Co-fundador da Terrafertil, Raul Bermeo: marca estreia com 20 produtos. (Terrafertil/ Nestlé/Divulgação)
Vanessa Barbosa
Publicado em 5 de junho de 2019 às 09h57.
Última atualização em 19 de junho de 2019 às 15h33.
São Paulo - Quinoa, chia, cramberry, goji berry, mirtilo, açaí...Os chamados "superalimentos" estão cada vez mais presentes na mesa dos brasileiros. Atualmente, o país é o quarto maior consumidor global de alimentos saudáveis e movimenta US$ 35 bilhões por ano. Atenta a essa tendência, a Nestlé, maior grupo de alimentos do mundo, traz uma nova candidata à lista de compras: a "golden berry", mais conhecida no Brasil como "physalis peruviana".
A fruta andina, parente próxima do tomate e de sabor agridoce, integra uma série de produtos que desembarcam a partir deste mês no mercado brasileiro sob a marca Nature´s Heart, da empresa equatoriana Terrafertil. Em setembro do ano passado, a Nestlé comprou uma participação de 60% no negócio, que controla 90% do processamento global do fruto seco. O plantio é majoritariamente feito no Equador e na Colômbia por 3 mil agricultores familiares seguindo preceitos ecológicos.
Fundada em 2005, a Terrafertil é administrada por dois dos três irmãos fundadores, David e Raúl Bermeo. México e Equador são o mercado mais importante da marca, representando 70% do faturamento total. Mas os produtos da empresa também estão presentes nos Estados Unidos, Colômbia, Peru, Chile e Reino Unido.
O lançamento por aqui é o maior na história da marca e o primeiro feito sob a tutela da Nestlé. "Chegamos com um objetivo claro, transformar o Brasil em um dos nossos principais mercados, se não o principal. Vemos que o consumidor brasileiro está buscando produtos como os da Nature´s Heart, seguindo uma tendência mundial. O que falta é uma maior oferta, e uma marca como a nossa, com produtos multicategorias, promove isso", diz ao site EXAME Raúl Bermeo.
Rica em ferro, fibras e potássio, a "golden berry" é o ingrediente coringa nos produtos da empresa. A Nature´s Heart estreia no mercado brasileiro com um portfólio diversificado de 20 produtos, todos "plant based" (de origem vegetal), o que também atende ao crescente filão de produtos vegetarianos. Tem desde bebidas não lácteas em variedades como amêndoa, coco e arroz a misturas de frutas secas e castanhas. Outros superalimentos que compõem o portfólio incluem, ainda, a spirulina (alga que pode ser utilizada como suplemento) e nibs de cacau (sementes do fruto torradas).
As novidades chegam às gôndolas dos supermercados paulistas neste mês, com preços que variam de R$ 5 à R$ 30. "Nosso processo de entrada é bem tático, por isso começamos com São Paulo, que tem mais habitantes que um país como o Equador. Temos parceiros estratégicos para chegar ao nosso consumidor nos pontos de venda e, através de campanhas publicitárias, queremos capitalizar em meios digitais e e-commerce", explica Bermeo. Sem abrir expectativas de crescimento, o executivo diz que espera em breve aumentar a base de produtos por aqui — no México, são mais de 250.
Com consumidores dispostos a privilegiar produtos mais naturais, de um lado, e a força de distribuição e merchandising da Nestlé, do outro, a marca equatoriana entra no Brasil com o pé direito. Tanto que está nos planos de expansão da empresa a abertura de uma fábrica no país para processar ingredientes típicos da biodiversidade brasileira. Aliás, incluir alimentos locais em seu portfólio é uma das características da marca. Daqui, saem as castanhas de caju para a produção de um dos seus "leites" vegetais.
Alimentos saudáveis no topo da agenda da Nestlé
Facilitadora. Este é o adjetivo que Bermeo usa para descrever a relação com a Nestlé. "Onde poderíamos ter algum bloqueio, por exemplo em distribuição, a Nestlé nos ajuda a abrir portas. Porém, tudo o que diz respeito ao manejo da marca, novos produtos e mercados, geração de demanda, é totalmente de nossa responsabilidade. Temos operação independente. Ela pode nos dar escala, mas nós decidimos quando e onde queremos essa escala. É como uma irmã maior que nos apoia quando pedimos ajuda", compara o executivo.
No ano passado, a Nestlé faturou R$ 13,75 bilhões no Brasil (seu quarto maior mercado mundial), numa queda de 1,89% em relação ao ano anterior. No topo da agenda da gigante suíça para esse ano estão os produtos considerados saudáveis, como os alimentos naturais e orgânicos. A companhia já anunciou sua intenção de mudar até 10% de seu portfólio, composto de mais de 2 000 itens, com a venda e a compra de marcas nesses segmentos.
"Há uma tendência forte de consumo nessa área, com pessoas buscando alimentos mais naturais, outras buscando alternativas à proteína animal, como os produtos plant based e itens orgânicos, é uma demanda cada vez maior não só no Brasil, mas no mundo inteiro", afirma Claudio Vicentini, gerente global de categoria e canal da Nestlé.
Para atender esse "novo normal" do mercado de alimentos, a empresa implementou algumas mudanças. Reduziu as concentrações de açúcares e gorduras nos produtos e recentemente lançou um hambúrguer à base de soja e trigo na Europa sob a marca Garden Gourmet. Nesta semana anunciou a chegada do “Awesome Burger”, também com base vegetal, nos EUA. Agora, com a Terrafertil e sua "golden berry", tem uma superfruta para chamar de sua.