Transformação: após mentoria, o empreendedor Henrique Netzka mudou seu plano de negócios (Brunno Corvello/Estúdio ABC)
A história de Henrique Netzka é parecida com a de muitos empreendedores brasileiros. Ele abriu sua empresa em 2006, quando tinha apenas 20 anos e 3 500 reais em caixa. “Comprei um computador, duas cadeiras, contratei um funcionário e comecei a trabalhar”, conta. Por dez anos, ele tocou os negócios de forma quase intuitiva. Até que a empresa passou por uma grande transformação.
A mudança começou quando o empreendedor terminou sua primeira rodada de captação de investimento, que rendeu 350 000 reais. “Estava com dinheiro em caixa, não era hora de errar”, afirma. Foi quando ele decidiu participar da segunda edição do programa Mentoria PME, criado pela revista EXAME, que coloca empreendedores de todo o país em contato com altos executivos de grandes empresas para discutir os desafios do mercado e analisar seus próprios negócios.
Durante o programa, Netzka foi orientado por Silvio Genesini, ex-presidente da Oracle no Brasil e membro dos Conselhos de Administração da Cnova (Grupo Pão de Açúcar), Algar e Infracommerce, e por Tarsila Carvalho, CEO na Delinea - Tecnologia Educacional. “O processo foi tão transformador que até o nome da empresa mudou”, diz o empreendedor.
De GHN Inteligência de Mercado, ela passou a se chamar Tático ERP, mesmo nome do produto responsável por mais de 90% da receita da empresa. “Cheguei a São Paulo achando que ouviria um conselho ou outro, mas fizemos uma reviravolta no plano de negócios para acelerar nosso crescimento e buscar novas rodadas de captação”, afirma. “Agora, a meta é alcançar 1 milhão de reais.”
A mentoria também transformou a maneira de vender o Tático ERP, que era oferecido como produto e agora é comercializado como serviço, no modelo SaaS (sigla para software as a service, em inglês). “Essa é a tendência”, afirma o mentor Genesini. Para a empresa, a vantagem é tornar a receita recorrente. Para os clientes, a atualização contínua é um grande benefício. “Faz todo o sentido porque a melhoria precisa ser constante, como ocorre com os aplicativos para celular”, afirma Netzka.
Outra orientação foi formalizar e estruturar melhor a prestação de serviços. “Ele contratou uma empresa de advocacia e refez propostas e contratos com condições e cláusulas mais estruturadas”, afirma Genesini. Também foi direcionado a construir uma equipe de vendas e refazer a precificação do seu produto. Tarefa cumprida. “Hoje, sei claramente como defender o Tático ERP e o nosso modelo de negócio”, diz Netzka.
Genesini se diz satisfeito com a evolução do- Tático ERP. “O Netzka realmente aproveitou a mentoria, por isso o maior mérito é dele”, afirma. O mentor conta que, entre uma reunião e outra, o empreendedor trabalhava muito bem os pontos discutidos e voltava com progressos claros. “Foi um aluno nota 10”, define Tarsila. “Foram cinco encontros, um por mês, em que ele mudou a empresa de patamar e amadureceu, sempre animado, querendo aproveitar tudo.”
Agora, quando a próxima rodada de investimento chegar, já tem destino certo. “Metade do dinheiro vai para o time de força de vendas, porque precisamos investir em fortalecimento da marca”, diz Netzka. “Trinta por cento vão para o time de entrega e os outros 20%, para o time de engenharia, para o produto continuar evoluindo”, afirma.
Para o mentorado, o melhor do programa foi ter um benchmarking para saber se seus pensamentos estavam certos ou não. “E é sempre bom ter um presidente endossando sua ideia”, constata Netzka. A próxima edição do programa EXAME Mentoria PME deve começar em agosto.
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