Marketing

Marketing precisa de uma nova visão para resgatar sua relevância estratégica

O uso de táticas invasivas e a proliferação de métodos superficiais desgastam a profissão e o ensino de marketing, comprometendo sua credibilidade

Marcos Bedendo, coautor de Marketing H2H, é professor de branding e marketing na ESPM-SP e sócio-consultor da consultoria BrandWagon  (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Marcos Bedendo, coautor de Marketing H2H, é professor de branding e marketing na ESPM-SP e sócio-consultor da consultoria BrandWagon (Arquivo Pessoal/Divulgação)

Publicado em 7 de novembro de 2024 às 11h01.

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Em um cenário onde a tecnologia evoluiu radicalmente, conectando pessoas e permitindo novos canais de relacionamento, o marketing deveria se adaptar para criar vínculos reais e duradouros. No entanto, assistimos à banalização de táticas invasivas, sem ética e de curto prazo, que corrompem o valor da profissão e desgastam a confiança do público. O marketing, que deveria ser uma força estratégica nas empresas, parece ter perdido seu rumo e sua relevância, comprometendo seu impacto no ambiente de negócios e sua relação com consumidores e stakeholders.

Essa crise de propósito reflete-se também no ensino do marketing, com a proliferação de cursos de baixa qualidade, onde falta profundidade e senso crítico, e onde sobram uma coleção de ferramentas prontas e fórmulas de resultados instantâneos. “Influenciadores” sem formação nenhuma em marketing oferecem cursos de “hacks” e “ferramentas infalíveis” que prometem sucesso imediato, mas que em nada se conectam com o pensamento estratégico necessário para o sucesso da empresa.

O marketing foi reduzido a tarefas automáticas e instrumentais, e os resultados são previsivelmente ruins, gerando frustração entre empresários e profissionais que, ao aplicarem essas fórmulas, acabam não vendo resultados significativos – e culpam o marketing, que supostamente não funciona.

Essa forma de aprender e fazer marketing gera um impacto nocivo no mercado: táticas superficiais, de baixa integridade e sem direcionamento de longo prazo. A profissão sofre um desgaste significativo e vê sua imagem manchada.

É urgente transformar a prática e o ensino do marketing, elevando-os ao nível de estratégia de negócios.

Philip Kotler sempre propôs um marketing estratégico, abrangente, e que focasse na criação de valor. No seu novo livro, o Marketing H2H, do qual sou coautor para a edição brasileira, ele propõe justamente essa mentalidade. E vai além: coloca o ser humano no centro, e para além dos consumidores, considera também os colaboradores, parceiros, fornecedores, acionistas e a própria sociedade nesse processo de construção de valor.

Para transformar o aprendizado de marketing, é preciso focar em alguns pontos fundamentais. Primeiro, adotar uma visão mais humana, entendendo como as práticas de marketing podem evoluir para acompanhar o mundo atual. É preciso colocar as pessoas no centro de tudo, priorizando conexões genuínas e colaboração entre todos os envolvidos.

Também é importante valorizar a empatia, entendendo o que realmente importa para cada público e buscando soluções inovadoras. Com o avanço da tecnologia, é essencial usá-la com equilíbrio para que o marketing digital se torne uma ferramenta de aproximação e não de distanciamento. Esse novo marketing precisa estar atento às transformações do mercado, fortalecer a imagem da marca e, ao mesmo tempo, respeitar valores éticos e sustentáveis.

Livro Marketing H2H: A Jornada para o Marketing Human to Human, publicado pela Editora Benvirá (Editora Benvirá/Divulgação)

É preciso ainda se ter a capacidade de inovar constantemente, pois num mercado ultracompetitivo apenas os melhore produtos sobrevivem. O profissional de marketing de hoje deve ter uma visão ampla e criativa, fazendo ações que criem um vínculo verdadeiro com a comunidade ao redor da marca. Isso significa criar conteúdo e experiências que ressoem com as pessoas de forma duradoura e preparando o marketing para um mundo que muda rapidamente.

Essa nova visão é necessária para redefinir o verdadeiro profissional de marketing. Esse modelo exige comprometimento dos CEOs em oferecer espaço para CMOs, mas também exige dos profissionais de marketing uma sólida compreensão do negócio, tornando-os essenciais para o planejamento estratégico e de futuro da empresa e deixando de lado o papel de “gerador de leads”. E é isso que Philip Kotler pretende ensinar, ao vivo, num novo curso que planejamos com muito cuidado para fomentar a evolução da visão de marketing aqui no Brasil.

Esse texto é uma chamada para que mais pessoas se juntem a esse movimento de transformação e aprendam o verdadeiro significado de fazer marketing, elevando a profissão e o mercado do marketing ao seu verdadeiro potencial.

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