Kristina Rogers, líder global de consumo na consultoria EY (//Divulgação)
Marina Filippe
Publicado em 14 de maio de 2020 às 10h20.
Última atualização em 14 de maio de 2020 às 12h09.
A pandemia do novo coronavírus mudou os hábitos das pessoas ao redor do mundo e, consequentemente, suas práticas de consumo.
Mesmo com a reabertura dos negócios e dos países, é difícil prever uma retomada do consumo do mesmo modo como ocorria pré-pandemia. O desemprego, o distanciamento social e o aumento das compras online são alguns dos aspectos que ressaltam o debate, como mostra a última reportagem de capa de Exame.
Para Kristina Rogers, líder global de consumo da consultoria EY, a mudança da economia precisa ser acompanhada ao longo dos próximos meses para definir quais comportamentos do consumidor podem mudar para sempre e ser de fato duradouros. Sobre as tendências ela falou com exclusividade à Exame.
Quais tendências de consumo já são observadas?
A pandemia acelerou as tendências de consumo. As pessoas têm buscado mais produtos locais e se acostumado a comprar online. A relação ficou mais virtual de modo em geral, até mesmo se pensarmos nas reuniões e no home office, por exemplo.
Muitas pessoas estão comprando online pela primeira vez, e parte delas não fará questão de voltar aos shoppings para comprar alguns itens. Os e-commerces e deliverys têm crescido e assim devem continuar.
Quais são as principais mudanças nas compras do consumidor?
Temos acompanhado grandes mudanças, mas a questão é quais dessas vão se manter num período de "novo normal" ou pós-pandemia. Do que observamos, os consumidores estão gastando menos e não se incomodam de não comprar agora, por exemplo, roupas e cosméticos.
Em breve, precisamos entender também como fica a vida fora de casa, com hábitos como a utilização de veículos e a ida aos restaurantes.
Como a recessão econômica influencia na alteração dos padrões de consumo?
Apenas 9% dos entrevistados na primeira fase da pesquisa de futuro do consumo afirmam que irão gastar mais. Outros pretendem manter o padrão ou gastar menos. As pessoas estão com medo do -- ou sofrendo com -- desemprego e a crise econômica em seus países.
Em nossa pesquisa, um quarto dos entrevistados diz que presta mais atenção no que consome e o impacto que isso tem. E, para elas, perceber o quanto foi economizado durante a pandemia ao priorizar apenas a compra de itens essenciais pode refletir drasticamente nas indústrias.
Muitas empresas continuam anunciando seus produtos, atrelados ao próposito da marca neste período. Qual impacto isto pode gerar?
Na pesquisa, 62% dizem que teriam mais chances de comprar de empresas que acham que estão fazendo o bem para a sociedade. Mas, sabemos também que o preço ainda é um fator determinante na escolha do produto, ainda mais em um período de crise. De todo modo, é provável, que essas marcas tenham vantagens na hora da tomada de decisão.