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Avanço da mulher no mercado de trabalho atrai seguradoras

Serviços exclusivos para o público feminino, como descontos em tratamentos de beleza, são as principais iscas das apólices

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h54.

O avanço da mulher no mercado tornou a trabalhadora brasileira alvo de grandes investidas comerciais. Em 2002, a montadora Renault lançou o Clio Sedan O Boticário, em parceria com a fabricante de cosméticos. A Montblanc, fabricante de acessórios de luxo voltados para os homens, está investindo 1 milhão de reais para divulgar produtos desenvolvidos somente para elas, como bolsas, óculos e relógios. Até as seguradoras decidiram apostar nessa maquiagem dos produtos e criaram apólices específicas para mulheres. Somente neste ano, seis grandes companhias lançaram produtos para este mercado - Unibanco AIG, Itaú, Banco do Brasil, Porto Seguro, Bradesco e Santander Banespa (clique aqui e leia reportagem da revista EXAME sobre as ambições da mulher no mercado de trabalho).

"A atenção ao mercado feminino faz parte de nossa estratégia de buscar a sofisticação de nossos produtos e disputar nichos específicos", afirma o diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, Marco Antonio Rossi. Já o vice-presidente de seguros do Santander Banespa, Marcelo Teixeira, assinala o amadurecimento do mercado. "Por isso, os consumidores ficam mais abertos a produtos de nicho, como o seguro para mulher", diz.

Neste caso, as seguradoras estão olhando para um público que ganha peso nas estatísticas oficiais. É certo que ainda há grandes diferenças entre a situação de homens e mulheres no mercado de trabalho (elas ganham, em média, 73,5% do salário de um homem no mesmo cargo, segundo o Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), mas há progressos também.

A proporção de mulheres casadas que trabalham fora cresceu de 28,4%, em 1991, para 37,7%, em 2000, conforme o IBGE. O número de mulheres casadas que sustentam a família passou de 5% para 15% na mesma comparação. Elas ocupam 12,43% dos cargos de direção nas empresas brasileiras, conforme pesquisa da consultoria Deloitte. E a Fundação Carlos Chagas assinala que as mulheres estão mais escolarizadas que os homens: em 2002, 31% delas possuíam nove ou mais anos de estudos, contra 28% dos homens. Elas também representavam, naquele ano, 54% das matrículas do ensino médio e 56% das matrículas do ensino superior.

Renda e família

Essas características ajudaram as seguradoras a desenharem seus produtos para as mulheres. Os requisitos para conquistar este mercado são: oferecer serviços para a mulher, para sua casa e para sua família. "A mulher quer algo que cuide dela em vida", afirma a superintendente de produtos do Unibanco AIG, Aline Coropos.

O Unibanco AIG, por exemplo, lançou seu seguro de vida para mulher em 1998, ano em que a seguradora brasileira se uniu à americana AIG. Focado apenas no tratamento de doenças críticas, como o câncer, o produto era uma "tropicalização" de modelos estrangeiros. Em março deste ano, a companhia relançou o produto, agora com mais benefícios: agendamento de massagem em clínicas especializadas, descontos de 30% em tratamentos estéticos, entre outros. "É um investimento na qualidade de vida das seguradas", diz Aline. O resultado é que a média de venda de apólices está 160% superior à do ano passado, mas a empresa não fornece os números.

Rossi, do Bradesco, concorda. "Nossa surpresa é que a mulher não está preocupada apenas com os filhos, mas busca também sua própria qualidade de vida", afirma. Lançado em março, o produto do Bradesco já vendeu 30 mil apólices, e a meta é chegar a 100 mil até dezembro. Segundo Rossi, não há registro de canibalização de produtos, isto é, mulheres que tinham um certo tipo de seguro de vida e agora o trocaram pelo novo. "Geralmente, as que já tinham algum seguro não se desfazem dele, mas contratam esse também", diz.

Em geral, as clientes têm idade acima de 30 anos, exercem algum tipo de atividade, e a grande maioria possui fonte de renda própria. Os seguros, porém, não são voltados unicamente para mulheres de alta renda. É possível encontrar apólices com custos a partir de 15 reais mensais. "Temos seguradas de todas as classes", afirma a superintendente de produtos do Santander Banespa, Diana Bueno. Em seu banco, 48% dos correntistas são mulheres, e o objetivo é atingir um nível médio de vendas de 10 mil seguros por mês.

Nos próximos meses, outras seguradoras se preparam para explorar este mercado. A Mapfre Seguros, por exemplo, planeja lançar seu produto em breve. Um sinal de que a presença - e o poder de consumo - das mulheres continuará em expansão.

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