Casa com jardim: o isolamento social durante a pandemia levou muita gente a valorizar mais as áreas livres (EcoJardim/Divulgação)
Uma pesquisa exclusiva da consultoria Brain Inteligência Estratégica mostra o que mudou na relação das pessoas com seus imóveis durante o período de isolamento social forçado pela pandemia do coronavírus. Entre as conclusões do levantamento, feito com 120 moradores das capitais São Paulo, Curitiba, Fortaleza, Recife, Goiânia, Brasília, Porto Alegre e João Pessoa, quem mora em casas com quintal sofreu menos com o longo período de reclusão.
O levantamento apontou também que a cozinha passou a ser o ambiente mais utilizado da casa e que a varanda se tornou indispensável. “Os participantes do levantamento relataram grande dificuldade de adaptação para lidar com as atividades dentro de casa. Por isso, as áreas livres das residências ganharam tanta importância”, explica o economista Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain Inteligência Estratégica.
Confira, a seguir, os principais insights da pesquisa:
O uso dos cômodos mudou durante a pandemia. Segundo o levantamento, 27% dos consultados passaram a utilizar mais essa área, 22% mais os dormitórios e 18% a sala de estar. Para 79% dos entrevistados, a gastronomia também se tornou um hobby, já que muitos aproveitaram o tempo livre em casa para testar novas receitas, como os pães artesanais que viraram febre logo no início do isolamento. Em contrapartida, para 20% dos entrevistados, a obrigação de cozinhar se tornou um “fardo” por causa do acúmulo de tarefas e do estresse.
A insegurança de pedir pelo delivery também fez que o número de refeições preparadas em casa fosse maior, segundo o estudo. “As consequências dessa atividade se refletiram na percepção das pessoas em relação aos problemas estruturais. A necessidade de uma cozinha maior e mais bem estruturada foi repassada ao próximo imóvel”, diz Araújo.
Pessoas que moram em casas com quintal sentiram menos o impacto do isolamento social. “A existência de áreas livres ajuda a controlar a ansiedade do sentimento de aprisionamento, tanto em adultos como nas crianças”, afirma Araújo. As áreas, diz ele, ajudaram as crianças a gastarem energia com brincadeiras. Já os adultos usaram o quintal como válvula de escape para atividades físicas e relaxamento.
Antes da pandemia, 90% dos entrevistados pela Brain relataram que estavam à procura de um novo imóvel. “A incerteza financeira e a impossibilidade de visitação dos imóveis acabaram suspendendo e adiando os planos”, explica Araújo. Ao mesmo tempo, o momento de paralisação serviu para reflexão sobre o tipo de imóvel. Alguns passaram a considerar a troca do apartamento por casa, e para 80% dos entrevistados a varanda se tornou indispensável. “Quem vive em apartamentos com varandas pequenas, ou até sem este espaço, ficou fadigado mais rapidamente”, destaca o economista.
Para 87% dos participantes da pesquisa, será indispensável que a futura residência tenha um espaço adaptável para o trabalho. “Isso não quer dizer espaço exclusivo, uma vez que as pessoas manifestaram fortemente o desejo de contarem com lugares flexíveis, adaptáveis”, explica o especialista. Garagem e áreas de lazer também se tornaram indispensáveis. Apesar disso, os consumidores não estão dispostos a gastar mais por isso. Ao todo, 66% dos entrevistados afirmaram que preferem pagar uma taxa de condomínio menor a ter grandes áreas de lazer.