Varanda em apartamento: um dos itens destacados como imprescindíveis pelos interessados em comprar um imóvel (Airbnb/Divulgação)
Um levantamento inédito da Brain Consultoria Estratégica, divulgado nesta sexta-feira, 4, revela um aumento significativo na intenção de compra de imóveis no Brasil. Com base em entrevistas com 689 consumidores, a pesquisa aponta que a intenção de compra nos próximos dois anos subiu de 20%, em abril, para 40% em agosto.
A crise também mudou a relação entre imóveis lançados e vendidos, e que caminhava até o início da pandemia, em março, de forma equilibrada. No primeiro semestre deste ano, o número de vendas (71.109) foi 89,1% superior ao número de lançamentos (37.596) em todo o país. “Isso mostra que a pandemia impactou muito mais lançamentos do que vendas”, diz Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain.
O estudo aponta ainda uma concentração maior de lançamentos horizontais no segundo semestre em relação ao primeiro. Até o momento, foram feitos 192 lançamentos, e a previsão é que outros 272 aconteçam em todo o país entre agosto e dezembro.
Sócio-consultor da Brain, Marcelo Gonçalves diz que em algumas regiões o impacto em termos de postergações e desistências foi maior. “Na Grande Goiânia, por exemplo, não tivemos nenhum lançamento no segundo trimestre deste ano”, diz ele. Já na cidade de São Paulo foram lançadas, de janeiro a julho, 12.200 unidades. Ainda assim, a expectativa é fechar o ano entre 40.000 e 45.000 unidades, um número abaixo de 2019, quando foram lançadas 65.000 unidades. “Não estamos sonhando em ter um ano igual, mas nossa expectativa é de algo em torno de 6.000 a 8.000 novas unidades por mês”, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Sindicato da Habitação (Secovi-SP).
Para 15% dos consumidores entrevistados, o isolamento causado pela pandemia interferiu na escolha do imóvel. O índice é maior entre pessoas com renda familiar entre 7.875 e 13.492 reais (26%) e a partir de 13.592 reais (40%). “Quanto maior a renda, maiores são as chances de escolha”, justifica Araújo. Em geral, diz ele, as pessoas pretendem se mudar para uma cobertura; para uma casa maior, porém mais afastada; ou então para outro tipo de imóvel. “A mudança de comportamento envolve vários fatores, mas todos eles estão relacionados à busca por bem-estar”, explica Araújo.
Entre os itens destacados como imprescindíveis estão varanda, portaria remota e espaço para higienização de produtos e recebimento de mercadorias. Cômodos exclusivos para home office e coworking no empreendimento foram os itens que menos apresentaram relevância na tomada de decisão, segundo a pesquisa. “A maioria quer flexibilidade no uso do home office. Por isso, acreditamos que as varandas ganharão múltiplas funções”, diz Araújo.