Aplicativo Rainbow: ideia é conectar clientes a prestadores de serviço éticos e respeitosos (Cromatech/Divulgação)
Tratar bem o cliente deveria ser requisito básico de empresas e prestadores de serviço, mas, infelizmente, a máxima nem sempre é uma realidade para o público LGBTI+.
Chocado com uma notícia de agressão física a homossexuais que utilizavam o serviço de um aplicativo de transporte, o empresário Edmar Bulla quis encontrar uma solução para o problema – e acabou desenvolvendo um novo negócio.
Ele lança neste domingo, 28, o Rainbow: um aplicativo que reúne uma série de serviços voltados para o público LGBTI+. “A primeira coisa que pensei sobre o projeto é que um aplicativo destes não deveria ser necessário”, diz Bulla, que é gay e afirma ter vivido situações de preconceito. “Precisar selecionar prestadores de serviços que respeitem o público LGBTI+ é a prova de que a situação está crítica.”
O lançamento do app ocorre de forma gradual. Nos primeiros dias, a ideia é atrair prestadores para aumentar a base, que, hoje, conta com cerca de 9.000 cadastrados em 24 diferentes categorias, como lavagem de carro, reparos domésticos, limpeza, babá e serviço de transporte (sim, um “Uber” próprio). O empresário estima que a plataforma funcione para clientes finais em meados de julho.
A ideia, com o tempo, é ampliar as categorias oferecidas, incluindo, por exemplo, serviços médicos.
Para oferecer serviços no aplicativo, os prestadores devem assinar um código de conduta, que aborda as visões do Rainbow em relação à dignidade humana. Basicamente, o texto fala sobre respeito à identidade do outro, abrangendo cor, sexualidade e gênero.
“É uma forma de combater o preconceito”, diz Bulla. “Basicamente, é um aviso ao prestador de serviços de que, se ele tem qualquer tipo de preconceito, não pode trabalhar com os clientes da plataforma.”
A garantia do comportamento ético é reforçada por um treinamento em formato de quiz, que simula situações que o prestador de serviços deve viver no cotidiano. Um exemplo de pergunta que pode revelar uma atitude sutilmente inadequada é “Você entra na casa do cliente e vê fotos que mostram um relacionamento homoafetivo. O que você faz?”. “Quem disser algo do tipo ‘ah, tenho um sobrinho que é assim também!’ não tem um comportamento apropriado”, diz Bulla.
O aproveitamento mínimo no quiz deve ser de 50%.
Todas as transações serão feitas diretamente pelo aplicativo. O prestador de serviços não paga pela inscrição ou oferta de trabalho — apenas paga uma taxa por serviço realizado. O percentual vai variar entre 15 e 20%, a depender do custo total cobrado pelo prestador. Cadastros podem ser feitos pelo site do Rainbow.
Bulla afirma que o projeto inclui uma contribuição social, revertendo parte da verba arrecadada para instituições de apoio à causa LGBTI+. As organizações que serão contempladas, no entento, ainda não foram definidas.