Nike: após 30 anos de parceria, gigante americana tenta renovar contrato com a CBF (Qilai Shen/Bloomberg/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 19 de setembro de 2024 às 19h24.
Fornecedora oficial da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) há 30 anos, a Nike ainda busca renovar o contrato com a entidade, que vence no final de 2026. No entanto, a primeira oferta feita pela empresa americana foi recusada, já que a confederação espera um valor muito superior, semelhante ao que foi oferecido extraoficialmente por concorrentes.
As mais cotadas para assumirem a camisa Canarinho são Adidas e Puma, que sinalizam com ofertas próximas a 175 milhões de dólares, valor cinco vezes maior que o atual contrato da entidade (35 milhões de dólares). A Adidas, inclusive, tenta recuperar uma seleção de prestígio após perder a parceria com a Alemanha, que terá a Nike como fornecedora a partir de 2027.
“As marcas são muito atraídas pelo alcance das seleções. Mesmo que não seja o mais popular em todos os países, o futebol ainda é o esporte mais famoso do mundo e carrega uma legião de fãs em todos os cantos do globo", diz Artur Mahmoud, diretor de negócios da End to End. "Disputar grandes competições em alto nível e com os melhores jogadores, também torna as seleções um produto mais atrativo. Isso se comprova ao vermos pessoas usarem camisas de outros países, o que é mais incomum para os times. Por esses motivos, os uniformes nacionais são mais valorizados", complementa.
Caso feche o novo acordo, o Brasil pode superar França e Real Madrid, donos das camisas mais valiosas entre seleções e clubes, respectivamente. Neste ano, a Federação Francesa renovou com a Nike e garantiu uma quantia de 107 milhões de dólares por ano até 2034. Já o time espanhol recebe 129 milhões de dólares anuais da Adidas, com contrato até 2028.
“O fato do Brasil ser o único pentacampeão mundial já justificaria a camisa da seleção ser a mais valiosa. A exportação dos nossos jogadores para grandes clubes europeus, que quase sempre acabam tendo carreiras gloriosas, também é um fator essencial para entender o peso do manto brasileiro", afirma Renê Salviano, especialista em marketing esportivo e CEO da Heatmap.
Mesmo não estando em grande fase, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking das camisas mais valiosas, atrás de França (Nike), Alemanha (Adidas) e Inglaterra (Nike). O trio embolsa, respectivamente, 107 milhões de dólares, 56 milhões de dólares e 44 milhões de dólares anualmente.
“Os uniformes das seleções são uma das maiores demonstrações de conexão entre o futebol, a população e a moda. Com o crescimento das parcerias entre as marcas de materiais esportivos e as federações, a quebra de fronteiras do consumo, a alta demanda, e a competitividade entre empresas concorrentes, estamos caminhando para um aumento constante nos valores pagos pelas fornecedoras”, explica Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.
Um dos atrativos das propostas feitas à CBF é o pagamento de royalties sobre a venda de camisas, além da abertura de lojas e participação na comercialização. “Atualmente, ser uma marca que produz materiais esportivos para grandes players é como ter uma mina de ouro, é a oportunidade de usufruir de particularidades inimagináveis e ter um retorno comercial gigante”, comenta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports.
Segundo Wolff, trata-se de um mercado que tem novas situações nascendo todos os dias. "Incluindo a chance de patrocinar a Seleção Brasileira, que é ainda hoje a maior campeã e tem um alcance mundial”, diz.
Diante do atual contrato, CBF e Nike têm até janeiro de 2025 para definir se haverá uma extensão do patrocínio. Caso as partes não cheguem a um acordo até lá, a entidade estará liberada para ouvir oficialmente os concorrentes. A expectativa, entretanto, é que a situação seja definida até outubro deste ano.