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China: governo local recompra terras não desenvolvidas para impulsionar setor imobiliário (Leandro Fonseca/Exame)
Agência
Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 15h11.
Última atualização em 13 de fevereiro de 2025 às 15h14.
Oito cidades da província de Guangdong, a mais rica da China, planejam comprar cerca de 15,9 bilhões de yuans (US$ 2,1 bilhões) em terras não desenvolvidas de incorporadoras e veículos de financiamento de governos locais. A medida visa reduzir dívidas dessas empresas e impulsionar o mercado imobiliário estagnado.
As cidades iniciaram a recompra após o feriado do Ano Novo Chinês, encerrado em 4 de fevereiro, utilizando bônus especiais do governo local. No total, o objetivo é recomprar 44 terrenos avaliados em 15,9 bilhões de yuans.
Zhuhai tem o maior plano de recompra, com previsão de gastar mais de 6,6 bilhões de yuans (US$ 903 milhões) em 14 lotes. Outras cidades como Huizhou, Zhongshan e Maoming planejam recompras acima de 1 bilhão de yuans (US$ 137 milhões). Já Guangzhou, a capital da província, destinou 920 milhões de yuans (US$ 126 milhões) para a iniciativa.
Os preços oferecidos pelos governos locais são inferiores aos valores de venda anteriores. O Yicai destacou que dois terrenos residenciais em Zhuhai foram fixados em 1,8 bilhão de yuans (US$ 246 milhões), uma queda de 14% em relação ao preço original de 2,1 bilhões de yuans (US$ 287 milhões) em 2023. A maioria das terras será utilizada para residências, comércio, escritórios e turismo.
A recompra de terras busca aliviar a pressão financeira sobre as incorporadoras e garantir a entrega de projetos imobiliários dentro do prazo, segundo Li Yujia, pesquisador do Centro de Pesquisa em Políticas Habitacionais de Guangdong. Além disso, a redução da oferta de terrenos pode ajudar a conter o excesso de imóveis e manter os preços estáveis.
A maioria dos lotes recomprados pertence a incorporadoras estatais e LGFVs, devido à maior clareza na estrutura de ativos e passivos. Já as incorporadoras privadas enfrentam dificuldades, pois muitas terras estão hipotecadas, envolvidas em dívidas ou disputas judiciais.
Em junho de 2024, o Ministério das Finanças da China, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma e o Ministério dos Recursos Naturais anunciaram apoio para que governos locais utilizassem fundos especiais na revitalização de terras ociosas.
As diretrizes divulgadas em novembro determinaram que as terras recompadas não sejam revendidas nos leilões do mesmo ano. Caso haja forte demanda, no máximo 50% da área recomprada poderá retornar ao mercado.
Cidades como Yueyang (Hunan), Kaifeng (Henan), Jinhua (Zhejiang) e Ji’an (Jiangxi) já haviam iniciado planos semelhantes antes de Guangdong.
Estima-se que 1 trilhão de yuans (US$ 136,8 bilhões) em fundos especiais serão utilizados para recompra de terras em 2025, abrangendo entre 100 e 200 milhões de metros quadrados em todo o país, segundo um relatório da Sealand Securities.