(Dove/Influência Negra/Reprodução)
Marina Filippe
Publicado em 7 de dezembro de 2020 às 14h46.
Última atualização em 7 de dezembro de 2020 às 18h06.
A marca de cuidados pessoais Dove, da fabricante Unilever, se uniu a plataforma de conteúdo digital Influência Negra em campanha para a promoção da autoestima da mulher negra. A primeira parte da campanha Olhares Cruzados, conta com um mini-documentário que retrata três mulheres de diferentes idades, gêneros, sexualidade e origens sociais.
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"Dove tem o compromisso de sempre retratar mulheres reais em suas campanhas, com honestidade, diversidade e respeito, sem distorção digital, de forma a ajudá-las a construir confiança corporal e autoestima. Por isso, nessa parceria com a Influência Negra, escolhemos três mulheres de diferentes gerações e identidades para nos contarem seus caminhos para construir a autoestima e como isso foi poderoso em suas vidas", diz Fernanda Gama, gerente de Dove no Brasil.
A partir disto, a marca assume compromissos como ajudar os jovens a construir confiança corporal e autoestima através do Projeto Dove Pela Autoestima, o maior provedor de educação de autoestima do mundo, com mais de 60 milhões de vidas impactadas até agora e meta de atingir 250 milhões de vidas até 2030.
Na atual campanha, 100% produzida por profissionais negros de diferentes áreas, e promovida pela hashtag #DovePelaAutoestima, protagonizam a rapper, historiadora e autora do livro “Eu, Empregada Doméstica - A Senzala Moderna É O Quartinho Da Empregada”, Preta Rara; a empresária da moda e sexagenária, Cris Mendonça, conhecida por ser mãe da sua sócia na moda Ana Paula Xongani, influenciadora digital e apresentadora. Além delas, também compõe a campanha Kiara Felippe, mulher trans, DJ, podcaster e criadora de conteúdo.
A campanha que foi dividida em três diferentes fases teve como segunda etapa o lançamento de um podcast. "Acredito que trazer essa conversa e este encontro virtual entre as três protagonistas da campanha foi importante para a unicidade da narrativa entre elas, além de termos a possibilidade de ampliarmos o acesso ao conteúdo. Isso devido à questões de acesso tecnológico, já que nem toda população negra tem acesso à internet de qualidade para assistir à um vídeo de meia hora, mas conseguem mais facilmente ter acesso à um podcast", diz Nathália Braga, diretora de áudio do Influência Negra e uma das apresentadoras do podcast.
A terceira parte da campanha traz multiartista Bia Ferreira, que assina a produção do lyric video com faixa de composição de Hailanny Souza, diretora de conteúdo do Influência Negra. Nesta produção é narrada não só as vivências compartilhadas por Cris, Preta e Kiara no documentário, mas que de forma geral reflete as vivências das mulheres pretas brasileiras como um todo. A animação do documentário é de autoria da motion designer Vanessa Moura (veja ao final da reportagem)
A plataforma de conteúdo Influência Negra, antes um coletivo de influenciadores com foco em promover visibilidade a outros criadores de conteúdo negros e denunciar marcas, passa a partir desta parceria por um reposicionamento, com a proposta de seguir promovendo a visibilidade de criadores negros, mas também de se associar à marcas com o mesmo propósito.
"Não há mais como fingir estar preocupado com o tema de diversidade e inclusão. Nós, pessoas pretas, estamos redescobrindo nosso potencial de consumo. Afinal, somos 56% da população desse país e somos os maiores responsáveis por fazer a economia girar. E cada vez mais as empresas estão tomando consciência disso, e por isso não é estratégico deixar de abraçar a diversidade. No entanto, junto com essa decisão, vem a responsabilidade de uma (des)construção da força de trabalho e da alta liderança, pois valorizar a diversidade é valorizar nossas vivências", diz Robson Rodriguez, co-fundador do Influência Negra.
O executivo lembra ainda que a própria Dove já sofreu críticas no passado, assim como a maioria das marcas, por pecarem em suas produções acerca da pauta antirracista, mas há compromissos a serem seguidos para reverter esse cenário. "Num ano tão conturbado como 2020, receber esse convite da Dove foi um presente. Tivemos 100% de autonomia sobre o projeto, numa produção majoritariamente feminina e 100% preta falando sobre autoestima e elevando nossas histórias ao invés de estereotipar nossas narrativas. Não somos chanceladores de discursos, somos autores e porta-vozes das nossas próprias histórias", afirma.