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Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2013 às 19h33.
Cannes, França - Entre idas e vindas à Riviera Francesa, sempre sobra tempo para bater papo com lendas da propaganda. Como já havia feito com Dan Wieden, agora o Adnews entrevistou, com exclusividade, Washington Olivetto, um dos publicitários brasileiros mais respeitados de todos os tempos.
Na entrevista, o líder da WMcCann comentou sobre o Festival de Cannes e suas nuances, criticou as peças que são feitas apenas para participação em Festivais e relatou qual é, na sua visão, a verdadeira importância do evento.
Confira abaixo:
Adnews - Você já disse numa entrevista que o prestígio do Festival já não é mais o mesmo e que ao passar em frente ao Palais alguém poderia ser atingido por um prêmio. Hoje em dia, como você enxerga o Festival de Cannes?
Washington Olivetto - Enxergo o Festival como um grande evento e - sem nenhuma conotação pejorativa, mas para a fazer a menção correta - um grande feirão da comunicação. Ele te fornece possibilidades e privilégios de, numa indústria que vive de contar histórias, ouvir as mais magnificas delas. Então, eu acho que o grande prazer do Festival nos dias de hoje, e já há um bom tempo, é a coisa que teve este ano aqui de ouvir um Lou Reed ou uma Annie Leibovitz... Ou publicitários que tenham a consistência, tamanho e beleza de um Lee Clow e um George Lois.
Esse é o grande barato do Festival. A premiação, evidentemente, já ficou em segundo plano há muito tempo, até porque hoje o número de prêmios é muito grande. E o que é premiado, na sua maioria, são aquelas peças estruturalmente preparadas para ganhar um prêmio de Festival. Mesmo as existentes. Não aquelas peças do cotidiano.
Adnews - Este é um hábito das agências que você condena?
Washington Olivetto - Eu não pratico, não gosto e não deixo que pratiquem. Mas aí é uma postura pessoal.
Adnews - O que você está achando do desempenho brasileiro?
Washington Olivetto - Tenho sabido das coisas... Eu acho que é totalmente previsível dentro da expectativa de nós termos no Brasil algumas agências que têm uma obsessiva dedicação para o Festival. Nós temos agências que têm estruturas montadas para produzir para o Festival. Agora... O barato é o encontro.
Adnews - Quais cases você destacaria?
Washington Olivetto - O que me encanta muito no Dumb Ways to Die é a enorme capacidade que ele tem de entrar na cultura popular, que é a minha praia. Então, este é o caso que mais me encanta.
Adnews - Hoje em dia, o que você faz em Cannes?
Washington Olivetto - Trabalho exageradamente.
Adnews - Em encontros com o pessoal da McCann?
Washington Olivetto - A WMcCann virou um grande exemplo para a McCann no mundo. A instantaneidade da WMcCann, a rapidez e o sucesso. Isso é adorável, mas também é "vampirizante".
Adnews - Todos querem sugar algo de você?
Washington Olivetto - No mais adorável dos sentidos. Então essa semana para mim foi de, fora ver algumas coisas, cafés da manhã, almoços e jantares de trabalho, além das reuniões.
Adnews - Daqui a 10 anos, como você acha que as pessoas enxergarão o Festival de Cannes?
Washington Olivetto - Eu acho que o Festival será, cada vez mais, um evento da comunicação sob o ponto de vista do conhecimento e cada vez menos sob o ponto de vista da competição.
Adnews - Se você pudesse adjetivar o Festival de Cannes, como faria isso?
Washington Olivetto - Diria que é um "Elegantíssimo Feirão da Comunicação".