Dress for Respect: campanha da Schweppes mostra assédio contra mulheres em baladas (Schweppes/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 16 de maio de 2018 às 14h02.
São Paulo - Muita gente por aí acha que mulher tem que se vestir "com respeito" se quiser ser respeitada. Estes são da tese de que uma mulher "mereceu" ser assediada ou estuprada. A saia era curta. O decote era amplo. Para eles, nunca é culpa do estuprador. É da vítima.
Bem, o nome disso, claro, é machismo. Pior: pensamentos assim beiram a conivência com crimes; pensamentos assim levam a crimes.
A marca Schweppes resolveu levar o conceito de "se vestir com respeito" para outros significados: quem sabe a roupa da mulher não consiga mostrar que falta, sim, muito respeito por aí nos bares e baladas?
Em "Dress For Respect", a marca criou um vestido especial, cuja tecnologia permite monitorar cada toque nele. Na campanha, três mulheres, Luísa, Tatiana e Juliana foram a um bar com o vestido.
Cada toque na roupa emitia um sinal via wifi para uma equipe, que conseguia verificar onde eram os toques e qual era a frequência deles.
O resultado, registrado pela roupa e por câmeras de vídeo: uma infinidade de homens puxando as mulheres pelo braço e toques não permitidos na cintura e em outras partes do corpo.
Em três horas e 47 minutos de filmagens, foram 157 toques no corpo das mulheres. Média de 40 toques por hora. Frisando: em nenhum momento os toques foram solicitados ou permitidos. Todos vieram "sem aviso" - ou seja, assédio mesmo.
A ideia era clara: mostrar como qualquer mulher está sujeita ao assédio de homens em locais públicos.
De acordo com a pesquisa “Chega de Fiu Fiu”, da ONG “Think Olga”, 86% das mulheres já foram assediadas na balada.
A criação é da agência Ogilvy Brasil.
Assista: