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Ao criar uma pessoa jurídica, o titular pode garantir a continuidade dos negócios e evitar disputas (Franscisco Martins/Exame)
Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 17h43.
O planejamento sucessório é uma ferramenta essencial para garantir que o patrimônio de uma pessoa seja transferido de maneira eficiente para os herdeiros, evitando conflitos, altos custos e a morosidade do processo judicial. Uma estratégia frequentemente utilizada por empresários é a criação de uma pessoa jurídica (PJ) como parte do planejamento sucessório. Isso pode facilitar a gestão de bens e a divisão de herança, além de oferecer benefícios fiscais e legais. Vamos entender como a pessoa jurídica pode ser uma aliada nesse processo.
O planejamento sucessório é o conjunto de estratégias jurídicas e financeiras utilizadas para definir a maneira como os bens de uma pessoa serão transmitidos aos herdeiros após seu falecimento. O objetivo é minimizar os impactos financeiros e fiscais da sucessão, simplificar o processo e evitar disputas entre os herdeiros. Quando bem estruturado, o planejamento sucessório assegura a continuidade dos negócios e a preservação do patrimônio familiar.
Uma pessoa jurídica, geralmente na forma de uma holding, pode ser criada para centralizar a gestão dos bens da família, seja um patrimônio imobiliário, ações ou outros ativos. A holding pode ser dividida em ações, que serão distribuídas entre os herdeiros, de forma a evitar a divisão dos bens e a judicialização do processo de herança.
A holding familiar é uma forma de pessoa jurídica em que os bens da família são reunidos e administrados por uma empresa. O principal objetivo da holding é otimizar a gestão e a sucessão dos bens. A criação de uma holding familiar traz benefícios como a redução de impostos, simplificação na divisão de bens e, em muitos casos, uma maior segurança para os herdeiros, uma vez que as ações podem ser transferidas de forma proporcional entre os membros da família.
A doação de bens em vida é uma das estratégias mais comuns no planejamento sucessório. Em vez de esperar o falecimento para transferir os bens, o titular pode antecipar essa doação através da pessoa jurídica, o que pode reduzir significativamente os custos de herança, como os impostos sobre a transferência de patrimônio. Além disso, com a doação, o titular mantém controle sobre o uso dos bens enquanto estiver vivo, podendo estabelecer condições para a gestão.
A legislação brasileira sobre heranças e doações pode mudar com o tempo, afetando diretamente o planejamento sucessório. A reforma tributária é um exemplo disso. A criação de uma pessoa jurídica também exige um acompanhamento constante para garantir que a estrutura esteja em conformidade com a lei e que os impostos sobre o patrimônio sejam minimizados. Por isso, é fundamental contar com o apoio de um advogado especializado em direito sucessório e um contador para ajustar o planejamento conforme necessário.
Se a família possui uma empresa, a pessoa jurídica é ainda mais relevante, pois facilita a sucessão da gestão e a transferência do controle da companhia. Sem uma estrutura bem definida, o futuro da empresa pode ficar comprometido com o falecimento do fundador. A holding permite que a família defina as regras para a transferência das ações, evitando disputas e a necessidade de intervenção judicial. Além disso, a governança pode ser estruturada de forma a manter o controle da empresa nas mãos daqueles que realmente estão preparados para a gestão.
Ao criar uma pessoa jurídica para o planejamento sucessório, é fundamental respeitar alguns aspectos legais, como a definição de quem será o responsável pela administração da holding, o que fazer com os lucros da empresa e como será a distribuição das ações entre os herdeiros. Além disso, deve-se decidir se haverá cláusulas de preferência ou limitações sobre a venda das ações, para garantir que o patrimônio da família seja mantido dentro do círculo familiar.
Outro aspecto importante é a possibilidade de instituir o usufruto de bens dentro da estrutura da pessoa jurídica. Isso permite que o titular de um bem ou ação mantenha o direito de usufruir dos rendimentos ou da posse de determinado bem, enquanto os herdeiros possuem a titularidade do bem, mas não os direitos sobre sua posse ou uso. Esse tipo de estratégia é especialmente útil para quem deseja deixar um legado, mas continuar usufruindo de sua propriedade enquanto vive.
Embora a utilização de uma pessoa jurídica no planejamento sucessório traga várias vantagens, é importante realizar essa implementação com cuidado. O processo exige o cumprimento de diversas formalidades legais e pode envolver custos administrativos e tributários, como a criação da empresa e a transferência de bens. Além disso, é necessário estabelecer regras claras sobre a sucessão, para evitar possíveis conflitos entre os herdeiros no futuro.
A utilização de uma pessoa jurídica, como uma holding familiar, no planejamento sucessório e na herança é uma estratégia eficaz para otimizar a gestão e a transmissão do patrimônio, além de proporcionar vantagens fiscais e jurídicas. Ao criar uma pessoa jurídica, o titular pode garantir a continuidade dos negócios, evitar disputas entre os herdeiros e minimizar o impacto de impostos sobre a herança. Contudo, é essencial contar com a orientação de profissionais especializados, como advogados e contadores, para garantir que o planejamento seja executado corretamente e conforme as leis em vigor.
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