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As previsões e conselhos de Scott Galloway para o Brasil

Scott Galloway é professor na NYU e na sua própria escola, a Section4, empreendedor, palestrante, conselheiro e autor de best-sellers

 (Divulgação/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2022 às 14h43.

Última atualização em 13 de abril de 2022 às 15h01.

*Por Beatriz Guarezi

“Planos não valem nada, mas planejar é tudo”.

Foi com essa frase que Scott Galloway abriu sua palestra em São Paulo, no evento VTEX Day. Antes de apresentar as suas principais previsões para 2022, ele destacou que previsões não valem nada, mas o exercício de prever é essencial para entender o momento presente e fazer as perguntas necessárias sobre o futuro.

E se tem algo que ele é conhecido por fazer, é questionar. Scott Galloway é professor na NYU e na sua própria escola, a Section4, empreendedor, palestrante, conselheiro e autor de best-sellers como “Os Quatro: Apple, Amazon, Facebook e Google” e “Depois do Corona: Da Crise à Oportunidade”.

Tudo isso sem rodeios e com uma visão crítica à glamourização das Big Tech e ao potencial impacto negativo desses negócios na sociedade, que o tornaram uma das pessoas mais influentes no universo da tecnologia.

Para o Brasil, ele trouxe suas críticas habituais a figuras como Elon Musk e Mark Zuckerberg, além de uma série de previsões para 2022 que já tinham sido apresentadas em eventos como o SXSW.

O que tornou essa palestra única foi o claro esforço de Scott para aproximar o conteúdo do contexto brasileiro. Tanto através de complementos às suas previsões originais, quanto com uma série de dados e uma lista de previsões para o Brasil.

Das suas previsões já conhecidas, destacam-se:

A crescente relevância de NFTs e criptomoedas

Scott Galloway aposta no surgimento de uma “luxecoin”, ou seja, uma criptomoeda baseada na escassez de uma marca de luxo. Seria, por exemplo, uma “Chanel-coin”, em que apenas dez mil unidades seriam disponibilizadas para um grupo seleto de pessoas, que teria acesso exclusivo à marca.

Nesse ponto, ele elaborou a frequência cada vez maior com que pessoas têm investido seu dinheiro real em bens virtuais. Isso se dá porque valor é o resultado de escassez e sinalização - ou seja, o que compramos sinaliza para outras pessoas o que queremos ser: mais atraentes, mais inteligentes, mais ricos, enfim.

E, cada vez mais, a necessidade de sinalização vai passar pelo mundo virtual, não somente pelo mundo real. É nesse cenário que um NFT pode ter tanto valor quanto um Rolex ou uma bolsa da Hermés.

Aqui, ele destacou a receptividade do público brasileiro à criptomoedas com dois dados:

O Mercado Bitcoin tem 3x mais clientes do que há brasileiros investindo em ações e, numa pesquisa que questionou se os respondentes concordavam com a afirmação: “Criptomoedas são o futuro do dinheiro”, 66% dos brasileiros disseram que sim. Isso colocou o Brasil em primeiro no ranking das respostas, na frente de países como Estados Unidos (com 23%) e México (com 55%), por exemplo.

Segundo Scott, isso é reflexo de uma falta de confiança generalizada nas instituições, e da oscilação de valor da nossa moeda, que faz com que as pessoas vejam no universo cripto maior estabilidade e segurança para seus investimentos.

A palavra do ano: SuperApp

Quando o assunto é tecnologia, Scott Galloway tratou com ceticismo grandes apostas como “metaverso” (pelo menos da forma como foi apresentado por Mark Zuckerberg) e “web3”.

A tendência mais iminente nesse sentido, segundo ele, é a proliferação de SuperApps.

Isso vem da observação da crescente relevância do WeChat no mercado chinês, das recentes apostas da Uber em transportar mais “coisas” do que passageiros e da previsão de que Twitter e Pinterest estão no momento ideal para serem adquiridas por outra Big Tech.

Ao trazer esse olhar para a América Latina, Scott fez uma breve análise sobre a Rappi e arriscou que eles estão na melhor posição para ocupar esse lugar na região, dada sua variedade de serviços incorporados ao app e agilidade na entrega.

“Uma tempestade perfeita.. de coisas boas”

Ao se voltar para o Brasil, ele trouxe fatos e dados para falar sobre uma população jovem, que ainda tem espaço para crescer em termos de uso da internet, de compras online e de serviços bancários, o que representa inúmeras oportunidades para inovações nesses segmentos.

Comparando com o mercado americano, ele destacou o crescimento em número de IPOs por empresas brasileiras nos últimos anos e o potencial do nosso mercado de ações.

Em resumo, suas previsões para o Brasil se definem em “uma tempestade perfeita.. de coisas boas”.

Isso porque uma economia com base em commodities irá se beneficiar da alta nos preços, as oportunidades no universo digital vão seguir potencializando investimentos em startups e, de forma geral, “o dinheiro (americano) que costumava olhar para leste e oeste está começando a olhar para o sul”.

Por outro lado, Scott chamou atenção para a crescente desigualdade social que, se não for levada a sério, tende a acentuar a crise mesmo em meio ao clima de otimismo.

Segundo Scott, o Brasil precisa aprender com os erros dos Estados Unidos e “não confundir prosperidade com progresso”.

E se nos negócios e no cenário macroeconômico, estar atento às pessoas e ao seu bem-estar precisa ser uma prioridade, isso também se aplica a nível individual.

Ao final da palestra, “a grande oportunidade do pós-pandemia” apresentada não foi uma grande inovação tecnológica ou um investimento específico, e sim o reparo e cultivo dos nossos relacionamentos mais significativos.

Ou seja, para além de mercados, tendências, tecnologia e oportunidades, a mensagem final de Scott Galloway é a importância de olharmos com atenção uns para os outros.

*Beatriz Guarezi é gerente de marca, criadora de conteúdo, professora e palestrante. Habita o universo das marcas desde 2013, através de estratégia, pesquisa, conteúdo e palestras. Em 2018 criou a newsletter semanal Bits to Brands, onde compartilha conteúdo, mapeia tendências e fortalece uma comunidade de mais de 16 mil profissionais. Saiba mais em bitstobrands.com

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