São Paulo - Aos 18 anos, LeBron James foi considerado o número 1 na NBA e desde então ele tem mostrado muito potencial para crescer – tanto em performance como em valor.
Ele é uma marca que combina suas habilidades com sua conta bancária, e a soma é maior que as partes.
LeBron James tem objetivos ambiciosos: deixar um legado na história do basquete e ser o primeiro atleta bilionário.
Tudo indica que o jogador que mais vende camisas de jérsei nos Estados Unidos, alcançará o feito.
Isso porque ele acabou de fechar um contrato com a Nike para toda a vida, no valor de mais de US $ 60 milhões por ano, de acordo com Cleveland.com.
O negócio é considerado o maior da história da Nike, provavelmente deixando Michael Jordan com um pouco de ciúmes pela primeira vez em sua vida.
Cuidadoso com a sua marca pessoal, Le Bron não foi escolhido por acaso.
Há alguns anos, o atleta contratou a Interbrand para avaliar o valor da sua marca pessoal e sugerir caminhos para impulsioná-la.
A avaliação identificou o fluxo de rendimento atual e futuro do atleta e considerou diversos fatores que poderiam impactar a sua marca, como: vitórias em campeonatos, prêmios, estatísticas de performance e até a trajetória pessoal.
Isso permitiu não só estimar seus ganhos ao longo do tempo, mas também o seu valor de marca global. Foram analisados 50.000 cenários de carreira, aplicados aos times que estavam mais propensos a contratá-lo – New York, Cleveland, Chicago and Miami. Para cada cenário foram levados em consideração fatores como: mercado, valor do time, quantidade e lealdade dos torcedores.
LeBron James é um exemplo de atleta que faz uma gestão profissional da sua imagem. Nessa equação, contam os pontos marcados em quadra, mas também com os fãs, os times, os adversários, a imprensa, os investidores, os patrocinadores, as marcas.
Tudo conta – e pode engordar a conta.
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1. O eu como marca
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1/3 (Nike/Divulgação)
São Paulo - A construção do "personal branding", antes informal e pouco praticada no Brasil, começa a se tornar uma prática comum e aquecer novos negócios por aqui. Com empresas com poucos anos no mercado ou recém abertas, a tendência é mais trabalho para atender a demanda que não para de crescer.
Artistas,
atletas e
personalidades estão percebendo, aos pouco, a importância - e o poder - de se construir uma marca forte em torno de sua persona. Ao gerenciar e pensar todos os aspectos de suas vidas - aparência, dia a dia, vida profissional, vida pessoal, relações com empresas e suas marcas, vida e presença online -, essas personalidades querem construir o seu "eu como marca" da forma mais sólida possível. A partir de um nome e imagem fortes, os caminhos para novos negócios, parcerias e participação em novas campanhas publicitárias estão abertos. E com isso, claro, lucros polpudos. Recentemente, um relatório da JWT Intelligence dos EUA listou as 100 tendências de 2015 no mundo das marcas, consumo, tecnologia, política e estilo de vida. Entre as centenas de páginas, dois pontos chamam a atenção quando se pensa em personal branding. Primeiro: é tendência para 2015 o "eu como marca", o que eles chamam de "me brands". A geração dos millenials estão deixando de ser apenas consumidores para se desenvolverem eles mesmo como marcas - fazendo curadoria de sua imagem online, se monetizando via mídias sociais e produzindo conteúdos. Nisso, entram não só os famosos, mas aqueles anônimos que sonham com a fama. O segundo ponto: artistas e atletas podem se preparar para construir uma imagem forte porque as empresas vão demandar isso. Elas estão de olho em quem pode agregar um valor real a elas. Segundo o estudo, as celebridades estão deixando de ser apenas "um rosto da marca" para se tornarem parceiras nos negócios. Para esse clube, claro, só quem tem uma imagem sólida e um valor palpável será chamado. Para Marco Serralheiro, diretor da agência
9ine, "as personalidades ainda têm dificuldade em entender que precisam de ajuda. Claro, elas chegaram num lugar de sucesso, conquistaram o que queriam. Mas precisam de ajuda para construir uma imagem". Pedro Tourinho, criador da agência NoPlanB, concorda: "Ainda é difícil para os próprios artistas perceberem que eles podem ser ajudados, que há outras formas de fazer as coisas - com menos informalidade e mais profissionalismo".
Confira, na galeria de imagens, quatro exemplos de agências e personalidades que estão investimento no mercado do "eu como marca".
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2. NoPlanB
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2/3 (Criolo/Divulgação)
A agência
NoPlanB foi fundada há pouco mais de um ano pelo
publicitário e executivo Pedro Tourinho, no Rio de Janeiro. Além de trabalhar com empresas e marcas que buscam o melhor rosto para seus trabalhos, como
Fiat,
Samsung e
Vivo, a agência cuida da imagem de artistas e também da aproximação deles com empresas e novos negócios. No mundo da música, Tourinho trouxe nomes de peso como Tulipa Ruiz e Criolo. Da televisão, a agência tem nomes como Bruno Gagliasso e Marco Pigossi. Na semana passada, anunciou a contratação de Chay Suede. Pedro Tourinho, que trabalhou durante anos com as Organizações Globo e a Rede Record, decidiu abrir a própria agência depois de sentir que havia uma brecha no mercado brasileiro. "Da minha experiência nos Estados Unidos, percebi que lá não existiam apenas empresas especializadas em mídia, publicidade ou entretenimento. Existiam muitas focadas apenas na carreira dos artistas. Coisa quase inexistente no Brasil. Aqui é muito informal. Há empresários que cuidam disso, mas não empresas. Nessa informalidade, o artista não sabe quanto pedir para a empresa, a empresa não sabe quanto custa realmente um artista e o valor dessa pessoa acaba ficando indefinido, frágil", diz Tourinho. Com Criolo e Tulipa, a NoPlanB cuida apenas da aproximação deles com as marcas na hora de fazer novos negócios. Já no caso dos atores globais, a agência também cuida da construção da imagem no dia a dia. Tourinho acredita que o pilar essencial para a construção do "branding" da pessoa é a coerência. "O artista precisa ter seus valores e se mostrar sempre coerente. Em seus discursos, nos trabalhos, no dia a dia, em uma entrevista. Porque, se ele vende o que não acredita, o público percebe". O caso do músico Criolo é um ótimo exemplo. Recém lançado, o seu novo disco "Convoque Seu Buda" saiu com patrocínio da
Petrobras. Tourinho explica: "O Criolo é extremamente criterioso no hora de ver com qual marca ou empresa ele vai se relacionar. Ele só aceitou receber esse patrocínio porque, pelo acordo, isso iria permitir que o disco fosse disponibilizado, desde o início, para download gratuito. Era a condição primordial para ele". Deu muito certo.
Construção A construção da marca da pessoa passa, claro, pelas redes sociais. A NoPlanB ajuda os artistas a se posicionarem nas redes e perante a mídia. "As redes sociais são importantes porque ali tem o contato direto com o público. E são seus fãs, seus seguidores. Eles vão levar a sério aquele conteúdo. Então não pode ser qualquer coisa. E não pode soar falso", diz. O artista deve aproveitar aquele espaço, inclusive, para mostrar o seu dia a dia, seu outro lado fora da tela, e mostrar como é realmente seu trabalho. "O Bruno Gagliasso, por exemplo: ele quer mostrar que o trabalho do ator é árduo, é sério, que existe intensa preparação. Ele sabe que não é um mundo fácil. Então ele mostra todo o processo de construção do personagem para os fãs do Facebook e do Instagram. Posta fotos lendo o roteiro, estudando o personagem; fotos nas aulas e nos treinos; posta imagens de filmes e livros que o inspiram etc", diz Pedro.
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3. 2MB
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3/3 (Foto/Divulgação)
A
2MB, empresa de agenciamento artístico, é veterana no mercado. Foi criada há 15 anos pela apresentadora
Ana Maria Braga e pelos irmãos Carlos e Cléber Madrulha. Os primeiros clientes foram chefs de cozinha, tendência que se mantém com os atuais clientes da empresa: Palmirinha, Edu Guedes, Carlos Bertolazzi e Carla Pernambuco, entre outros. Entre os clientes da televisão, a própria Ana Maria Braga, Suzy Rego, Rosana Jatobá e Val Marchiori, entre outros.
Stephanie Klovrza, sócia da 2MB, crê que ética é essencial para a personalidade construir uma imagem de confiança, necessária na hora das empresas fecharem um contrato. "Sabemos que uma boa aparência é importante, mas nosso principal direcionamento é que eles sejam estáveis e dedicados na vida profissional, sempre buscando se especializar e se atualizar nas áreas em que atuam", explica. Stephanie explica que "vestir a camisa" da empresa ajuda o artista a consolidar a sua marca e faz o trabalho dar certo. "Nessa área, a pessoa precisa acreditar no que está vendendo para manter sua credibilidade. A pessoa precisa parecer uma amiga, não uma celebridade distante".
Erros Para Stephanie, a agressividade pode ser um erro fatal nesse mercado: "Um grande erro é agir de forma agressiva com os seguidores, os fãs e os clientes. Faz parte do direcionamento das celebridades aqui na agência estarem preparadas para qualquer trabalho ou na exposição em redes sociais. Trabalhamos para que sejam participações sempre positivas, trazendo um conteúdo interessante, com valores que muitas vezes mudam a vida das pessoas". Para evitar que as pessoas se envolvam com marcas que não têm nada a ver com elas, a saída é estudar muito. "Todos os artistas da agência se envolvem com os produtos e com os clientes antes de fecharmos qualquer trabalho. Eles aprovam tudo e participam de todas as etapas. Caso a campanha não esteja alinhada, não prosseguimos. Nossas parcerias com os artistas são sempre longas, a maioria deles está há mais de dez anos conosco, o que nos garante este feeling para entender o gosto, a dinâmica de cada um e direcionar os novos negócios com maior probabilidade de acerto", conta.