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Por campanha do McDonald's, Instituto Alana compra briga com Conar

Segundo advogada, Instituto não reconhece mais o Conar como instituição respeitosa

Briga veio por conta de uma decisão sobre a campanha "McLanche Feliz Rio", denunciada pelo Alana (Divulgação/FOX)

Briga veio por conta de uma decisão sobre a campanha "McLanche Feliz Rio", denunciada pelo Alana (Divulgação/FOX)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2011 às 17h40.

São Paulo - Uma decisão do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) colocou em xeque sua atuação, para o Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana. De acordo com a entidade, o conselho não serve mais ao que se propõe: fiscalizar o mercado.

A posição veio por conta de uma decisão sobre a campanha "McLanche Feliz Rio", denunciada pelo Alana por ser "claramente dirigida às crianças". O primeiro problema surgiu pela demora na análise do caso, já que a reclamação foi feita em 14 de abril mas a campanha saiu do ar antes do parecer do Conar. De acordo com o Alana, o "normal" é que a análise seja feita entre 15 e 20 dias, processo ainda mais rápido em caso de liminar, que pressupõe agilidade e urgência.

A decisão do Conar só saiu no dia 16 de junho e foi contrária ao Alana - arquivada por unanimidade. E aí surge o segundo problema: o tratamento dado ao Alana pelo Conar.

No texto que fala da decisão, assinado por Enio Basilio Rodrigues e ratificado por todos os conselheiros presentes, o Conar diz que o Alana é uma bruxa que "odeia criancinhas" e que, no Brasil, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, "McDonald's não é vício, é aspiração".

O Conar diz que "não há porque considerar que haja arranhões ao código de ética na atitude do McDonald's em promover seu McDonald's Feliz associando a possibilidade da criança consumir o alimento e adquirir o brinquedo. As fantasias ambientais de McDonald's e do desenho animado se harmonizam, fazem parte do mesmo universo".

"A criança azucrina os pais por causa disso? Claro que sim! Crianças foram feitas para azucrinar e para isso existe, quando necessário o famoso NÃO!, sem precisar ameaçar chamar a bruxa", continua o texto. "O Alana não tem o direito de decretar a hiposuficiência da família nos cuidados com os filhos, não tem o direito estalinista de tomar para si a gestão das crianças e de formatar seus hábitos." (Leia a íntegra em PDF).

A advogada e coordenadora-geral do Projeto Criança e Consumo, Isabella Henriques, disse ao Adnews que a entidade foi pega de surpresa: "Nós ficamos absolutamente chocados com o desrespeito do relator quanto ao Alana. Nós fomos difamados, isso é claro."


Segundo ela, o Alana não reconhece mais o Conar como instituição respeitosa, como vinha fazendo até então. "Aquilo está repleto de afirmações preconceituosas", disse, "diante dessa absoluta falta de ética, não há como o Alana continuar enviando os casos ao Conar". "O posicionamento do Alana é que deixamos de reconhecer a legitimidade de uma instituição que se diz de ética mas se porta dessa forma. Não tem como a gente aceitar um posicionamento desses."

O Alana ainda não decidiu se tomará alguma atitude concreta contra o Conar, já que recebeu o posicionamento na segunda-feira. Adiantou apenas que não mudará sua atuação em relação às denúncias, embora o Conar passe a ficar de fora.

"Nós sempre denunciamos para vários órgãos, o Conar era só mais um deles, até porque entendemos que o Conar não dá conta; ele era insuficiente para toda a problemática, mas isso não o excluía. Também denunciamos ao Ministério Público, Procons, Ministério da Justiça, entre outros", afirmou Isabella.

"Sem dúvida nenhuma que o Conar deve repensar sua forma de atuação, porque se quer ser uma instituição que toma conta da ética da publicidade do país, deveria cuidar de seu próprio modelo", finalizou.

Veja a campanha:

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