Migração digital: marcas adotam Threads e Bluesky em busca de engajamento após o bloqueio do X. (Dan Kitwood/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de setembro de 2024 às 14h27.
Última atualização em 22 de setembro de 2024 às 14h32.
Após o bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), as marcas ainda lutam para manter o engajamento com o público no ambiente digital em plataformas alternativas, como o Threads, lançado em julho de 2023 pela Meta, e o Bluesky, desenvolvido pelo mesmo criador da rede do Twitter, Jack Dorsey, em 2019.
Embora a migração ainda seja tímida, a mudança de foco para novas plataformas reflete a necessidade de adaptação rápida em um cenário digital em constante transformação. Muitas empresas, aliás, sequer se inscreveram no Bluesky, como Heineken BR, Guaraná Antártica, Bradesco, Natura e Outback BR, entre outras. No Threads, no entanto, algumas dessas instituições já têm recuperado o mesmo número de seguidores que possuíam no X, como a própria Heineken BR, O Boticário, Renner, Brahma, Reserva e Burguer King BR."
"Há sempre impacto, especialmente quando há concentração de estratégia e ações na plataforma. O X impulsionou formatos e parcerias inovadoras, como momentos de interação com a TV e os trending topics, que se tornaram um termômetro social relevante. É uma plataforma que garante grande alcance, visibilidade, segmentação e métricas para otimizar estratégias", diz Edmar Bulla, CEO do Grupo Croma e especialista em Marketing Digital por Harvard.
"Além disso, permitia o engajamento de comunidades, incluindo o seu uso para atendimento ao cliente e gerenciamento de crises. Muitos influenciadores e marcas usaram a plataforma como canal expressivo de promoções e vendas. Caso não volte, será natural a migração para outras plataformas e canais", complementa Bulla.
Uma das principais diferenças comentadas por quem está no mercado, hoje, é o fato de faltar ao Threads algum termômetro que contemple indicadores de acessos aos posts, ou até mesmo métricas de audiência, como os trending topics do X.
A demora no retorno do X é especialmente prejudicial aos setores que trabalham com marketing, publicidade, relações públicas e comunicação, visto que a antiga rede social era uma das principais plataformas de comunicação e conexão com os consumidores.
Executivos de diversas marcas, que optaram por não se identificar, apontam que o principal diferencial do X, já consolidado no mercado, era a rapidez na disseminação de posts e divulgações, com alguns conteúdos viralizando de forma orgânica em questão de minutos.
"Threads e BlueSky ainda enfrentam desafios significativos em termos de insights. Ambas as plataformas carecem de ferramentas robustas de análise e mensuração, o que limita a capacidade de avaliar o alcance e a relevância das discussões. Para muitos, essa lacuna é um fator crítico na avaliação do sucesso em redes sociais", explica Wagner Leitzke, líder de marketing digital da End to End.
O advogado Rodrigo Calabria, sócio da CCLA Advogados e especialista em direito digital, explica que, mesmo com o pagamento da multa amplamente noticiado, o X continua bloqueado e sem previsão de retorno. Segundo ele, há outras exigências do STF ainda não cumpridas.
Recentemente, a plataforma nomeou a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova como representante legal no Brasil. Mas o ministro Alexandre de Moraes determinou que a rede social apresente novos documentos à Corte para comprovar a reativação de sua representação legal no país.