Marketing

Os grandes festivais e a corrida das marcas por um pódio que pode não significar muito

Toda marca que patrocina um grande evento deseja o tal do “share of voice”, mas será que elas estão desejando a coisa certa?

Show de Anavitória no Lollapalooza 2023 trouxe luz num dia quente (Lollapalooza/Divulgação)

Show de Anavitória no Lollapalooza 2023 trouxe luz num dia quente (Lollapalooza/Divulgação)

Ronaldo Fonseca
Ronaldo Fonseca

CEO do A-Lab

Publicado em 22 de março de 2024 às 15h48.

Última atualização em 22 de março de 2024 às 15h49.

Nos bastidores dos grandes festivais, em que as marcas competem pela atenção do público, o “título” de “share of voice” (participação de uma marca na conversa) se tornou o queridinho. Porém, antes de desejarem ser as mais faladas, as companhias deveriam fazer uma pausa e questionar os seus objetivos de negócio - aqueles que viraram direcionamento de marca e que a fizeram escolher se conectar com o evento - foram verdadeiramente atingidos.

Antes de mergulharmos na busca pelo reconhecimento público, é fundamental lembrar que o marketing existe para ser suporte para o negócio e os objetivos de comunicação são derivados dos objetivos de negócio.

Então, será mesmo que vale ter o título de marca mais falada se nenhum objetivo de comunicação foi atingido? Ou será que o “share of voice” virou o objetivo?

Penso que o sucesso de uma marca em um festival deveria ir além da mera menção nas redes sociais ou da lembrança instantânea.

Outro ponto que vale a reflexão: como medimos o “share of voice”?

Não deveríamos considerar a sentimentalização das interações? Faz sentido um comentário positivo, por exemplo, pesar o mesmo que um negativo? Não deveríamos olhar para além das métricas superficiais e buscar compreender o verdadeiro impacto das interações?

Além disso, faz sentido comparar o alcance dos posts de duas marcas nas redes sociais sem levar em consideração seus investimentos em mídia? O investimento em mídia aumenta consideravelmente o alcance de uma publicação, ignorar esse aspecto pode distorcer significativamente os resultados percebidos, não?

Reflito ainda se vale a pena “crucificar” a experiência ao vivo em troca de posts nada orgânicos para somar ponto na disputa do “share of voice”. Se você já foi a um festival e participou de alguma experiência de marca já deve ter sido praticamente obrigado a fazer um post com alguma hashtag ou para viver a experiência em si ou para ganhar algum brinde. O que ficou disso? Para mim, como consumidor, fica sempre uma experiência pior em troca de uma menção.

A busca pelo “share of voice” nos grandes festivais é uma jornada complexa, cheia de desafios e oportunidades. Enquanto as marcas competem pela atenção do público, é importante lembrar que o verdadeiro sucesso reside na conquista dos objetivos de negócio estabelecidos.

Em um tempo que a transparência e a responsabilidade são mais importantes do que nunca , é fundamental que as agências assumam um compromisso renovado com as estratégias das marcas que representam, garantindo que cada ação e investimento contribua para resultados tangíveis e sustentáveis. Somente assim poderemos transformar a corrida pelo “share of voice” em uma busca genuína pela excelência estratégica e pelo impacto significativo.

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