Projeto do JK Iguatemi: Shopping recém-inaugurado é exemplo de como o investimento de marcas estrangeiras tem crescido (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2012 às 15h31.
Última atualização em 29 de julho de 2019 às 19h32.
Rio de Janeiro - Pela primeira vez, o Brasil desponta como potencial mercado de luxo no mundo. Marcas nacionais e internacionais vêm investindo em lojas físicas no país de olho no crescimento econômico. Um exemplo é o recém inaugurado shopping JK Iguatemi, em São Paulo, que reúne lojas de marcas como Prada, Carolina Herrera, Chanel, Calvin Klein, Dolce & Gabanna, Channel e Gucci.
O JK Iguatemi nasceu com a proposta de atrair a atenção dos clientes em potencial de alto padrão, cada vez mais propensos a gastar. Para isso, o shopping foi construído com uma proposta diferente, com as lojas de padrão mais alto no térreo, com grifes nacionais como Amsterdan Sauer, H.Stern e Vivara. “É como se fosse uma pirâmide de Maslow invertida, onde os primeiros pisos são ocupados pelas marcas de alto luxo, que estão ingressando no Brasil de forma pesada. Isso mostra que o país é um foco em potencial para essas companhias”, explica Paulo Al-Assal, Diretor-Geral da Voltage e especialista em tendências, em entrevista ao
Mundo do Marketing.
A expectativa, segundo dados do Fundo Monetário Internacional, é que o Brasil se torne a quinta maior economia do mundo, à frente da França e da Alemanha. Segundo o estudo Brazil Market, coordenado pela agência Voltage em parceria com a inglesa The Future Laboratory, o crescimento econômico brasileiro atingiu a marca de 7,5% em 2010 e, até agora, já chegou a 3,5%, ultrapassando o Reino Unido. O Brasil conta atualmente com 50 bilionários e cerca de 155 mil milionários. Esse aumento na renda vem movimentando o mercado de luxo.
Entendimento do consumidor
O bom desempenho das marcas no Brasil, no entanto, depende do entendimento de que o consumidor brasileiro é diferente do de mercados mais amadurecidos. O mercado de luxo brasileiro aponta características próprias diferentes de outros países e que devem ser observadas pelas marcas. Enquanto nos Estados Unidos e Europa esse público está mais interessado em valores ligados a heranças ou questões históricas ou de arte, no Brasil, o interesse maior está ligado ao status e à ostentação. “O grande erro que muitas marcas cometem quando vêm para o Brasil é não observar essa diferença. O brasileiro busca mais esse brilho, o prestígio. São tipos diferentes de luxo, mas o que posso dizer é que esse mercado no Brasil ainda tem muito para crescer”, diz Al-Assal.
Mesmo com o aumento da renda, estudos apontam para o surgimento de um consumidor mais consciente, preocupado com sustentabilidade. Uma análise em parceria com a Bridge Research mostra que o brasileiro busca valores humanos nas marcas e tem a expectativa de construir um relacionamento pautado pela transparência, honestidade, integridade, respeito e ética.
Essa consciência, no entanto, é diferente para o consumidor de alto padrão. “Com relação ao mercado de luxo, essa consciência ainda é diferente. As pessoas ainda não pensam muito na sustentabilidade, infelizmente. O brasileiro ainda está mais preocupado com o consumo”, completa Paulo Al-Assal. A mesma pesquisa mostra que o brasileiro não está satisfeito com o que as empresas apresentam como propósitos: 63% dos entrevistados mostram insatisfação ao afirmar que falta honestidade nas marcas e 53% nas as associam a características humanas valorizadas.
Marcas trazem lojas para o Brasil
Ainda de acordo com o estudo, nos próximos anos, não haverá uma marca de luxo que não tenha uma loja no Brasil. A marca de acessórios Coach, por exemplo, tem planos de abrir, em 2012, sete lojas no país e prevê, com a iniciativa, um crescimento anual de 20%. Embora o Brasil tenha taxas de importação elevadas, as marcas internacionais estão dispostas a investir. As vendas anuais da Tommy Hilfiger no Brasil são de cerca de US$ 320 milhões, as mais elevadas entre todos os países latinoamericanos.
Os brasileiros gostam de consumir marcas que são ícones internacionais. Cerca de 75% do consumo de bens de luxo é feito por mulheres que compram perfumes, cosméticos, roupas, acessórios e jóias. Em contrapartida, a “Geração Y”, de acordo com a pesquisa, passa a associar o consumismo com algo que deve ser evitado. “A marca Osklen está atenta a essa nova demanda e tem desenvolvido um trabalho com os povos da Amazônia, criando seda orgânica e outros tecidos naturais. Ou seja, está reinventando o conceito de luxo”, analisa Paulo Al-Assal.