Sean Penn (esq), Jessica Chastain e Brad Pitt na exibição do filme "A Árvore da Vida" do diretor Terrence Malick, no Festival de Cannes de 2011 (Eric Gaillard/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2011 às 12h26.
São Paulo - Terrence Malick trouxe seu grande circo místico ao maior festival de cinema do mundo - finalmente. "A Árvore da Vida" já havia sido uma das atrações anunciadas de Cannes no ano passado, mas 'Terry' - como o chamam os integrantes da equipe -, ainda não estava satisfeito com o resultado, leia-se a montagem. Entre os cinco montadores creditados de "The Tree of Life" está o brasileiro Daniel Rezende, que já trabalhou com Fernando Meirelles, em "Cidade de Deus", e com José Padilha, em "Tropa de Elite 2".
Havia uma imensa expectativa em relação ao filme. Ele foi assistido em contemplação, quase como uma experiência espiritualista. No fim, surpreendentemente, vaias. Os aplausos demoraram um pouco e nem foram tão caudalosos. Dizer que o filme é bonito não dá conta de sua complexidade. Trata-se de uma rara experiência audiovisual. As imagens são de cortar o fôlego - imagens da natureza, que tentam tornar palpável o 'mistério'. De Deus (e da graça). "A Árvore da Vida" acompanha uma família: pai, mãe e três filhos. Brad Pitt e Jessica Chastain formam o casal. Um dos filhos morre logo no começo e lança a mãe num lamento fúnebre que se prolonga por quase um terço da duração de duas horas e 18 minutos.
A mãe se indaga sobre o sentido da sua perda, sobre a crueldade de Deus. O filho revoltado - que vira Sean Penn quando adulto - recusa-se a ser bom porque o próprio Deus não o é. Ele é bem um produto da educação dura demais que recebeu do pai.
Malick não quis contar uma história, no sentido tradicional. Ele tece mais uma sinfonia filosófica. Mas a verdade é que, por mais impressionante que seja "A Árvore da Vida", a sensação é de um Stanley Kubrick de segunda mão. A relação do macro e do micro universo vem de "2001, Uma Odisseia no Espaço". Na coletiva do júri, o presidente, Robert De Niro, disse que pretende premiar filmes, não autores. Malick virou mito - e o fato de não ter participado da coletiva (ele é tímido, garante sua produtora) apenas alimenta especulações. Premiado com a Palma de Ouro de melhor diretor no Festival de Cannes em 1978 por "Cinzas no Paraíso", Malick também dirigiu "Terra de Ninguém" (1973), "Além da Linha Vermelha" (1998) e "O Novo Mundo" (2005). Depois de um grande filme popular ("O Artista", de Michel Hazanavicius, no domingo), Cannes propôs ontem um grande filme mais 'artístico'.
Brad Pitt está encantado com ele. Trabalhar com um diretor tão especial, segundo o marido de Angelina Jolie, cria um padrão de exigência que, ele acha, terá desdobramentos em sua carreira. Por falar em Angelina, ela está em Cannes com o marido - e a trupe que veio apresentar "Kung Fu Panda 2". A futura Cleópatra aproveitou para anunciar sua estreia na direção, em "In the Land of Blood and Money", com estreia prevista para dezembro. As informações são do Jornal da Tarde.