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Com premiação recorde, 'novo' Mundial de Clubes da Fifa acelera negócios nos EUA

Torneio estreia em junho com prêmios milionários, contratos globais e foco na consolidação dos Estados Unidos como polo estratégico do futebol

Messi é um dos protagonistas da edição inaugural do Super Mundial; presença do craque impulsiona visibilidade do torneio nos EUA (Simon Bruty/Anychance/Getty Images)

Messi é um dos protagonistas da edição inaugural do Super Mundial; presença do craque impulsiona visibilidade do torneio nos EUA (Simon Bruty/Anychance/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 15 de abril de 2025 às 18h54.

Faltando poucos meses para a estreia, o 'novo' Super Mundial de Clubes da Fifa começa a movimentar o mercado esportivo com o anúncio das premiações, acordos de patrocínio e estratégias de exposição da entidade e dos clubes participantes.

A competição, que vem sendo tratada como a primeira “Copa do Mundo” de clubes, terá início no dia 14 de junho, com o Inter Miami, de Lionel Messi, enfrentando o Al Ahly, do Egito, às 21h (de Brasília), em Miami.

A premiação é um dos destaques. O campeão poderá embolsar até US$ 125 milhões (R$ 712,4 milhões), um recorde entre as disputas envolvendo clubes.

Na divisão de valores, os times europeus receberão o maior montante, entre US$ 12,8 milhões (R$ 73 milhões) e US$ 38,2 milhões (R$ 217,66 milhões). Os sul-americanos terão direito a US$ 15,2 milhões cada (R$ 86,6 milhões). Ou seja, juntos, Palmeiras, Flamengo, Fluminense e Botafogo vão receber R$ 346,4 milhões.

Na sequência, as equipes da América do Norte, América Central e Caribe ficarão com US$ 9,55 milhões (R$ 54,4 milhões) cada; da Ásia, com US$ 9,55 milhões (R$ 54,4 milhões); da África, com US$ 9,55 milhões (R$ 54,4 milhões); e, por fim, da Oceania, com US$ 3,58 milhões (R$ 20,4 milhões).

Para Marcos Casseb, sócio da Roc Nation Sports Brazil, os valores anunciados reforçam a intenção da Fifa de posicionar o torneio no mesmo patamar de relevância da Copa do Mundo de seleções.

“A Fifa busca transformar esse novo formato em um evento global de alto nível, como a Champions League, ampliando receitas e fortalecendo sua presença no futebol de clubes, historicamente liderado pela Uefa”, avalia. “A premiação recorde funciona como incentivo para que as equipes, especialmente as europeias, passem a encarar o torneio com mais seriedade”, complementa.

Os valores superam significativamente os pagos na Copa do Mundo de 2022, cuja premiação total foi de US$ 440 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões). O aumento tem relação com as recentes negociações da Fifa com patrocinadores — o principal deles, segundo o New York Times, é o acordo com a DAZN, que garantiu a exclusividade da transmissão por streaming, de forma gratuita, por US$ 1 bilhão (R$ 6 bilhões).

Os valores tendem a crescer, já que a plataforma ainda pode sublicenciar esses direitos em mercados locais. Nos bastidores, comenta-se que a Fifa projeta arrecadar até US$ 800 milhões (R$ 4,8 bilhões) com a venda total dos direitos de transmissão.

Os outros quatro patrocinadores já confirmados pela Fifa são o Bank of America — que também apoia a Copa do Mundo de 2026 —, a cervejaria AB InBev, dona de marcas como Budweiser e Michelob Ultra, a Coca-Cola e a fabricante chinesa de eletrônicos Hisense.

Entre 2024 e 2026, os EUA serão palco de algumas das principais competições do futebol mundial. O ciclo começou com a Copa América de 2024, vencida pela Argentina. No ano seguinte, o país sediará o novo Mundial de Clubes. Em 2026, parte dos jogos da Copa do Mundo será realizada em território norte-americano.

“Antes citado no meio esportivo apenas por conta da NBA e da NFL, os EUA agora vivem uma crescente valorização do futebol, em parte impulsionada por eventos de grande porte. É uma agenda que não apenas atrai atenção internacional, mas também catalisa investimentos em infraestrutura, mídia e publicidade, além de criar diversas oportunidades de negócio para o mercado, como a hospitalidade e o oferecimento de um serviço premium para os torcedores", diz Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil.

Segundo ele, a movimentação da Fifa para Miami também é um reflexo da aposta de longo prazo no crescimento do futebol nos EUA. "As grandes ligas americanas, como a NFL e a NBA, continuarão a desempenhar papéis centrais, mas o futebol está cada vez mais presente no cotidiano esportivo do país e isso é inegável."

Paralelamente aos eventos da Fifa, partidas da NBA e da NFL seguem movimentando o calendário esportivo e atraindo turistas às principais cidades-sede. Desde 2023, a Fifa tem ampliado sua presença em Miami, impulsionada pelos investimentos na Major League Soccer (MLS) e pela chegada de estrelas como Lionel Messi e Luis Suárez ao Inter Miami.

Para Jorge Duarte, gerente de marketing e esportes da Somos Young, a mudança consolida os EUA como um novo polo do futebol mundial. “Devido ao volume de investimentos em estádios, clubes e contratações de jogadores de alto nível, como Lionel Messi, esse era um caminho natural. O americano trabalha com planejamentos de longo prazo, então pode-se dizer que essa é uma construção iniciada nos anos 1990, quando o país sediou a Copa do Mundo de 1994.”

Segundo ele, os frutos desse processo começam a aparecer com mais força agora, com maior visibilidade, presença de grandes marcas e patrocinadores, além de uma representatividade crescente no cenário esportivo local. “Antes, o ‘soccer’ era apenas mais um esporte. Hoje, ganha cada vez mais adeptos, especialmente no futebol feminino, modalidade na qual o país já é referência há muitos anos”, afirma Duarte.

Mais de 100 funcionários da Fifa se transferiram da sede na Suíça para Coral Gables, nos EUA, onde passarão a operar os departamentos jurídico, de auditoria, conformidade e gestão de riscos da entidade. O movimento reforça a percepção de que o país pode se consolidar como o novo centro do futebol mundial. Especialistas em gestão e marketing esportivo analisam o cenário sob a ótica dos negócios.

Para Thales Rangel Mafia, gerente de marketing da Multimarcas Consórcios, o Super Mundial representa uma oportunidade financeira inédita para os clubes brasileiros. “As premiações equivalem a diversos patrocínios de um ano. Além disso, há aumento de exposição e atratividade para investidores. É uma chance de transformar uma campanha esportiva em legado econômico”, diz.

Renê Salviano, CEO da Heatmap, destaca que os EUA vêm se consolidando como destino não apenas para estrelas, mas também para talentos em ascensão. “Os eventos aumentarão a audiência e o interesse global. A profissionalização atrai marcas, atletas e torcedores”, afirma.

Wagner Leitzke, diretor de digital da End to End, reforça que o momento é estratégico para as marcas. “Com uma abordagem integrada e criativa, é possível ampliar visibilidade, fidelizar consumidores e se alinhar a valores positivos.”

Para Ivan Martinho, professor da ESPM, a combinação entre cultura latina, grandes eventos e estrelas internacionais tem dado resultado. “Disputar atenção com outras ligas americanas não é fácil, mas o futebol tem potencial para consolidar sua presença.”

Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, adota uma visão mais cautelosa. “Ainda é cedo para dizer que os EUA são o novo centro do futebol. O país já tentou isso antes. Mas é inegável o potencial que tem em termos de estrutura, planejamento e organização”, avalia.

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