Instagram: o app é do Facebook, mas os dois têm normas diferentes sobre temas políticos (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2019 às 05h50.
Última atualização em 12 de novembro de 2019 às 06h50.
O Instagram está disposto a bancar os custos de produção de vídeos de algumas celebridades, contanto que o conteúdo não seja sobre política ou eleições.
Os que recebem recursos do Instagram para produzir conteúdo para o IGTV, o aplicativo para vídeos mais longos, “não devem incluir conteúdo sobre questões sociais, eleições ou política”, segundo um contrato distribuído pela empresa aos responsáveis por conteúdo e agentes. A Bloomberg News obteve uma cópia desse documento.
A cláusula alarmou alguns dos influenciadores e produtores que foram abordados sobre a publicação de clipes no IGTV, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto, que não quis ser identificada.
É um forte contraste com a política do Facebook, que controla o Instagram e tem defendido vigorosamente o discurso político online. O Facebook tem sido alvo de fortes críticas por permitir que os políticos mintam em propagandas na rede social. O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, argumenta que a liberdade de expressão e o debate político são importantes demais para que a propaganda política seja policiada. O contrato do IGTV no Instagram entra em conflito com esse ethos ao restringir o discurso político alinhado com o pagamento.
“Nos últimos anos, compensamos pequenos custos de produção para produtores de vídeo em nossas plataformas e implementamos certas diretrizes”, disse um porta-voz do Facebook. “Acreditamos que há uma diferença fundamental entre permitir conteúdo político” em nossa plataforma e financiá-lo.
A política é exclusiva do Instagram. No Facebook Watch, a empresa também lida com produtores de conteúdo, mas os parceiros incluem organizações de notícias que precisam falar sobre política.
O Facebook tem sido criticado por disseminar informações enganosas e falhar no combate à manipulação eleitoral em suas plataformas, desde que partidos estrangeiros usaram a rede social da empresa para interferir nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos. Governos de todo o mundo pressionaram o Facebook para melhorar o monitoramento de notícias e anúncios políticos, enquanto ativistas de direitos civis disseram que Zuckerberg deveria intervir para suspender campanhas nas redes sociais da empresa que desincentivam eleitores a votar.
O Instagram recebeu muito menos escrutínio, mas a liderança da empresa ainda está preocupada com a forma como o aplicativo será usado antes das eleições de 2020. “Somos um alvo tão grande quanto o Facebook, se não um alvo maior”, disse em outubro Adam Mosseri, responsável pelo Instagram.
O IGTV estreou em junho de 2018 como a resposta do Instagram ao YouTube, o site de vídeos mais popular do mundo. Embora a empresa tenha imaginado que poderia atrair muitos dos 1 bilhão de usuários do Instagram para este novo canal, a iniciativa ainda não deslanchou. Poucos usuários assistem ao IGTV e, meses após seu lançamento, muitas das contas mais populares do Instagram nunca postaram no serviço de vídeo.