São Paulo - Hoje, o Cheetos é um popular salgadinho de queijo.
Mas você sabia que sua origem, em 1948, remonta à Segunda Guerra Mundial e ao exército americano?
Se não fosse pelo conflito e pela tecnologia militar, talvez você não estivesse com um pacote de Cheetos na mão hoje em dia.
A explicação está no recém-lançado livro "Combat-Ready Kitchen: How The U.S. Military Shapes The Way You Eat", da autora Anastacia Marx de Salcedo.
O título pode ser traduzido como "Cozinha Pronta Para o Combate: Como o Exército Americano Moldou o Jeito que Você Come".
A revista americana Wired publicou um trecho do livro - que explica a origem do famoso snack, hoje fabricado pela PepsiCo.
A origem do Cheetos
A fabricação do queijo é um processo simples: leite fresco é posto para fermentar em uma cultura de bactéria, que irá promover um processo de acidificação. Isso é coalhar.
Depois, enzimas serão inseridas na mistura, coagulando as caseínas, que são 80% das proteínas presentes no leite. O resultado disso é uma mistura mais gelatinosa e cheia de soro.
Processos envolvendo calor, pressão e corte deixam essa massa mais firme e homogênea. Boa parte dos fluidos são descartados.
Depois, dependendo do tipo de queijo que se deseja, pode-se deixá-lo descansar por semanas ou anos. E novos microorganismos - bactérias, fungos - podem entrar na história, promovendo a transformação das proteínas em outras incríveis e saborosas substâncias.
Mas o queijo é extremamente perecível. É claro que ele não resistirá muito bem em condições de umidade e altas temperaturas. No verão, pior ainda.
Mas, no começo do século 20, cientistas criaram um novo componente químico: sais de fusão. Os responsáveis foram Walter Gerber e Fritz Stettler, em 1911, na Suíça; e James Kraft, nos EUA, em 1916.
Ao misturar o queijo nessa substância, criava-se um novo tipo de queijo altamente resistente às altas temperaturas e longos tempos de armazenamento.
Além disso, sobras de queijos dos processos da fabricação poderiam ser jogadas nessa mistura, formando o novo queijo. Isso tornava o produto bem barato.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o exército americano encomendou centenas de toneladas desse queijo à empresa de James Kraft. Isso ajudou a empresa a consolidar seus negócios e se tornar uma gigante do mundo de alimentos décadas mais tarde.
O produto podia ser armazenado facilmente nos navios, onde certamente não existiam geladeiras, e chegar consumível ao front de batalha, semanas ou meses depois. Foi essencial para a dieta dos soldados longe de casa.
Na Segunda Guerra Mundial, as encomendas foram igualmente gigantescas. Tudo era consumido com o queijo: batatas, vegetais, macarrão.
Só em 1944, por exemplo, ano decisivo para as tropas americanas na Guerra, milhares de toneladas foram compradas da National Dairy Products Corporation (que, em 1969, viraria Kraft).
E o exército era criativo: o queijo comprado era processado para virar uma mistura ainda mais desidratada e compacta. Assim, era armazenado mais facilmente (mais comida em menos espaço) e sua data de validade aumentava ainda mais. Afinal, eram milhões de bocas para alimentar no campo de batalha.
Na guerra, tudo era desidratado para consumo das tropas, menos as carnes. Farinha, batatas, ovos, queijos, legumes: viravam pequenos blocos de comida e ração.
Mas os blocos do queijo desidratado viravam pó quando prensados. Claro, não havia nada de maleável em sua composição ou algo que desse liga, como celulose. Assim, o queijo desidratado virava um pó amarelado.
O mais comum deles no front era o chamado Wisconsin cheddar – bem laranja.
O pó de queijo laranja acabou sendo oficialmente desenvolvido em 1943 por George Sanders, cientista responsável pela dieta das tropas. O pó era jogado em cima da comida, dando um tempero e sabor especial a outros alimentos.
Em 1945, a guerra acabou. E o exército tinha em mãos milhões de toneladas de pó de queijo e outros produtos. O que fazer? A solução foi revender esse estoque inútil a preços muito baixos para as próprias empresas da indústria alimentícia. Elas que fossem criativas com o presente.
Empresas como General Foods, General Mills, Kellogg’s, Quaker Oats e Colgate Palmolive se interessaram prontamente no carregamento de alimentos desidratados.
Em 1948, a Frito Company (que, em 1961, se fundiu à H. W. Lay & Company para virar Frito Lay, Inc.) encontrou o que fazer com o pó de queijo.
Seu fundador, Charles Doolin, inclusive, fora um dos produtores a abastecer os militares durante a Guerra.
Ele criou uma massa à base de milho, que levava água e era depois frita. Ao fim, recebia o tal pó laranja de queijo cheddar.
Pronto, estava criado o Cheetos, que se tornaria extremamente popular nos EUA e depois no mundo.
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1. Da guerra à paz
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São Paulo - Hoje elas são doces, belas roupas, belos carros, um telefone celular.
Marcas do nosso cotidiano. O que muita gente não sabe é que algumas dessas marcas famosas nasceram décadas atrás como marcas dedicadas ao setor militar e à
guerra. Com o passar do tempo, adaptaram os seus negócios. Algumas não se importam em falar que começaram em tempos de guerra. Outras preferem apagar esse capítulo de suas histórias.
Confira, nas imagens, 15 exemplos de marcas famosas que começaram como marcas militares.
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2. 1. Jeep
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Os Jeeps originais começaram a ser produzidos em 1941, para serem usados na Segunda Guerra Mundial. Os veículos mais comuns do exército americano durante a guerra foram da marca
Jeep.
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3. 2. Hugo Boss
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3/17 (Reprodução)
Hugo Boss era do Partido Nazista da Alemanha e, em 1928, se tornou o fornecedor oficial de uniformes
nazistas. Antes de ser uma grife de luxo respeitada no mundo todo, criou os uniformes do Partido Nacional Socialista, da juventude hitlerista, do Sturmabteilung (grupo paramilitar nazista) e da SS (Schutzstaffel, o exército nazista).
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4. 3. Ray-Ban
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O modelo mais famoso e clássico da
Ray-Ban é o Aviator. Ele foi criado, em 1936, a pedido da força aérea americana, que queria óculos escuros que reduzissem a náusea e as dores de cabeça dos pilotos que voavam em altas altitudes.
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5. 4. M&Ms
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A Mars criou os M&M's durante a Guerra Civil Espanhola, quando Forrest Mars Sr. viu soldados comendo pedaços de chocolates cobertos em açúcar. Essa casquinha impedia o chocolate de derreter no Sol.
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6. 5. Porsche
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Porsche criou o Volkswagen Beetle (Fusca) a pedido de Adolf Hitler em 1938, que pediu um carro popular que pudesse ser vendido na Alemanha a preços baixos. O país tinha acabado de inaugurar a sua nova e extensa rede rodoviária.
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7. 6. Fanta
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A Fanta foi criada por causa de um embargo comercial durante a Segunda Guerra. O xarope de
Coca-Cola não chegava na Alemanha nazista. A Coca alemã, então, criou um novo refrigerante com o que tinha disponível no país: bagaço de frutas cítricas e soro de leite. O "Fantasie" só foi vendido por ali. Em 1955 a Coca lançou mundialmente a invenção, dessa vez como "Fanta".
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8. 7. Adidas
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Antes de existirem
Adidas e
Puma, existia a Dassler Brothers Sport Shoe, dos irmãos Adi e Rudolf. Em constante rivalidade, os irmãos ainda eram companheiros. A gota d'água veio na Alemanha sob bombardeio aliado durante a Segunda Guerra. Adi teria xingado os aliados: "Esses bastardos imundos estão de volta!". Rudolf achou que era com ele. Os irmãos brigaram e cada um criou a sua marca esportiva. Adi, a Adidas. Rudolf, a Puma.
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9. 8. Motorola
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Motorola começou como Galvin Manufacturing Corporation e fabricava baterias. Em 1940, por causa da guerra, criou o rádio portátil Handie-Talkie SCR536, essencial para a comunicação no campo de batalha. Era o início da companhia de celulares.
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10. 9. Banana Republic
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A marca Banana Republic foi criada em 1978, na Califórnia, como uma loja que vendia peças refabricadas de roupas militares vintage e roupas usadas em safaris.
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11. 10. Duct Tape
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A Duct Tape foi criada pela
Johnson & Johnson durante a Segunda Guerra Mundial. Os soldados precisavam de uma fita forte, flexível e à prova d'água. Tudo para reparar equipamentos, munições e maquinários.
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12. 11. Vodafone
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Vodafone começou nos anos 1980 como uma subsidiária da Racal Electronics, a maior empresa britânica de rádio para fins militares - naquela época, a maior do ramo e a terceira maior companhia de eletrônicos do Reino Unido.
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13. 12. Aquascutum
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A Aquascutum foi criada em 1851 e fabricava casacos de chuva. Eles foram usados pelos soldados britânicos durante a Guerra da Crimeia. Depois, quando um casaco seu foi usado pelo prêmie britânico Sir Winston Churchill, a marca virou um clássico da moda.
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14. 13. Super Glue
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A super cola foi descobeta em 1942. Um time de cientistas buscava criar um plástico para ser usado em armas para a guerra. Alguns erros depois, o resultado foi um material que grudava em outras superfícies de modo muito eficiente. A tal cola foi chamada de cyanoacrylates, mas não foi usada porque "grudava demais". Em 1951, foi redescoberta e passou a ser vendida comercialmente em 1958.
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15. 14. Victorinox
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Victorinox começou como uma fábrica de facas em 1864, na
Suíça, e logo se tornou a maior fornecedora para o exército suíço.
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16. 15. Silly Putty
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16/17 (Reprodução)
O brinquedo Silly Putty foi criado por acidente. No começo dos anos 1940, um engenheiro americano tentava criar uma borracha sintética, já que a borracha natural era artigo raro, caro e racionado durante a Segunda Guerra Mundial. O governo americano nada fez com a invenção. Até alguém ter a ideia de colocar a meleca dentro de ovos de plástico e vender a um dólar como brinquedo.
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17. Agora veja os anúncios mais ousados do mundo da moda
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17/17 (Reprodução)