Valentina Schulz com o jurado Erick Jacquin: a executiva afirma discordar da tese de que os assediadores de sua filha são "doentes e pedófilos" (Reprodução/Facebook)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2016 às 13h02.
Sete meses depois de ter visto sua filha Valentina, de 12 anos, sofrer assédio sexual nas redes sociais enquanto participava do programa MasterChef Junior, Daniela Schmitz decidiu se posicionar sobre o caso.
Schmitz, que é vice-presidente executiva de engajamento para marketing na agência Edelman Significa, se manifestou por meio de um texto publicado no site Meio e Mensagem.
No texto, a executiva afirma discordar da tese de que os assediadores de sua filha são "doentes e pedófilos":
"A maior parte deles são simplesmente rapazes que desde sempre foram impactados por imagens e mensagens nas quais as mulheres ou pedaços delas eram tratadas como objetos sexuais. Imagens e mensagens contidas nos anúncios, nos filmes e outdoors que os leitores deste jornal criaram, aprovaram e veicularam. E assim, cresceram, crescemos… ajudando através da publicidade a construir a cultura do estupro."
Inspiração
O impulso de escrever, diz Daniela, surgiu após ela ter assistido a um emocionante discurso da publicitária Madonna Badger, apresentado neste domingo (20) durante o Festival Internacional de Criatividade de Cannes, que premia anualmente o melhor da criação publicitária.
A agência novaiorquina Badger & Winter, da qual Madonna é sócia, lidera a campanha #WomenNotObjects (#MulheresNãoObjetos), contra a objetificação da mulher na publicidade.
Veja, abaixo, um vídeo da campanha (é possível colocar legendas em português clicando na engrenagem):
A mãe de Valentina propõe que as pessoas assistam à campanha de Badger, reflitam e mudem sua forma de pensar. Mas diz que é preciso ir além:
"Mais do que assistir, refletir, mudar o mindset, eu recomendo que a gente radicalize, deixando de consumir marcas que promovam a objetificação da mulher (...) Porque isso não são campanhas publicitárias, isso é contribuir ativamente para a construção de um padrão de comportamento estuprador, desumano e que coloca a mulher, desde bem pequena, num contexto profundamente humilhante e incentiva os homens, desde cedo a tratá-las como objetos."
E completa:
"Não é brincadeira, não é sexy e muito menos engraçado. Isso não é nem mesmo propaganda. Isso é algo que vai contra a reputação das marcas e das pessoas por trás dessas marcas. E isso a Badger & Winters também comprovou através de suas pesquisas."