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Empresa perdeu o equivalente a três estádios de futebol, mas ainda lidera o mercado de coworking no Brasil (Renato Pizzutto/Exame)
Publicado em 12 de março de 2025 às 09h56.
Última atualização em 12 de março de 2025 às 10h12.
Apesar de uma queda em sua área ocupada, a WeWork segue como líder do setor de coworking no Brasil.
A empresa, que aluga espaços de trabalho compartilhados, perdeu 24,5 mil metros quadrados no quarto trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, um[grifar] valor equivalente a cerca de três campos de futebol. A perda foi principalmente atribuída a uma devolução de imóveis e uma reavaliação da estrutura de operações da empresa na cidade de São Paulo.
No entanto, a WeWork ainda lidera o mercado brasileiro de coworking, com 49,5% de participação, de acordo com dados da consultoria Newmark Brasil, enviados à EXAME. A segunda colocada, a Regus (do grupo IWG), possui uma fatia de apenas 13,10%.
A situação no Brasil reflete um cenário de dificuldades globais que a empresa enfrenta desde 2019, quando a tentativa de abrir capital (IPO) falhou e expôs problemas de governança. Desde então, a companhia passou por reestruturações e trocas de liderança, com a saída do cofundador Adam Neumann e a entrada do SoftBank como controlador majoritário.
Em 2023, a WeWork entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, com uma dívida superior a US$ 18 bilhões, enquanto seus ativos somavam apenas US$ 15 bilhões. O Brasil também foi palco de um crescente passivo judicial, com dívidas de mais de R$ 66 milhões relacionadas a fundos imobiliários e proprietários de imóveis.
Recentemente, a empresa firmou um acordo com o FII Rio Bravo Renda Corporativa (RCRB11) para quitar suas dívidas, o que incluiu a devolução de imóveis localizados na Vila Madalena e na Oscar Freire, em São Paulo. A recuperação financeira da WeWork no país ainda depende desses acordos e da mudança no perfil de ocupação.
Outro marco importante para a WeWork no Brasil foi a saída definitiva do SoftBank, um dos maiores investidores globais em tecnologia, que vendeu sua fatia de 49% da operação brasileira para a própria WeWork, que já detinha 51% da subsidiária. Com isso, a empresa multinacional americana passou a ter controle total da operação no país.
A retirada do SoftBank não é um fato isolado. Em agosto de 2024, o fundo japonês já havia reduzido sua participação na companhia de 71% para 49%, após uma série de reveses financeiros enfrentados pela WeWork, incluindo ações de despejo por inadimplência nos pagamentos de aluguéis de imóveis.
A WeWork, apesar das dificuldades financeiras, ainda continua sendo a maior fornecedora de espaços compartilhados no Brasil. O setor de coworking como um todo, no entanto, não parece estar em declínio. O relatório da Newmark Brasil aponta que, embora a ocupação tenha caído em 2024, a recuperação é visível. A companhia continua dominando as áreas mais procuradas de São Paulo, com destaque para a região da Paulista, onde concentra a maior parte de sua operação.
No entanto, o mercado está em transformação, com a expansão de novos players, como Spaces, Vip Office, e C.O.W, que têm atraído a atenção de pequenas e médias empresas, além de um aumento no número de coworkings espalhados por diversas regiões da cidade.
A tendência é que o segmento continue a se expandir, privilegiado principalmente por empresas que adotam modelos híbridos de trabalho, que impulsionam a demanda por soluções flexíveis de escritório.
A EXAME entrou em contato com a WeWork. Até o momento de publicação desta reportagem a companhia ainda não havia se posicionado.