões – mesmo montante que a construtora espera levantar em todo o ano de 2024.
A expectativa da empresa é negociar cada imóvel a um preço de R$ 150 mil/m² o que colocaria o empreendimento isolado no posto de mais caro do país. O segundo imóvel mais caro do Brasil é uma cobertura de luxo no próprio Leblon, no Edifício Tom Delfim Moreira, lançado pela Gafisa a R$ 100 mil/m². Ele é seguido de perto pelo Kempinski Laje de Pedra Hotel & Residences, projeto que mistura propriedade compartilhada e hotelaria em Canela, no Rio Grande do Sul, e que foi negociado a R$ 98 mil/m².
Vale lembrar que o Leblon está há anos no topo dos bairros com metro quadrado mais caro por ser pequeno, com pouca oferta de terrenos, e muito desejado pela altíssima renda. O executivo defende, no entanto, que ele vinha sendo preterido nos últimos anos por outras opções em São Paulo e Balneário Camboriú (SC).
“Todas as cidades reajustaram os preços de venda depois da inflação pós-pandemia – aqui, no Rio de Janeiro, isso tem acontecido apenas recentemente. O negócio que acabamos de assinar é parte desse movimento do Leblon voltando a ser o Leblon em termos de preço.”
O negócio marca a entrada da Mozak na construção de casas. Até então, a construtora focava os prédios residenciais e comerciais para o altíssimo padrão na zona sul carioca – que de tão escassa em terrenos, fez com que 30% do portfólio da empresa fosse voltado para retrofit.
A mansão comprada no Jardim Pernambuco pode, inclusive, fazer parte do portfólio de retrofit da marca. A casa construída pela família Amaral, ex-proprietária da rede de supermercados Disco, ocupa apenas 22% do terreno e estará disponível em um dos lotes que a Mozak pretende comercializar. Quem adquirir a fatia poderá decidir se quer continuar com imóvel de estilo inglês ou criar um novo projeto. “A casa já está pronta e pode ser mantida nesse formato. Nunca vi uma biblioteca tão bonita”, diz Elehep.
A construção de 1986 conta com seis suítes, 18 banheiros e 15 vagas de garagem, além de salas de estar, jantar, música e reunião. Para entretenimento, o imóvel conta com biblioteca, área de lazer com churrasqueira, piscina semiolímpica e sauna. O paisagismo é assinado por Burle Marx, e o imóvel conta ainda com heliponto particular.
Os outros lotes devem receber projetos inteiramente do zero. A Mozak está em negociação com três arquitetos renomados – Marcio Kogan, Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen – para realizar os projetos. O diferencial deve estar não apenas no projeto arquitetônico, mas no design, paisagismo, luminotécnica e a questão da ambiência e hospitalidade. O último ponto vem emprestado da hotelaria, e analisa as sensações do consumidor ao entrar no imóvel.
“Vamos mediar o relacionamento com arquitetos e artistas para criar um desfile de arquitetura no terreno”, explica o CEO. “A ideia é que o cliente tenha a oportunidade de cocriar e fazer arte junto com esses profissionais – é algo que diverte muito o altíssimo padrão. O comprador ideal é quem quer se divertir e ter esse tipo de experiência.”
Não vai haver nenhum tipo de lançamento, a ideia são visitas ou coquetéis individuais para interessados vindos da própria base da Mozak. Os clientes habituais da empresa são profissionais liberais do mercado financeiro, médicos e advogados, além dos veranistas, tanto brasileiros como estrangeiros, que vêm ao Rio de Janeiro passar as férias. “Somos uma metrópole de praia de alto padrão”, define o CEO da construtora.
A expectativa da Mozak é que o projeto esteja finalizado em um prazo de até dois anos e meio.