Marketing

Empresas de investimentos contratam youtubers para atrair clientes

No mercado fala-se em cifras na casa de até 1 milhão de reais ou até mais por um contrato de um ano

Empresas de investimento estão contratando a peso de ouro personalidades do Youtube na área de finanças (Bloomberg/Reprodução)

Empresas de investimento estão contratando a peso de ouro personalidades do Youtube na área de finanças (Bloomberg/Reprodução)

R

Reuters

Publicado em 24 de maio de 2018 às 11h55.

São Paulo - Empresas de investimento estão contratando a peso de ouro personalidades do Youtube na área de finanças, que atraem centenas de milhares de seguidores no país, de olho em potenciais clientes, conforme cresce a demanda por informações financeiras na internet.

Nenhuma das contrapartes abre os valores dos acordos, mas no mercado fala-se em cifras na casa de até 1 milhão de reais ou até mais por um contrato de um ano, por exemplo, dependendo das particularidades de cada parceria.

O Grupo XP, por meio da sua marca Rico, tem parceria com três influenciadores digitais com canais no Youtube - Thiago Nigro, do canal O Primo Rico (792.442 seguidores); Mirna Borges, do canal EconoMirna (312.947 seguidores); e Bruno Perini, do canal Você MAIS Rico (72.633 seguidores).

De acordo com Fernando Vasconcellos, sócio e chefe da área de Marketing do Grupo XP, a empresa percebeu que precisava dar um passo além do que vinha fazendo em termos de construção de marca e educação financeira com conteúdos próprios para melhorar a comunicação sobre um assunto ainda árido aos brasileiros.

"...uma forma de alcançar mais profundamente (as pessoas) seria utilizar a figura do influenciador, algo já muito difundido em outras categorias, como viagens e culinária", afirmou o executivo, acrescentando que esse profissional pode ter uma abordagem mais efetiva sobre o assunto.

Marcelo Flora, sócio responsável pelo BTG Pactual digital, destaca que a internet vem assumindo um espaço cada vez maior na vida das pessoas; e com finanças não é diferente, com as pessoas buscando cada vez mais informações financeiras.

"Nosso sucesso nessa empreitada voltada para o varejo de alta renda está diretamente relacionada à velocidade com a qual a educação financeira se dissemina na sociedade, por isso procuramos buscar educadores financeiros que tivessem atuação reconhecida", afirmou o executivo.

O BTG Pactual digital tem parceria com os influenciadores Gustavo Cerbasi (372.550 seguidores) e André Bona, do canal Blog de Valor (133.273 seguidores).

Além da questão do conteúdo e da forma de tratar as informações, o amplo alcance desses meios em todo o país, mesmo onde as empresas não têm escritórios, é mais um argumento por trás da estratégia que vem ganhando fôlego no último ano, apesar das empresas não divulgarem quantas contas em suas corretoras estão sendo abertas com o investimento nos youtubers.

"No modelo de negócios em que tentamos trazer o maior número de clientes sem necessariamente ter uma presença física espalhada pelo país todo, precisamos nos comunicar com os clientes da forma como eles se comunicam", afirmou o presidente da Genial Investimentos, Evandro Pereira.

"Existe uma demanda muito crescente em todas as faixas etárias por mais informação, por mais educação financeira...não é algo exclusivo da população mais jovem", acrescentou.

A Genial tem uma parceria com o canal de jornalismo MyNews (57.582 seguidores), que tem entre seus apresentadores a jornalista Mara Luquet, com histórico de atuação na área de investimentos.

De acordo com Celso Forster, sócio e diretor de atendimento na BR Media Group, é difícil estimar os valores dos contratos em razão da série de variáveis que entram na conta, como nível de envolvimento, qual é o cliente, período do contratos, número de seguidores do influenciador digital.

Ele estima que, considerando um profissional da área de finanças, com 500 mil a 700 mil seguidores, uma inserção em um vídeo de 2 a 3 minutos no canal desse influenciador deve custar em torno de 60 mil a 70 mil reais. "Mas é algo muito variável", reforçou.

Retornos

"O retorno (dessas parcerias) a nossos patrocinadores é muito melhor do que qualquer anúncio na mídia. É um investimento relativamente baixo, com alto retorno, porque fala diretamente ao público que está interessado no tema", disse Nathalia Arcuri, fundadora do canal MePoupe!, com 1,69 milhão de seguidores.

O MePoupe! começou em 2015 e desde 2017 tem como parceiro a modalmais, home broker da Modal DTVM, uma empresa do Banco Modal. Hoje, tem uma equipe de 12 pessoas.

Arcuri afirma que foi uma das pioneiras em parcerias com empresas de investimentos no formato mais longo e que procura se associar a marcas "totalmente alinhadas" com o que acredita. No caso da parceria com a modalmais, afirmou que também ajudou a formatar o conteúdo da plataforma digital da casa.

Na mesma linha, Thiago Nigro, do canal O Primo Rico, afirma que as propostas de patrocínio que aceita são "muito alinhadas" com sua linha editorial. "Meu foco é o longo prazo...minha reputação vem em primeiro lugar."

Nigro, que vem do mercado financeiro, afirma que a parceria vai além da questão financeira, com muitas demandas dos próprios seguidores sendo levadas até a corretora e, em alguns casos, obtendo êxito. "Vejo que a gente mexe com um ecossistema e eu me vejo muito mais como um porta-voz dos 'primos', que briga com corretora para que ela seja a melhor."

A liberdade de ação dos youtubers também faz parte dos contratos dessas parcerias, com os executivos das empresas que embarcaram nessa estratégia afirmando que não trabalham com retorno financeiro imediato, enxergando como uma iniciativa de médio a longo prazo, com um período de maturação.

"Nós entendemos que o simples fato das pessoas estarem se informando tende a nos beneficiar no médio e longo prazo", disse Flora, do BTG. Na mesma linha, Vasconcellos, do Grupo XP, afirmou que as parcerias com youtubers deve gerar frutos "ao longo do tempo".

Acompanhe tudo sobre:ContrataçõesYouTube

Mais de Marketing

Caravana de Natal da Coca-Cola Femsa Brasil percorre 85 cidades e tem até IA; veja locais

Spaten: como uma marca de 600 anos continua de pé e 'lutando' pelo consumidor?

Creamy, marca de skincare, expande portfólio e entra no mercado de perfumes

O que é preciso para ser um CMO nos dias de hoje? Philip Kotler responde à EXAME