Daniel Craig como James Bond (Greg Williams/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 14 de março de 2019 às 08h00.
Última atualização em 14 de março de 2019 às 14h40.
São Paulo - O mundialmente famoso personagem James Bond, o agente 007, tem duas características icônicas em seus filmes, conhecidas por qualquer fã: ele toma um martíni "batido, não mexido"; e ele dirige um poderoso Aston Martin, marca britânica de carros de luxo.
Esses dois pontos não podem, em hipótese alguma, serem suprimidos dos filmes (já fazem parte da "mitologia James Bond"), mas isso não quer dizer que não sejam flexíveis - ainda mais se pensarmos que a realidade do cinema mudou: as produções dos anos 1960 com Sean Connery no papel de 007 eram bem diferentes das produções do século 21 com o ator Daniel Craig. Do modo de financiar o filme à distribuição e à parceria com marcas, Hollywood passou por mudanças.
A bebida predileta de Bond, por exemplo. O martini nunca será substituído. Isso não significa que o agente secreto não possa, também, beber outra coisa. No caso, a Heineken pagou para Bond tomar uma cervejinha em 2012, no filme "Skyfall", se valendo do "product placement". A marca começou a parceria com pé direito, já que o filme foi o de maior sucesso da franquia 007 de cinco décadas - ganhou dois Oscars e arrecadou mais de um bilhão de dólares. Na verdade, a marca já tinha uma parceria com a franquia desde 1997, no filme "Tomorrow Never Dies". Mas a bebida sempre aparecia "ao fundo". Somente em "Skyfall" Bond, de fato, toma um gole da cerveja. Diferença crucial.
A mesma coisa, parece, está prestes a acontecer com o carro oficial do James Bond. Apesar de já ter dirigido de Alfa Romeo a BMW, de Jaguar a Bentley, a marca de carro mais icônica dos filmes é a britânica Aston Martin. Um modelo DB5 marcou história com Sean Connery em 1964, no filme "Goldfinder". Para o próximo filme, que deve estrear em 2020 e que será o último com Craig no papel principal, Bond deverá fazer algo inédito: dirigir o seu primeiro carro elétrico.
Um carro elétrico, claro, tem tudo a ver com a realidade do século 21: aquecimento global e poluição desenfreada pela queima de combustíveis fósseis. Nesse cenário, as bicicletas ganham espaço e os carros se tornam, cada vez mais, vilões. Se seria um tanto "traumatizante" para os fãs verem seu amado Bond pedalando em traje gala na ciclofaixa para lutar contra os vilões, que seja, pelo menos, um carro elétrico - e que seja Aston Martin (não um Prius ou um Tesla).
No filme eco-friendly de 2020, que por enquanto tem o nome de Bond 25 (será o 25º filme da série) e que ainda não começou a ser filmado (mas tem, no elenco confirmado, Rami Malek e Léa Seydoux), o agente cheio de consciência ambiental vai dirigir um Aston Martin Rapide E, modelo elétrico da montadora britânica. Somente 155 veículos do tipo serão fabricados no mundo. Cada um sai por 250 mil libras - mais de R$ 1,2 milhão. A marca anunciou o carro em setembro de 2018.
Segundo a imprensa britânica, o diretor Cary Joji Fukunaga foi quem encabeçou a ideia e que ele é conhecido por ser um "tree-hugger" (literalmente, um "abraçador de árvores") - ou seja, ele é conhecido por defender questões ambientais. Ele teria convencido os produtores de que era a hora de Bond começar a ser "carbon free". Na Europa, a família Rapide da Aston Martin (sem o E, de elétrico) começou vendendo 468 unidades em seu primeiro ano, em 2011. De 2014 para frente, as vendas caíram. Em 2018, foram 74 unidades vendidas - contra 124 em 2017.