Televisão: como fomentar produção de conteúdo infantil sem marcas parceiras, patrocinadoras ou anunciantes? (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 15h26.
São Paulo - Se por um lado o abuso da propaganda pode ser prejudicial em qualquer situação, por outro, algumas questões precisam ser discutidas quando o assunto diz respeito a restrição da publicidade infantil.
A principal delas é: como fomentar a produção de conteúdo para crianças sem o apoio de marcas parceiras, patrocinadoras ou anunciantes?
Além disso, como iria sobreviver a indústria de produtos licenciados nos mais diversos segmentos?
Ontem (11), a consultoria GO Associados divulgou um estudo sobre o impacto da Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Infância e da Adolescência (Conanda), que considera abusiva toda a publicidade e comunicação mercadológica dirigida à criança e ao adolescente.
A divulgação dos resultados foi realizada em um Seminário em São Paulo, nas dependências da Faculdade Getúlio Vargas e contou com presença de Mauricio de Sousa e Mônica S. de Sousa, diretores da Mauricio de Sousa Produções (MSP), que solicitaram a realização da pesquisa.
O estudo, comandado por Gesner de Oliveira, economista e ex-presidente do Cade, utiliza a Mauricio de Sousa como base no setor de produção de conteúdo infantil para evidenciar os impactos econômicos das restrições à publicidade e ao licenciamento de marcas infantis.
A referência de estrutura produtiva da economia brasileira é de 2009 e considera a redução da demanda de 13 setores da economia que possuem produtos licenciados pela Mauricio de Sousa Produções.
Após a identificação da cadeia produtiva da Maurício de Sousa, a GO fez uma simulação da redução de R$ 100 milhões na produção de cada um dos setores afetados.
A soma representaria um choque negativo de R$ 1,3 bilhão na produção, o que resultaria em uma retração de mais de 5,3 bilhões no valor anual de produção da economia brasileira.
O choque ainda provocaria uma perda de 103 mil vagas de trabalho e quase R$ 900 milhões em salários. E o governo perderia uma receita de R$ 457,4 milhões em tributos.
Mercado de licenciamento pode perder metade da força
O estudo fez outra simulação em cinco setores da economia afetados pela restrição à publicidade sobre as quais existem informações públicas sobre os royalties pagos pelo licenciamento de marcas infantis: brinquedos, produção agrícola, alimentos, higiene e limpeza e comércio.
Neste caso, considerou-se um choque de 50% no faturamento, ou seja, de uma redução da receita dos setores à metade com as restrições à publicidade.
Brinquedos
Faturamento de licenciados em 2013: R$ 2,015 bilhões
Choque negativo de 50% no faturamento
Retração: R$ 4,8 bilhões*
Redução de empregos: 94,7 mil vagas
Salários perdidos: R$ 824,1 milhões
Valor perdido em arrecadação para o governo: R$ 460 milhões
Produtos agrícolas
Faturamento de licenciados em 2013: R$ 33,37 milhões
Choque negativo de 50% no faturamento
Retração: R$ 42,7 milhões*
Redução de empregos: 1,5 mil vagas
Salários perdidos: R$ 6,4 milhões
Valor perdido em arrecadação para o governo: R$ 2,8 milhões
Alimentos
Faturamento de licenciados em 2013: R$ 76,78 milhões
Choque negativo de 50% no faturamento
Retração: R$ 155,3 milhões*
Redução de empregos: 3 mil vagas
Salários perdidos: R$ 22,6 milhões
Valor perdido em arrecadação para o governo: R$ 14 milhões
Higiene e Limpeza
Faturamento de licenciados em 2013: R$ 1,67 bilhão
Choque negativo de 30% no faturamento
Retração: R$ 2,6 bilhões*
Redução de empregos: 44 mil vagas
Salários perdidos: R$ 424,6 milhões
Valor perdido em arrecadação para o governo: R$ 285,2 milhões
Comércio
Faturamento de licenciados em 2013: R$ 4,55 bilhões
Choque negativo de 30% no faturamento
Retração: R$ 25,7 bilhões*
Redução de empregos: 585 mil vagas
Salários perdidos: R$ 5,1 bilhões
Valor perdido em arrecadação para o governo: R$ 1,46 bilhão
*O cálculo da retração é o efeito multiplicador do setor em questão, englobando impactos diretos (no próprio setor), indiretos (nos demais setores da economia) e efeito-renda.