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Fox News demite apresentador para manter anunciantes

Cinco mulheres foram indenizadas por Bill O'Reilly por assédio, o que causou uma fuga de anunciantes

Bill O'Reilly: resta a dúvida se, após a demissão, os anúncios da Fox vão voltar ao normal (Brendan McDermid/Reuters)

Bill O'Reilly: resta a dúvida se, após a demissão, os anúncios da Fox vão voltar ao normal (Brendan McDermid/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2017 às 09h35.

Nova York - No mês passado, o programa de TV americano The O'Reilly Factor tinha pelo menos 30 comerciais nacionais por noite.

No último dia 11, última vez que Bill O'Reilly apresentou o programa das 20h na Fox News, esse número havia caído para dez.

A fuga de anunciantes ocorreu após uma reportagem do The New York Times revelar que cinco mulheres haviam sido indenizadas pela emissora e por O'Reilly depois de denunciarem terem sido assediadas pelo apresentador, o que abalou a rede de TV.

Embora o prejuízo financeiro não tenha sido desesperador - muitos anunciantes apenas mudaram para outros programas da emissora -, é difícil ignorar que grandes marcas, como Mercedes-Benz, não quiseram mais se associar à personalidade mais popular da Fox News. Agora que O'Reilly se foi, demitido na quarta-feira, fica a pergunta: os anúncios no canal vão se normalizar?

Mark Young, executivo de uma agência de veiculação de publicidade, trabalha com várias marcas que anunciam na Fox News, incluindo a Australian Dream, um creme analgésico que continuou anunciando no programa de O'Reilly mesmo depois de outros anunciantes começarem a boicotá-lo.

Young disse, na quarta-feira, que a Fox News não havia entrado em contato para discutir mudanças. Young acrescentou que "a maioria das redes minimiza coisas assim e segue normalmente com seus negócios".

Young disse ainda que as empresas com as quais trabalha compram tempo geral de TV em vez de tempo em programas específicos. A Australian Dream anuncia em todos os canais a cabo e sua meta "não é marcar posição política, mas atingir o maior número possível de pessoas", afirmou.

"Nunca dissemos que ficaríamos com O'Reilly, mas que ficaríamos na Fox News", disse ele. "É claro que acompanharemos os índices de audiência e tomaremos decisões com base no que representem para nosso cliente."

Brian Wieser, analista da Pivot Research, disse que a Fox News provavelmente calculou que uma substituição custaria menos do que segurar O'Reilly e ainda manteria a maioria dos espectadores.

"O crescimento geral da rede supera o caso de O'Reilly", disse Wieser. "Se aquele horário perder audiência, a Fox News continuará avançando em seu conjunto."

Faturamento. O programa gerou mais de US$ 446 milhões em faturamento de 2014 a 2016 e tinha uma média de 33 comerciais por noite antes do escândalo, sem incluir anúncios locais, segundo a empresa de pesquisas Kantar Media.

Entre os anunciantes pós-escândalo, predominaram os de baixo orçamento. Na quarta-feira, muitas grandes empresas que haviam suspendido suas publicidades, ainda não sabiam se voltariam ao horário.

"Tiramos nossos anúncios de O'Reilly Factor por tempo indefinido", disse Donna Boland, da Mercedes-Benz.

A empresa financeira T. Rowe Price informou que ainda é cedo para discutir seus futuros anúncios, uma vez que faz essa programação apenas em certos períodos do ano.

A empresa cancelou os anúncios no O'Reilly Factor, argumentando que avalia regularmente suas veiculações "para garantir o alinhamento" com seus valores corporativos.

Grupos ativistas que usaram a mídia social para pressionar anunciantes a deixarem o The O'Reilly Show festejaram a notícia da saída do apresentador.

Um dos líderes dessa investida foi uma conta de Twitter chamada Sleeping Giants, criada em novembro para pressionar marcas a retirarem anúncios do Breitbart News, website conservador de notícias e opinião com estreitas ligações com o governo Trump.

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