Marketing

Miss Peru denuncia números da violência em vez de medidas

Campanha troca números de medidas do corpo por números sobre violência contra as mulheres

Miss Peru: campanha para falar sobre violência contra a mulher (AdNews/Reprodução)

Miss Peru: campanha para falar sobre violência contra a mulher (AdNews/Reprodução)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 1 de novembro de 2017 às 13h39.

Última atualização em 1 de novembro de 2017 às 15h28.

Concursos de beleza sempre foram um tipo de reforço de estereótipos estéticos. Eventos do tipo “miss” alguma coisa se multiplicaram a ponto de atingir crianças que não sabem ainda nem falar.

Neste recorte, a sexualização que elas sofrem fica clara ao analisar suas roupas, maquiagens e penteados. Na contramão deste estímulo, o Miss Peru 2017 usou seu espaço de representatividade para protestar contra a violência de gênero existente no país.

A atitude sinaliza o crescimento da voz das mulheres diante da realidade global que cerceia seus corpos e vidas. Tanto por acontecer em um evento do tipo quanto por trazer atenção a um assunto tão importante em nível mundial.

Todas as 23 participantes divulgaram números da violência contra a mulher em sua região natal em uma iniciativa que não partiu apenas das concorrentes, mas fazia parte da organização oficial do evento.

Dividido em três partes, o protesto foi iniciado logo no começo do programa, quando as candidatas se apresentaram ao microfone: “Sou Diana Rengifo, de Ucayli, e mais de 300 mulheres em meu departamento (equivalente a nossos estados) são agredidas física e psicologicamente”, disse uma das candidatas. “Meu nome é Camila Canicoba e represento o departamento de Lima. Minhas medidas são 2.202 casos de feminicídio registrados nos últimos nove anos no meu país”, afirmou outra.

Enquanto a cantora peruana Leslie Shaw interpretou a canção “Siempre más Fuerte”, na hora do desfile em traje de banho, as telas do fundo mostravam manchetes de jornais locais com notícias sobre violência contra mulheres.

Uma das organizadoras do concurso, Jessica Newton, defendeu que as mulheres são livres para agir ou se vestir como quiserem, e que nada disso dá o direito a alguém de faltar com o respeito, definir o que elas são e muito menos de tocá-las.

Durante a sessão de perguntas e respostas foi hora do terceiro momento do protesto quando diversas concorrentes expressaram sua rejeição à violência de gênero.

A vencedora do concurso, Romina Lozano, foi questionada sobre como combater os assassinatos de mulheres. “Proponho criar um banco de dados com informações sobre cada agressor, não apenas de feminicídio, e assim podermos nos proteger”, defendeu Lozano.

Durante o evento a hashtag #MisMedidaSon (Minhas Medidas São, em português) foi uma das mais populares no Twitter.

Você saberia dizer quais as medidas da sua região?

Acompanhe tudo sobre:FeminismoMachismoMulheresPeruViolência urbana

Mais de Marketing

Burger King e Mari Maria lançam glosses com aromas inspirados em itens do cardápio

Casa da Asics em São Paulo já realizou mais de 20 mil encontros com corredores

Caravana de Natal da Coca-Cola Femsa Brasil percorre 85 cidades e tem até IA; veja locais

Spaten: como uma marca de 600 anos continua de pé e 'lutando' pelo consumidor?