O ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi: apesar de os anúncios já terem sido retirados do site, a imprensa indiana repercutiu amplamente a campanha e criticou a utilização de mulheres como objetos sexuais. (REUTERS/Stefano Rellandini)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2013 às 14h21.
Nova Délhi - A filial indiana da Ford emitiu um pedido de desculpas nesta segunda-feira por causa de um modelo de anúncio exibido no país asiático, o qual apresentava uma caricatura de Berlusconi no comando de um carro com três chamativas mulheres presas no porta-malas.
"Lamentamos profundamente este incidente. Isso nunca deveria ter ocorrido", alegou a subsidiária da companhia automotiva americana em um comunicado reproduzido pelo jornal local "The Hindu".
O anúncio, que tinha sido idealizado para promover o Figo - o novo carro da companhia -, não chegou a ser distribuído oficialmente e nem impresso em jornais, mas foi publicado durante horas no site da agência de publicidade JWT Índia junto a outras opções.
A imagem usada na campanha mostra a caricatura do ex-primeiro-ministro italiano fazendo um sinal de vitória e no comando de um carro vermelho, que, por sinal, também está ocupado por três voluptuosas mulheres atadas e vestidas com trajes sugestivos no porta-malas. Uma delas, inclusive, aparece usando um uniforme policial.
As outras caricaturas usadas em outros modelos da campanha exibem alguns pilotos de Fórmula 1 atados no porta-malas do mesmo veículo, que, desta vez, é conduzido pelo heptacampeão Michael Schumacher. Além do piloto alemão, a modelo Paris Hilton também foi usada em outro modelo do anuncio.
"Os desenhos são contrários aos padrões de profissionalismo e decência da Ford e de nossos sócios. Estamos revisando os processos de aprovação e supervisão para garantir que algo assim não volte a ocorrer", afirmou a Ford Índia em comunicado.
O grupo de publicidade WPP - ao que pertence a JWT Índia - argumentou que o vazamento dos anúncios "foi resultado de um ato individual sem a supervisão adequada" e que "tomará ações apropriadas" para evitar a repetição deste fato.
Apesar de os anúncios já terem sido retirados do site, a imprensa indiana repercutiu amplamente a campanha e criticou com bastante ênfase a utilização de mulheres como objetos sexuais.
Desde o estupro de uma jovem de 23 anos em Nova Délhi no último mês de dezembro - fato que resultou na morte da vítima -, a imprensa indiana passou a denunciar quase que diariamente novos casos de agressões sexuais, sendo que os direitos e as condições das mulheres ganharam espaço em um amplo debate político.
Na última semana, por exemplo, o Parlamento nacional aprovou uma lei que reforça os mecanismos de proteção às mulheres e endurece as penas contra os agressores e estupradores.